capítulo três

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Estávamos no ônibus indo em direção a São José dos Campos para o primeiro jogo do campeonato. Eu me sentia tão deslocada do time, todas nervosas, ansiosas, alegres, e eu apática.

- Eu estou preocupada com você - disse Jéssica, uma das levantadoras do time.

- Não precisa - respondi forçando um sorriso. Tudo aconteceu há três dias, estava doendo demais. Eu o amava e descobrir que ele tinha outro relacionamento, acabou comigo.

- Vamo, se anima - Gabi estava em pé na poltrona de trás, segurou meu rosto e esfregou. Bagunçou meu cabelo. Ela sabia que eu odiava isso.

- GABRIELA - gritei e ela deu risada.  Pegou a bola e jogou na minha direção, dei um corte que foi direto no rosto da Roberta.

- PAREM VOCÊS DUAS - ela gritou. Olhei pra Gabi e começamos a gargalhar.

Chegamos lá eu estava mais leve, um pouco mais focada, assim que nos arrumamos fomos fazer o aquecimento. Resende, nosso técnico, já ficou com a prancheta observando. Gabi atacou uma bola em mim que meu braço ficou latejando. Ela era simplesmente foda. Logo o time adversário chegou na quadra e o técnico nos chamou para alinhar sobre o jogo, e deixar o outro time aquecer. As arquibancadas começaram a encher, e eu sempre fico ansiosa.

- Ei - Gabi me puxou para um canto mais afastado. - tá tudo bem? -

- Sim, está -

- Eu confio em você, você é a melhor libero, vamos ganhar tá!? - ela segurou meu rosto com as duas mãos e seu olhar era fixo.

Começamos bem a partida, com quatro pontos na frente e conseguimos manter até o décimo quinto ponto. Depois começou a desandar um pouco. O time adversário estava com o ataque bem agressivo. Consegui salvar muitas bolas, mas outras estouravam e acabavam indo pra outra direção. O outro time abriu vantagem de um ponto contra nós, na pausa o técnico fez algumas trocas, e se eu não melhorasse meu desempenho, iria para o banco. Tomei goles rápidos de gatorade e já voltamos para a quadra para iniciar o segundo set. Em alguns momentos, consegui fazer ataques, não finalizaram ponto, mas salvaram de não passar de graça a bola. O jogo estava muito bom, demorava para marcar o ponto, e em uma dessas. Consegui pegar uma bola para fazer o levantamento de costas e acabei me desequilibrando e batendo a nuca com muita força no mastro da rede. Escutei um chiado agudo e a vista embaçar. Doía tanto, mas tanto que não escutava mais nada. Abri os olhos novamente, me contorcendo no chão e vi a Gabi com um semblante bem preocupado, ela falava algo mas eu não entendia.

-

Assim que abri meus olhos, senti meu pescoço imobilizado, e fortes dores na região. Tinha flores do meu lado.

- Ela acordou - escutei a voz de Gabriela e alguns enfermeiros entraram no quarto.

- Oi, s/n - olhava o formulário para conferir meu nome. - sou médico Rafael que te atendeu quando chegou, você chegou desacordada, teve uma lesão na cervical e abriu um pouco acima, levou três pontinhos -

- Lesão? - me assustei.

- Sim, mas nada pra se alarmar, foi uma lesão leve, porém terá que fica com o pescoço imobilizado por quatro semanas e sem exercícios de alto impacto por oito semanas -

- DOIS MESES? Mas a competição começou agora -

- S/n, você tem que se preocupar com a sua recuperação agora - falou Gabi.

- Sim, é uma lesão leve mas se não for tratada pode piorar, a enfermeira passará daqui a pouco para aplicar as medicações, acho que por agora é isso - disse o médico e se retirou.

- Sério? - olhei pra Gabi chateada.

- Você me deu um susto, na verdade em todos nós, como você se cortou, a quadra ficou cheia de sangue, tiverem que pausar o jogo por vinte minutos -

- Ganhamos? - perguntei.

- Não - respondeu. - as flores são de todas e do Resende, ele já entrou em contato com a sua família também pra avisar da lesão -

- O campeonato dura três meses e vou ficar dois meses fora... Aí - resmunguei de dor.

- Aí ó, tá vendo!? Não consegue nem se mexer direito e ta reclamando - Gabi franziu a testa.

- E o Resende? -

- Ele estava aqui até agora pouco, falei pra que ele fosse sem se preocupar, inclusive tenho que mandar mensagem pra ele avisando que você acordou - ela foi mexer no celular mas acabei pegando sua mão e fazendo carinho.

- Obrigada tá!? - dei um sorriso leve e ela retribuiu.

Gabi e euOnde histórias criam vida. Descubra agora