Dias depois...
*PA*
A chuva cai lá fora com uma intensidade que não via há tempos. Cada gota bate violentamente contra a janela, acompanhada por rajadas de vento que fazem as árvores do lado de fora se curvarem, como se estivessem prestes a quebrar. Estou em casa, no sofá, com um cobertor enrolado em volta de mim, tentando ignorar o som da tempestade enquanto assisto a algum filme qualquer que está passando na televisão....
Minha mente, no entanto, está longe de estar tranquila. Penso em Jade e Maya. Sempre penso nelas, na verdade. Desde que voltaram para minha vida, elas ocupam praticamente todos os meus pensamentos...
Às vezes, me pergunto como eu consegui viver sem elas por tanto tempo...
Meu telefone toca, ao olhar para a tela, vejo que é Jade. Meu coração acelera um pouco ao ver o nome dela, como sempre acontece. Atendo imediatamente, preocupado com o que pode estar acontecendo...
Jade: PA, preciso que você venha nos buscar - ela diz, e a voz dela soa levemente desesperada
Jade: Estou com a Maya, está chovendo muito e acabei de finalizar um trabalho, mas não estou conseguindo pedir um Uber para ir para casa. Você pode nos buscar?
Sem pensar duas vezes, respondo:
PA: Claro, Jade. Tô indo agora
Levanto-me rapidamente do sofá, desligo a televisão e vou direto para o quarto, onde pego um moletom. O vento lá fora parece ter ganhado força, e o som da chuva está mais alto do que antes. Coloco o moletom, pego as chaves do carro e corro para a garagem, tentando me molhar o mínimo possível...
Entro no carro, ligo o motor e sigo pela estrada, dirigindo cuidadosamente. A visibilidade é terrível, mas mantenho o foco. Cada curva, cada poça, cada movimento do carro é feito com a maior atenção possível. A ideia de Jade e Maya presas em algum lugar me deixa ansioso, e quero chegar logo para tirá-las dessa situação...
Quando finalmente chego ao local onde Jade disse que estava, vejo as duas esperando embaixo de uma marquise. Jade está com Maya no colo. Quando paro o carro e abro a porta, Maya me vê e seus olhos se iluminam, mesmo em meio à tempestade...
Maya: Papai, você veio no meio dessa chuva - diz animada, como se eu fosse o maior herói do mundo.
PA: Vim, princesa. Eu sempre vou vim te salvar
Jade se aproxima com Maya e entra rapidamente no carro, agradecida
Jade:Muito obrigada, PA. Desculpa por te tirar de casa nessa chuva.
Eu balanço a cabeça negativamente , fechando a porta enquanto volto para o banco do motorista.
PA: Que nada, Jade. Sempre que precisar de mim, jamais hesite em me chamar
Jade sorri, um sorriso que me aquece. Ela parece aliviada, e isso me deixa aliviado também. Com elas seguras no carro, coloco o cinto e começo a dirigir para o apartamento de Jade...
Mas a tempestade lá fora não facilita as coisas. A chuva parece ter piorado, e o vento está ainda mais forte. Conforme nos aproximamos do bairro onde Jade mora, de repente, somos forçados a parar. Uma árvore imensa caiu no meio da rua, bloqueando completamente o caminho. Fico um momento olhando para o obstáculo, pensando no que fazer...
PA: Não vamos conseguir passar por aqui. Vocês vão ter que ir lá para minha casa. Algum problema?"
Ela suspira, olhando para fora e vendo que realmente não há outra opção.
Jade: Não temos muito o que fazer, né?
Balanço a cabeça em concordância, dou ré no carro e começo a traçar o caminho de volta para minha casa. A estrada está escura, as luzes piscam com a intensidade da chuva, e dirijo com o máximo de cuidado...
Apesar de tudo, sinto uma estranha sensação de contentamento. Como se, de alguma forma, essa situação tivesse sido inevitável, como se o universo estivesse me dando uma chance de estar mais próximo das duas pessoas que amo mais do que qualquer outra coisa...
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