In My Veins | Maze Runner | Livro 1

014

- Minho -

Havia algo de inquietante naquele lugar, como se as paredes pudessem ouvir os pensamentos mais profundos. Não havia nada além do som dos meus passos, o zumbido baixo dos aparelhos antigos e a batida pesada do meu próprio coração. Eu estava procurando qualquer coisa que pudesse me dar uma pista sobre o paradeiro dos outros - Gally, Newt, Thomas. Não podia falhar com eles.

Os corredores frios e mal iluminados do complexo pareciam infinitos. Cada porta que eu abria era uma nova decepção - salas vazias, equipamentos enferrujados, nada que me ajudasse a entender o que havia acontecido com os outros. Mas eu não podia parar. Eles estavam em algum lugar, e eu precisava encontrá-los antes que fosse tarde demais.

Ao virar mais uma esquina, encontrei uma sala que parecia ter sido usada recentemente. Havia papéis espalhados por uma mesa, e um monitor quebrado ainda exibia faíscas de vida. Aproximei-me, examinando os documentos. Eram relatórios técnicos, cheios de termos específicos que só aumentavam minha frustração. Li sobre o progresso de algum experimento chamado "Protocolo Alpha" e menções a "sincronização neural", mas tudo parecia sem sentido. Eu lia e relia, tentando encontrar alguma ligação, qualquer coisa que pudesse me dar uma pista.

Minhas mãos tremiam ligeiramente ao passar as páginas, mas não era por cansaço. Era a memória do que aconteceu no dia anterior. Katherine e eu estávamos na sala de treino, a tensão entre nós quase insuportável. Eu tentei, mais uma vez, falar sobre as lembranças que estavam nos assombrando, mas ela se esquivou, desviou o assunto, como se tivesse medo do que poderia surgir se começássemos a cavar fundo demais. Esse silêncio forçado estava nos corroendo, e eu não sabia quanto tempo mais poderia aguentar.

Enquanto folheava os papéis, minha mente insistia em voltar para aquela memória. Nós dois na sala de treino, tentando nos concentrar em algo, qualquer coisa que não fosse o passado. Ela estava diferente, mais distante. Isso me irritou mais do que deveria. Por que ela estava fugindo disso? Do que ela tinha medo? Eu sabia que ela lembrava de alguma coisa, assim como eu. Ela estava lá, comigo, antes de tudo isso. Antes da Clareira.

Lembrei do beijo que compartilhamos, o último momento real entre nós antes de Katherine ir para a Clareira, sem memórias. Aquilo era o que mais me incomodava. Por que ela estava fingindo que não aconteceu? Eu preferia os dias em que brigávamos na Clareira, quando pelo menos conversávamos, ainda que fossem discussões. Agora, tudo parecia um grande vazio, uma distância que só aumentava a cada dia.

Respirei fundo e tentei focar no presente. Precisava encontrar os meninos, precisava acordar os que ficaram naquela simulação maldita. Mas a cada novo documento que examinava, a frustração só aumentava. Nada sobre Gally, Newt ou Thomas. Nenhuma menção à Clareira ou ao que realmente estava acontecendo ali. Só códigos criptografados e referências vagas a experimentos.

Levantei os olhos do papel e encarei a porta do outro lado da sala. Lá fora, em algum lugar, Katherine estava fazendo o mesmo que eu - procurando por pistas, evitando qualquer tipo de conversa que nos forçasse a encarar o que realmente estava acontecendo entre nós. Ela podia estar pensando que estava me protegendo ao evitar o assunto, mas só estava me deixando mais perdido. E isso me fazia questionar tudo.

Eu não sabia mais como agir perto dela. O que costumava ser tão simples se tornara complicado. Sentia um nó no estômago sempre que pensava em como as coisas haviam mudado entre nós. Ela estava me afastando, e eu não sabia por quê. Isso me frustrava. Por que não podíamos simplesmente falar sobre o que estava acontecendo?

O monitor na sala deu um estalo, tirando-me dos meus pensamentos. A tela piscava com palavras que eu mal conseguia ler. Aproximei-me, tentando entender o que estava sendo exibido. Era um relatório de status de várias simulações, listando os nomes dos participantes. Meus olhos correram pela lista, procurando por qualquer nome que eu reconhecesse.