Vestígios

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"Maomao ainda não voltou."

Esse era o tema da carta que chegara para Jinshi na noite anterior. Ela havia sido redigida de forma mais elaborada do que isso (a formalidade exigia isso), mas havia uma urgência inconfundível na caligrafia. Ele presumiu que a escritora fosse a principal dama de companhia do Pavilhão de Jade, o que significava que ela devia estar realmente esgotada. Essa era a mulher que sua própria babá, Suiren, havia elogiado como "altamente capaz" depois de sua passagem pelo Pavilhão de Jade, quando Jinshi levou Maomao de volta para trabalhar para ele por um tempo.

Para ser perfeitamente honesto, Jinshi achava que a garota ficaria bem sozinha por uma noite. Ela saía de vez em quando — ele mesmo havia testemunhado isso mais de uma vez —, mas ela geralmente voltava pela manhã. Foi por isso que ele achou tudo aquilo surpreendente. Quando ele chegou ao Pavilhão de Jade, as damas de companhia que serviam há mais tempo o observaram apreensivas. Elas estavam cumprindo os deveres, mas pareciam distraídas. As meninas mais novas, no entanto, estavam trabalhando arduamente. Ele entrou na sala de estar para encontrar a Consorte Gyokuyou reclinada em um sofá generoso. A Princesa Lingli estava brincando em outra sala. A dama de companhia, Hongniang, estava lá, com o rosto sério. Gyokuyou segurava um leque dobrável na frente da boca e parecia estar agindo como de costume.

"Você parece bem, milady." Jinshi disse.

"Quase nada." Gyokuyou respondeu, deixando claro que não iria perder tempo com formalidades. Evidentemente, ela estava menos tranquila sobre a situação do que parecia. "Achei que você tivesse fugido com ela de novo, mas parece que pelo menos em relação a isso eu estava errada."

"Honestamente, milady, eu já fiz algo tão rude?" A verdade era que Jinshi compartilhava da inquietação dela.

"Eu me pergunto se novamente ela foi meter o nariz em algo obscuro." Gyokuyou disse.

"Vocês sabem o que ela estava fazendo?"

"Sim, até o meio-dia de anteontem." Hongniang interrompeu. Ela explicou que Maomao tinha ido ao consultório médico para preparar a artemísia para a moxabustão. Luomen havia explicado sobre sua lista de provisões relacionadas à saúde para ser implementada no palácio interno e disse que Maomao tinha concordado muito com a ideia.

"Talvez ela tenha ido ao instituto para estudos práticos." Foi o que Sir Luomen dissera, e o velho eunuco que dirigia o lugar confirmou que Maomao de fato estivera lá. Mas depois disso, foi como se ela tivesse desaparecido.

Ela foi buscar a artemísia e então foi para a escola. Para onde ela foi depois disso?

"Só posso pensar que ela estava envolvida em alguma coisa." Hongniang disse. Ela parecia calma o suficiente, mas havia um toque de angústia em seus trejeitos e um desejo evidente de defender Maomao. "Verifiquei os lugares mais suspeitos, mas não havia nada." E Hongniang era, afinal, a criada de Gyokuyou. Ela não podia fazer uma comoção sozinha. Ela tinha que confiar em Jinshi.

Jinshi cruzou os braços e resmungou. Era difícil imaginar algo que fizesse Maomao desaparecer por vontade própria. Ela podia ser impolida às vezes, mas entendia seu lugar. Por outro lado, ela costumava subestimar seu próprio valor, mas certamente sabia que simplesmente abandonar sua senhora sem permissão lhe traria punição. Havia alguma circunstância específica impedindo-a de voltar para casa ou então ela simplesmente estava incapaz de retornar. Era a pior coisa que ele conseguia pensar.

"Você acha que alguém tinha algum tipo de rancor contra ela?" Gyokuyou perguntou. Com mais de duas mil mulheres e mil eunucos no palácio intrno, era provável que houvesse uma ou duas pessoas com quem uma pessoa não se dava bem, e às vezes tais diferenças poderiam concebivelmente se transformar em danos reais.

Diários de uma Apotecária (Kusuriya no Hitorigoto) Light Novel 4Onde histórias criam vida. Descubra agora