Diários de uma Apotecária (Kusuriya no Hitorigoto) Light Novel 4

Nas Garras da Raposa

Quando Maomao abriu os olhos, ela encontrou um nobre adorável à sua frente. Por algum motivo, ele estava se inclinando sobre ela e tocando a gola de sua roupa. Ela encarou Jinshi com antipatia, fazendo-o exclamar: "B-Bem, eu—", tropeçando em suas palavras e acenando com as mãos como se para protestar sua inocência. Normalmente, ela poderia ter segurado o olhar de desdém um pouco mais, mas não pode deixar de notar um curativo em seu rosto.

"Mestre Jinshi, o que é isso?" Ela perguntou, endireitando a própria gola.

"Não é nada. Um arranhão." Ele tentou esconder com a mão. Maomao parecia irritada.

"Deixe-me ver."

"Não vale a pena mostrar a você."

Isso, é claro, só deixou Maomao mais interessada. Ela se inclinou em direção a Jinshi tão rápido que ele instintivamente recuou um pouco.

Quando ela finalmente o colocou de costas contra a parede, Maomao estendeu a mão lentamente. Por um momento, ela não disse nada.

Aquele rosto que parecia uma joia perfeita agora tinha um ferimento, unido com pontos, correndo diagonalmente pela bochecha direita. Era mais do que apenas um arranhão superficial; algo havia rasgado a carne. Os pontos estavam desiguais, seria melhor se fossem refeitos o mais rápido possível. Maomao gostaria de ter feito isso ela mesma, ali mesmo, mas suas mãos tremiam de imensa fadiga.

"O senhor estava lutando." Ela disse.

"Eu jamais conseguiria ficar sentado assistindo enquanto outros se colocam em perigo, né?"

"Por que não? O senhor é importante o suficiente." O aborrecimento de Maomao estava começando a transparecer em seu tom. "Eu queria que o senhor não corresse para o perigo. Se o senhor se machucar, isso só causará problemas para todos ao seu redor."

Ele coçou a cabeça e sorriu um tanto amargamente. "Sim, confesso que foi muito injusto da minha parte fazer isso com Basen. É surpreendente o quão forte Gaoshun pode ser quando quer." Ele começou a recolocar o curativo desajeitadamente, mas Maomao o pegou dele.

"Eu certamente não pretendia me machucar." Jinshi disse.

"E quem quer?"

"É só que... Alguém me fez um pedido muito incomum." Ele franziu a testa. Havia tristeza em seus olhos de obsidiana. "Você era próxima de Loulan?"

A pergunta pareceu um tanto abrupta. "Relativamente." Maomao disse.

"Vocês eram amigas?"

"Não tenho certeza."

Ela realmente não sabia dizer. Ela achava que o relacionamento delas tinha sido algo próximo de uma amizade, ou pelo menos foi o que lhe pareceu. Mas quanto ao que Loulan pensava, ela não poderia dizer. Conversar com Xiaolan e Loulan — ou melhor, Shisui — não tinha sido uma sensação tão ruim.

"Havia muitas coisas que eu não sabia sobre ela."

"O mesmo, ao que parece, era verdade para mim." A dor no rosto de Jinshi se intensificou. "E agora perdemos a chance de conhecê-la."

Maomao entendeu o que ele quis dizer. "Entendo, senhor."

Claro. Maomao sabia que seria assim, pois quando Shisui saiu daquele quarto, ela confiou algo a Maomao e então saiu sabendo que encontraria seu último destino. Tudo o que Maomao podia fazer era honrar o que lhe fora confiado.

"Mestre Jinshi, o senhor não quer descansar?"

"Sim... eu realmente estou muito cansado."

A pele dele não estava boa. Jinshi provavelmente estava em muito pior estado do que Maomao, embora ela fosse a sequestrada. Ele tinha olheiras inconfundíveis e seus lábios estavam secos e sem brilho. O óbvio seria que ele voltasse para sua própria carruagem e dormisse, mas para espanto de Maomao, ele deitou-se no tapete de pele do veículo que ela estava.