Maomao podia senti-los sendo levados pela maré.
Ugh, esse balanço...
Ela se apoiou em uma pilastra, de alguma forma conseguindo lutar contra uma onda de náusea. Ela devia estar no porão do navio, porque estava cercada por carga. O lugar inteiro cheirava à umidade e mofo.
"Me pergunto pra onde estamos indo." Shisui disse sem soar excessivamente preocupada.
"Seu palpite é tão bom quanto o meu."
Elas não estavam imobilizadas, mas Suirei, ainda em suas vestes masculinas, estava de guarda do lado de fora. Maomao e Shisui não estavam mais vestidas como mulheres do palácio, mas em roupas simples como qualquer garota da aldeia usaria. Suirei havia se antecipado a quaisquer perguntas dos marinheiros do navio, explicando que as duas jovens seriam vendidas. Posar de gigolô era certamente o disfarce mais crível para ela. Uma boa desculpa para prendê-las no porão e impedir que alguém fizesse perguntas.
Elas estavam em um navio. Isso significava que não estavam no palácio interno. Elas estavam do lado de fora.
Ainda na clínica, Maomao decidiu aceitar as condições de Suirei. Ela estava sozinha e indefesa, e se tivesse escolhido resistir, a outra mulher provavelmente a teria silenciado permanentemente. (Em outras palavras, ela certamente não foi meramente atraída pensando na droga da ressurreição, muito obrigada.) Assim, Maomao permitiu que Suirei a sequestrasse. Os eunucos estavam ocupados demais com o trabalho para notá-la — e, de qualquer forma, uma mulher do palácio andando por aí não era nada incomum.
Suirei a levou para um lugar não muito longe do muro onde mais tarde a gatinha seria encontrada por Luomen e os demais. Maomao finalmente começou a respirar um pouco melhor e Shenlü ficou de guarda enquanto Suirei arrombava algo no santuário. Foi durante esse breve momento que Maomao rabiscou sua mensagem com álcool no papel. Ela havia escondido os itens em seu manto quando saíram da clínica.
"Maomao?" Shisui perguntou, fazendo com que ela bagunçasse o segundo caractere e o deixasse difícil de ler no papel. Ela estava apenas passando mais álcool no dedo, esperando reescrever a mensagem, quando Suirei se virou. Maomao rapidamente enfiou o papel no nó de uma árvore próxima, pressionando a erva-de-gato em cima dele para mantê-lo lá.
Eu realmente espero que meu pai perceba essa pista. Ela pensou. Se alguma coisa que ela fizesse chamasse sua atenção, ele não pararia até descobrir o resto. Era assim que ele era. Infelizmente, a única pessoa que viu Maomao pegar a erva-de-gato foi o médico charlatão, então ela não estava muito confiante sobre como as coisas iriam se desenrolar. Não era culpa do charlatão; ele era o que era. Mas isso não lhe trouxe nenhum conforto.
Abaixo do santuário havia um buraco grande o suficiente para uma pessoa entrar. Ao menos agora ela finalmente sabia como a gatinha tinha entrado no palácio interno. Parecia um sombrio conduto de água abandonado, apesar de ser um pouco grande demais. Maomao especulou que quem quer que tenha construído o sistema de água subterrâneo tenha também construído algumas rotas de fuga para emergências. Elas passaram pelo túnel e chegaram ao lado de fora do palácio interno, onde uma carruagem já as esperava e, assim, foram levadas diretamente para o porto. Então, elas partiram para o mar e agora Maomao estava balançando em direção à sabe-se lá aonde.
Não faço ideia do que vai acontecer conosco... Maomao, imaginando o que deveria fazer, olhou para Shisui. Será que ela conseguiria alguma maneira de ambas escaparem juntas? Duvido. Ela pensou, e puxou um pano de vela náutica que estava por perto. Ele estava empoeirado e duro, mas ela poderia enrolá-lo para fazer um travesseiro aceitável. Mas parecia provável que tivesse carrapatos, então ela deu umas boas batidas; em parte só para se sentir melhor. Quando lhe deram suas roupas novas, confiscaram todo o seu álcool. A única coisa que lhe restava era sua presilha, que ainda estava em seu cabelo.
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Diários de uma Apotecária (Kusuriya no Hitorigoto) Light Novel 4
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