Seki-u pareceu muito chateada quando percebeu que aquela jovem reservada era uma das consortes superiores. Mas uma vez que Maomao ouviu a história, seria impossível impedi-la de se envolver naquilo. E foi assim que na noite seguinte Hongniang lhe disse: "O Mestre Jinshi está perguntando por você." Maomao havia terminado de testar a comida. Ela, que estava tomando seu congee, rapidamente limpou sua tigela. Seki-u, que estava comendo com ela, franziu a testa, mas não chegou a dizer nada.
No dia anterior, na casa de banhos, Maomao sugeriu que a Consorte Lishu consultasse Jinshi sobre o fantasma. Maomao não podia aconselhá-la sobre o assunto diretamente, até porque o olhar no rosto de Seki-u lhe dizia que ela nunca permitiria isso. Mas Maomao sabia que se Lishu perguntasse à Jinshi, havia uma boa chance de que o assunto fosse encaminhado a ela. E agora parecia que ela estava certa...
Eu não pensei em todas as implicações disso.
Maomao sentiu um arrepio percorrer seu corpo enquanto era conduzida para a sala de estar. Gyokuyou estava lá junto com Hongniang, assim como Jinshi e Gaoshun. Jinshi exibia seu sorriso celestial de sempre, mas ela pensou ter visto sua boca se contraindo. Tudo o que conseguia pensar era: Droga.
Há não muito tempo atrás, durante uma expedição de caça com Jinshi, Maomao descobriu um segredo terrível. Todo homem no palácio interno, exceto o Imperador, deveria ser um eunuco — mas ela descobriu que um deles não era. Ou seja, o próprio Jinshi. Digamos simplesmente que ele possuía um exemplar muito bom. Maomao não estava interessada em lembrar nada mais além disso.
Maomao finalmente conseguiu seus bezoares bovinos, e ficaria satisfeita em fingir que nada mais havia acontecido, mas Jinshi parecia ter outros planos. Esta era a primeira vez que eles se viam de verdade desde a viagem mas, enquanto os lábios dele sorriam, seus olhos não.
"Hihihi. E que tipo de pedido o traz aqui hoje?" A Consorte Gyokuyou perguntou sorrindo. Sua curiosidade natural a fez querer meter o nariz em todos os vários assuntos que Jinshi trouxe para Maomao. Contudo, este caso em particular tinha a ver com a Consorte Lishu. Como Jinshi abordaria o assunto?
"Parece que um fantasma apareceu nos aposentos de uma outra consorte."
"Oh céus!" A ruiva exclamou, apesar de seus olhos estarem brilhando. Ao lado dela, Hongniang pressionava uma mão na testa como se dissesse: De novo?
Maomao não pôde deixar de notar que Jinshi tinha ido direto ao ponto. Ela gostou que ele não tenha ficado enrolado, mas Gyokuyou era perspicaz o suficiente para certamente descobrir sobre quem ele estava falando.
"Que horror. Qual consorte? Preciso visitá-la para ter certeza de que ela está bem."
"Lady Gyokuyou, você não pode sair no seu estado."
"Ah, não? Então talvez eu possa enviar alguém em meu nome. Você e Maomao podem ir juntos. Ou se você estiver ocupado, talvez eu possa enviar Yinghua com ela."
"Ter certeza de que ela estava bem" era provavelmente a última coisa na mente de Gyokuyou; ela só queria os detalhes suculentos. Não havia motivo para esconder a identidade de Lishu agora; a verdade viria à tona assim que Seki-u abrisse a boca. Jinshi com certeza sabia disso, mas talvez por algum desejo de se vingar de Gyokuyou, ele respondeu:
"Consorte Gyokuyou, isso é uma questão de extremo sigilo, então devo pedir que você não faça uma visita a ela ou envie ninguém. Sendo esse o caso, você poderia devolvê-la para mim novamente?"
"Eu posso emprestá-la para você."
O objeto de todo esse retorno e empréstimo era, claro, Maomao. Ela, Gaoshun e Hongniang suspiraram ao mesmo tempo: eles iriam assistir a mesma ladainha da última vez?
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Diários de uma Apotecária (Kusuriya no Hitorigoto) Light Novel 4
Roman d'amourTradução da LN4. Leiam o comentário após o prólogo ;)