*Jade*
Faz dois meses que estou em São Paulo, e um mês que que tomei a decisão de voltar às redes sociais, e confesso que me surpreendi com a rapidez com que tudo voltou ao normal.Era como se eu nunca tivesse me afastado...
As propostas de trabalho vieram com ainda mais força do que antes, o que, de certa forma, foi um alívio. Era um sinal de que meu nome, minha marca, ainda tinham valor, mesmo depois de tanto tempo fora dos holofotes....
No entanto, junto com o retorno, vieram também as perguntas, os questionamentos, os curiosos. Todos querem saber por que fui embora e, mais ainda, por que voltei...
Mas decidi não dar explicações. Não me pronunciei sobre os motivos que me levaram a deixar tudo para trás e recomeçar em outro país, nem sobre as razões que me trouxeram de volta. Simplesmente me calei. O silêncio, para mim, é uma forma de autoproteção...
Ignorar essas perguntas parecia ser a melhor estratégia, e até agora tem funcionado. A única coisa sobre a qual me pronunciei foi sobre Maya. Sim, ela é minha filha, e não, eu não entrei em detalhes sobre quem é o pai, onde ele está, ou qualquer outra coisa relacionada a isso. Só quem conhece nossa história sabe a verdade, e por enquanto, é assim que vai continuar...
Maya, por outro lado, é uma criança curiosa e inteligente. Ela não para de perguntar quando vai conhecer o papai. Sempre que ela me olha com aqueles olhos cheios de esperança e expectativas, meu coração aperta...
Como posso explicar a ela que o pai está tão perto, mas que eu simplesmente não sei como dar esse passo? Sempre desconverso, invento uma desculpa, digo que o papai está ocupado, que um dia ele vai aparecer. Mas até quando vou conseguir manter essa farsa?...
A verdade é que Maya quer muito conhecê-lo. E eu entendo, porque, no fundo, eu também quero que ela o conheça. Mesmo com todas as nossas diferenças, com todo o passado complicado, Paulo André merece saber que tem uma filha. Mas o medo me paralisa. E se ele não quiser? Eu não conseguiria lidar com isso, e muito menos Maya...
Ela já está matriculada na escola aqui em São Paulo. Adaptação não foi um problema. Pelo contrário, ela está amando as novas professoras, os amigos, tudo. Até já disse que nunca mais quer voltar para a nossa antiga casa. Ouvir isso me trouxe uma mistura de emoções. Estou feliz por ela estar bem, por ela estar se sentindo em casa aqui, mas ao mesmo tempo, isso significa que nosso passado em Nova Iorque realmente ficou para trás...
Toda vez que Maya fala sobre o quanto gosta de São Paulo, me sinto um pouco mais dividida. Parte de mim está feliz, mas outra parte está preocupada, apreensiva. E se Paulo André nos encontrar? Ele está tão perto, tão acessível agora, e a cada postagem dele que vejo, me sinto mais tentada a procurá-lo, a confrontar o passado de uma vez por todas...
Mas sempre que essa ideia passa pela minha cabeça, algo me impede. Talvez seja o medo de reviver tudo o que passamos...
Eu olho para Maya, tão cheia de vida e entusiasmo, e me pergunto se não estou sendo egoísta. Ela merece conhecer o pai. Ela merece essa parte da vida que eu, por medo, estou tirando dela...
Mas cada vez que penso em ir até Paulo André, paraliso. Eu gostaria de ser mais corajosa, de simplesmente aparecer na frente dele e dizer: "Essa é sua filha, e ela quer te conhecer." Mas as palavras ficam presas na minha garganta, e eu continuo adiando o inevitável...
No fundo, sei que esse reencontro é inevitável. Mas enquanto esse dia não chega, vou me concentrando em outras coisas, como o trabalho e as necessidades de Maya...
Tudo parece estar indo bem, mas há uma tensão no ar que não consigo ignorar. É como se a qualquer momento tudo pudesse mudar...
*PA*
Eu vi o retorno dela. De repente, lá estava Jade, de volta ao Instagram, como se nunca tivesse saído...
Como sempre, ela voltou melhor do que antes. Jade tem essa capacidade de se reinventar, de se adaptar e de brilhar, independentemente das circunstâncias. E não vou mentir, isso mexeu comigo, não é segredo pra ninguém que ela ainda tem efeitos sobre mim....
Mas o que realmente chamou minha atenção foi a menininha que apareceu em suas postagens, que agora sei que é sua filha. Ela é linda, encantadora, e de alguma forma, familiar...
Não pude deixar de fazer as contas. Quatro, cinco anos... é exatamente o tempo que estamos separados...
Será possível? Não, não pode ser. Se a menina fosse minha filha, Jade teria me contado. Não teria?...
Mas a dúvida está lá, plantada na minha mente, crescendo a cada dia que passa. Não consigo deixar de pensar nisso. E se...? Mas sempre acabo descartando essa ideia. Não pode ser. Eu teria sabido, ela teria me dito. Então, por que essa ideia continua voltando, insistente, me perturbando?...
Ainda assim, independentemente de quem seja o pai dessa criança, eu preciso ver Jade. Preciso falar com ela, esclarecer tudo. Preciso pedir desculpas por ter sido tão fraco, por ter me deixado influenciar, por ter escolhido o caminho mais fácil ao lado de Thays...
Foi uma escolha que me custou muito, e agora, mais do que nunca, percebo que foi um erro....
Eu ainda a amo. Isso é algo que nunca mudou. E é por isso que cada vez que vejo uma postagem dela, cada vez que ela aparece na academia, em um restaurante, ou em qualquer lugar de São Paulo, eu corro para lá, na esperança de encontrá-la. Mas parece que o destino está brincando comigo, porque quando chego, ela nunca está....
Essa situação está me deixando louco. Sinto que estamos tão perto, mas ao mesmo tempo, tão distantes. É como se nossos caminhos se cruzassem, mas nunca se encontrassem realmente...
Eu a vejo nas redes sociais, tão radiante, tão forte, e tudo o que quero é estar ao lado dela, dizer a ela tudo o que estou sentindo, tudo o que guardei por esses anos...
Mas parece que cada vez que tento, algo me impede. Talvez seja o destino me dizendo que ainda não é a hora. Ou talvez, seja apenas medo. Medo de que ela não me queira mais, de que o tempo tenha destruído qualquer chance de reconciliação...
Mas vou continuar tentando. Porque se há uma coisa que eu sei com certeza, é que não vou desistir. Não desta vez. Eu preciso vê-la, preciso falar com ela, e, quem sabe, começar de novo. Porque, no fundo, eu ainda acredito que ainda existe amor...
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Eita que ele está correndo atrás dela, literalmente... Quando será que esse encontro vem???...