Cap.17 Quando vou ver o papai?

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Já faz uma semana que retornei pra São Paulo , e fotos minhas no aeroporto ainda circulam pelas redes sociais...

No Twitter há muitas perguntas como: Se eu vou voltar com minha conta no Instagram?, Por que eu voltei? , Por que eu fui embora?, e a maior de todas, Quem é a menina que está no meu colo na foto?...

Só estou observando toda essa movimentação por trás da moita, nem sei como agir diante desse caos todo...

Enfim...Nesse exato instante,estou sentada no sofá da sala, observando Maya brincar com alguns dos brinquedos que trouxe. Ela estar tão feliz, com a nossa vinda pra São Paulo, e adorando morar pertinho dos avós e do tio Léo ,tudo pra ela está sendo uma grande aventura...

Nina está na cozinha, preparando algo para levar para o pai comer...

Eu deveria estar lá, ajudando, mas estou presa em um redemoinho de pensamentos. Voltar para cá foi mais difícil do que eu imaginava. Talvez eu tenha subestimado o impacto que tudo isso teria em mim...

Maya para de brincar e vem até mim, subindo no meu colo...

Maya: Mamãe, quando vou ver o papai? , estamos em Brasil né? , eu lembro que você disse que ele mora aqui!

A pergunta, tão inocente, me atinge como um raio. Meu coração acelera, a boca fica seca. Maya nunca tinha me perguntado isso com tanta convicção. Sempre se contentava com as histórias e fotos, mas aqui, no Brasil, parece que a proximidade com a verdade está mexendo com ela também...

Respiro fundo, tentando esconder o pânico...

Jade:Sim filha estamos no Brasil, e eu...eu vou dar um jeito de você ver seu pai, Mas Por enquanto, vamos ajudar a tia Nina, tá bom? - Tento soar tranquila, mas cada palavra que sai da minha boca é uma luta. Como vou explicar que seu pai não sabe que ela existe?

Maya sorri, despreocupada, e volta a brincar como se nada tivesse acontecido. Mas a pergunta dela continua ecoando na minha cabeça. Estou no Brasil há apenas alguns dias, e já sinto o peso do que essa decisão significa. Como vou lidar com isso?...

A verdade é que não sei como estou lidando com tudo isso. Estou de volta à cidade onde Paulo e eu vivemos momentos o incríveis ,onde nos apaixonamos e onde tudo desmoronou. Estou tão perto dele, mas ao mesmo tempo tão distante. Ele não sabe que Maya existe, e só de pensar em como ele pode reagir, sinto um nó no estômago...

Nina aparece na sala com um sorriso gentil, me chamando para ajudá-la na cozinha. Levanto do sofá, mas minhas pernas estão pesadas...

Ela é tão parecida com ele, com aqueles olhos que parecem conter o mundo inteiro, cheios de curiosidade e vida. Eu fiz o que achava que era certo para protegê-la, para nos proteger, mas agora, com tudo à tona, me pergunto se não fiz tudo errado, me pergunto se eu não deveria ter desistido mais, se eu não deveria ter ido até Vila Velha e falado com ele pessoalmente...

Na cozinha, Nina percebe meu silêncio e não tenta forçar uma conversa. Ela sabe o que estou sentindo, talvez até melhor do que eu mesma. Estamos de volta à nossa rotina, mas nada parece normal. Cada canto desta casa, me traz lembranças do que foi e do que poderia ter sido...

Jade: Eu vou ficar bem,- digo, mais para mim do que para ela, enquanto corto alguns legumes

Nina:Você vai, você é forte, você é a Jade! - me encoraja

Mas eu não sei se acredito nisso. Tenho vivido os últimos cinco anos como se estivesse em uma bolha. Afastada do Brasil, dos holofotes, de Paulo André. Tudo para garantir que Maya tivesse uma vida tranquila, longe do caos que minha vida costumava ser...

Mas agora, de volta aqui, todas as feridas que pensei ter curado parecem prontas para se reabrir...

Depois de ajudar Nina, volto minha atenção para Maya, que entra na cozinha com um de seus bichinhos de pelúcia. Ela parece tão à vontade aqui, e isso me dá um pouco de conforto...

Mas então, a pergunta de Maya ressurge na minha mente. "Mamãe, quando vamos ver o papai?" ...

Eu sabia que isso viria eventualmente, ela esperta e logo ligaria os pontos, mas ouvir isso em voz alta, ver a expectativa nos olhos dela, me deixa apavorada. Como vou explicar a ela que não sei o que vai acontecer? Que estou tão perdida quanto ela?...

A tarde passa lentamente, cada minuto parece uma eternidade. Minha mente não consegue desligar, e todas as possibilidades, todos os cenários, passam pela minha cabeça. E se eu encontrar Paulo André na rua? E se ele nos ver juntas? E se ele descobrir que tem uma filha e me odiar por ter insistido em contar pra ele? São tantos "e se" que quase me sinto sufocada....

Quando finalmente coloco Maya na cama, me deito ao lado dela por alguns minutos, observando-a dormir. Ela é tão inocente, tão pura. Tudo o que fiz, fiz por ela...

Volto para a sala, mas o sono parece distante. Me sento novamente no sofá, olhando para o nada, estou aqui de volta ao lugar onde tudo começou. Não posso fugir para sempre, mas também não sei se estou pronta para enfrentar tudo o que deixei para trás...

O que sei é que preciso ser forte. Por Maya, por Nina, e por mim mesma. Não sei o que o futuro reserva, mas uma coisa é certa: Não há mais como escapar. Só posso respirar fundo, enfrentar um dia de cada vez e torcer para que, de alguma forma, tudo se encaixe...

Fecho os olhos por um momento, tentando acalmar minha mente. Mas a imagem de Paulo André, o rosto de Maya, e a vida que poderíamos ter tido juntos continuam a me assombrar. Talvez amanhã as coisas fiquem mais claras. Talvez eu encontre uma maneira de resolver isso. Mas por hoje, só posso me agarrar à esperança de que, no fim, tudo ficará bem...

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Jadoca está confusa, e Maya quer ver o Papai😬...

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