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- Katherine -

A água morna escorria pelo meu corpo, levando consigo a sujeira e o cansaço acumulados dos últimos dias. Por um breve momento, permiti-me relaxar, fechando os olhos e deixando que o calor amenizasse a tensão nos meus músculos. Mas, assim que desliguei o chuveiro, senti o frio do ar novamente me envolvendo, um contraste brusco que me trouxe de volta à realidade.

Peguei a toalha e comecei a me secar lentamente, ainda absorvendo o peso das memórias que não faziam sentido. Quando terminei, me aproximei do espelho, deixando a toalha cair em volta do meu corpo. Meus olhos percorreram a imagem refletida - as cicatrizes, marcas pálidas e escuras contra a pele, vestígios de lutas que eu não conseguia recordar. Cada uma delas contava uma história, mas nenhuma delas fazia sentido para mim. Como eu havia conseguido aquelas cicatrizes? Por que elas estavam ali, gravadas na minha pele como lembretes de algo que minha mente se recusava a trazer à tona?

Passei os dedos por uma cicatriz longa que descia pela lateral do meu abdômen, sentindo a pele áspera sob a ponta dos meus dedos. A textura era estranha, como se estivesse ali há muito tempo. Eu queria lembrar, precisava lembrar... Mas era como tentar agarrar a fumaça. As lembranças estavam sempre fora de alcance, tão distantes quanto as respostas que eu buscava.

— De onde vocês vieram? — Murmurei, como se as cicatrizes pudessem me responder.

Aquela linha branca e fina ao longo do abdômen... Parecia antiga, mas o que eu tinha feito para merecê-la? Lutei contra um monstro? Cai de um penhasco? Ou talvez tenha sido algo mais mundano, tipo uma briga por uma fatia de pizza?

Suspirei, sabendo que não conseguiria arrancar respostas do espelho.

Vesti-me rapidamente, afastando os pensamentos que insistiam em se enroscar na minha mente. Não tinha tempo para me perder em suposições. Havia coisas mais urgentes a fazer do que tentar lembrar como ganhei um catálogo de cicatrizes digno de uma série de ação. Eu precisava encontrar algo que pudesse nos tirar dessa situação, e com sorte, também encontrar os outros - Newt, Gally... e Talvez até Thomas.

Saí do quarto e comecei a caminhar pelos corredores mal iluminados do complexo. As cicatrizes ainda me incomodavam, um lembrete constante de que havia muito que eu não sabia sobre mim mesma. E havia Minho... O nome dele sempre vinha à tona, junto com uma onda de confusão e culpa. Nós não falávamos há dois dias, desde que eu menti sobre as minhas lembranças. Eu sabia que ele estava magoado, mas como poderia contar a verdade? Como poderia explicar o que havia acontecido entre nós antes da Clareira, quando eu mesma não conseguia entender o que era real e o que era fruto de minha imaginação?

— Ah, sim, Minho, sobre aquele beijo... Eu meio que lembro, mas também meio que não lembro. E, por favor, não me pergunte por que eu agi como uma completa idiota desde então. — Sim, isso soava exatamente como o tipo de conversa que eu queria ter.

O barulho de passos vacilantes interrompeu meus pensamentos, fazendo-me parar abruptamente. A princípio, pensei que estava sozinha, mas então vi uma figura cambaleante se aproximando. Meus olhos se arregalaram quando percebi quem era. Minho. Meu coração quase parou. Ele vinha na minha direção, mas havia algo terrivelmente errado. Ele estava mancando, e a camisa ensopada de sangue me disse tudo o que eu precisava saber.

— Minho! — Corri até ele, tentando não deixar o pânico transparecer na minha voz. — O que aconteceu? Como você se machucou assim?

Ele tentou me dar um sorriso, mas foi mais uma careta de dor.

— Foi só uma queda, nada sério.

— Queda, é? — Arqueei uma sobrancelha, tentando manter o tom leve para mascarar minha preocupação. — Uma queda de onde? Do topo de um arranha-céu?

In My Veins | Maze Runner | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora