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- Katherine -

O silêncio dentro do carro era quase insuportável. A estrada se estendia à nossa frente, sinuosa e deserta, como se estivesse nos levando para um destino que nem mesmo nós sabíamos. Minho estava ao volante, e eu, no banco do passageiro, olhava pela janela, tentando não me perder nos pensamentos que ameaçavam me consumir. As luzes fracas da madrugada iluminavam a paisagem lá fora, mas tudo parecia distante, quase irreal.

Eu não conseguia parar de pensar em como as coisas tinham mudado tão rápido entre nós. Antes, as discussões eram a norma, mas ao menos havia palavras, havia algo. Agora, o silêncio entre nós era um abismo que parecia impossível de atravessar.

Minho cumpriu sua promessa de fingir que nada aconteceu. Depois de tudo, ele se manteve distante, como se o que compartilhamos não passasse de um detalhe insignificante. Mas eu sabia que não era verdade, pelo menos para mim. O que quer que tenha acontecido entre nós antes, o que quer que tenhamos perdido, ainda estava ali, enterrado sob camadas de mentiras e negação.

O motor do carro ronronava baixo, e a única coisa que quebrava o silêncio era o som do asfalto sob os pneus. Minho estava concentrado na estrada, as mãos firmes no volante, mas eu podia ver a tensão no maxilar dele, a maneira como ele evitava me olhar. Havia tantas coisas que eu queria dizer, tantas perguntas que eu queria fazer, mas as palavras simplesmente não vinham.

Eu queria perguntar onde ele conseguiu as informações que nos guiavam agora, mas mais do que isso, queria perguntar o que estava acontecendo entre nós. Queria entender por que, apesar de tudo, ele continuava me afastando, mesmo quando estava claro que sentíamos algo um pelo outro. Mas havia algo no olhar dele, na forma como ele evitava falar sobre o passado, que me dizia que eu não estava pronta para ouvir as respostas.

A estrada à nossa frente parecia se estender infinitamente, as árvores se tornando borrões verdes e marrons conforme passávamos por elas. Minho estava ao meu lado, a expressão fechada enquanto mantinha os olhos na estrada. Eu tentei relaxar, deixar minha mente se perder nos pensamentos, mas algo no ar parecia denso, pesado de um jeito que eu não conseguia ignorar.

Respirei fundo, fechando os olhos por um momento. Queria apenas um segundo de paz, longe do peso que parecia me seguir como uma sombra. Mas então, a cada piscada, a paisagem ao meu redor começou a mudar. A estrada reta e monótona se distorcia, como se eu estivesse em um daqueles sonhos em que tudo se torna instável, maleável.

Abri os olhos de novo, e o volante na mão de Minho começou a se dissolver, transformando-se em um nada escuro. As árvores e o céu se desfaziam em poeira ao meu redor, deixando para trás uma sala de metal, fria e estéril, com luzes duras que castigavam meus olhos. Olhei para o lado, tentando encontrar Minho, mas ele estava ao meu lado ainda. O alívio foi rápido, mas efêmero, porque havia algo estranho naquela sala, algo perturbador no silêncio.

A simulação começou de maneira rotineira, quase confortável na familiaridade de seu desconforto. Uma coisa era certa, qualquer arranhão na simulação seria refletido em nossos corpos físicos. O mundo ao nosso redor piscou e, em segundos, o espaço ao nosso redor se transformou em uma sala de metal, fria e sem vida, com luzes brancas e duras refletindo nas superfícies metálicas. Eu estava ao lado de Minho, e nossos olhos se encontraram brevemente, uma comunicação silenciosa que compartilhávamos sempre que enfrentávamos as provações do CRUEL.

Ele me lançou aquele sorriso de canto que só ele sabia fazer, o tipo de sorriso que sugeria confiança, mas que também era uma máscara para o medo real que ambos sentíamos.

Você está pronta para isso? Ele perguntou, mas havia um toque de sarcasmo na sua voz, uma tentativa de aliviar a tensão que pairava no ar.

In My Veins | Maze Runner | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora