✮ - ℛ𝖺𝗒𝗌𝗌𝖺 ℒ𝖾𝖺𝗅.
Algumas semanas se passaram desde que a Allice chegou. Ainda não consegui tirar um sorriso de canto dela! Está sendo mais difícil do que eu imaginei, mas não vou desistir.
O padrasto dela chegou, e eles se tratam com bastante educação, mas ela não parece ir muito com a cara dela. Junto dele, veio um menininho que tá na faixa etária do Arthur, e Allice disse que esse é o filho de outro relacionamento de Evan, mas que eles se tratam como irmãos.
— Lucas, já fez seu dever de casa? — a garota pergunta, vendo o menino deitado jogando no sofá, acompanhado de Arthur, meu irmão.
— O que você tá fazendo aqui? — questiono o garoto.
— O Lucas me convidou pra jogar! — responde, e eu abaixo pra ele beijar minha bochecha, como sempre.
— Ainda não, mas vamos fazer daqui a pouco. O Arthur vai me ajudar, eu não entendi nada dá letra da professora. — responde o garotinho, beijando a testa da irmã com um "beijo do homem-aranha".
— Tive essa relação de amor e ódio com as letras do brasil também. — diz, saindo da sala.
Vamos pro quarto e ela se senta na cama, tirando os cadernos da bolsa e começamos a estudar.
Temos algumas atividades em dupla pra responder, e passamos a tarde nessa. Quando deu umas quatro e meia terminamos, e agora estamos só observando o fim de tarde, vestidas no uniforme mesmo porquê amanhã não tem aula.
— Você sente falta de alguma coisa da Inglaterra? — pergunto, olhando pra garota cansada.
Ela suspira, abaixando o olhar e ajustando o óculos de grau que resolveu não tirar desde os estudos. Algo que descobri esses dias é que ela usa lente de contato, por se sentir feia de óculos. Mas sinceramente? Ela é a coisa mais linda do mundo com óculos, e sem.
— Poucas coisas. — responde, virando pra mim.
Seus olhos brilhantes atrás dos óculos me encaravam com tanta sinceridade, que eu sentia uma vontade absurda de os ver mais e mais de perto.
— Imagino. Eu também sentiria bastante falta dos meus amigos daqui de Imperatriz. — digo, tentando manter a conversa.
— Você faz amigos em todo lugar que vai.
Ri de canto. É uma verdade.
Depois de algum tempo, voltamos pra casa e minha mãe me deu uma notícias um tanto surpreendente.
— Aí a Anne perguntou se você não quer acompanhar a Allice nesse campeonato. Por conta da questão de idade, ela não pode levar a mãe, então ficaria sozinha. Com você como sua companheira, ela se sentiria melhor. O que acha? — propõe.
— Maravilhoso! — comemoro. — Quando a gente vai.
— Semana que vem.. você deveria pensar melhor sobre isso, não acha? — minha mãe cruza os braços com um sorrisinho no rosto.
— Não tem o que pensar!
✮ - 𝒜𝗅𝗅𝗂𝖼𝖾 𝒞𝖺𝗌𝗍𝗋𝗈.
Umas semanas se passaram desde que cheguei, e continuei treinando para o tão sonhado campeonato internacional, mas a pergunta tão tocante de Rayssa não saiu da minha cabeça. Sim, eu sinto falta da minha vida na Inglaterra. Mesmo que eu seja conhecida como insensível, eu vejo, eu sinto, eu toco, e eu queria demonstrar mais, mas não consigo.
Quem eu mais sinto falta são meus melhores amigos. Allany, minha melhor amiga de infância, e Christian, um caso a parte. Temos uma relação de amor e ódio, já que namoramos por dois anos, mas não deu certo e decidimos manter a amizade. Nossa maturidade foi muito além de se afastar, então não perdi meu melhor amigo, mesmo sabendo o gosto de seu beijo. Menta. Realmente não tenho sentimentos românticos por ele, mas o considero demais.
Agora, eu estou entrando no avião que vai com rumo a Orlando, para o campeonato de patinação artística.
— Vamos torcer muito por você daqui, Kally! — meu irmão mais novo diz, e eu lhe abraço.
— Valeu, carinha. — bagunço seu cabelo.
— Arrasa e manda beijo na câmera pra gente, Allice! — Arthur diz, e eu lhe abraço também.
— Pode deixar.
— Estaremos logo atrás de você, ok? — minha mãe beija minha testa e eu afirmo, entrando no avião.
Rayssa estava bem calada, e isso me deixa meio estranha. Como se estivesse suando muito e sendo penicada. Eu gosto de lhe ouvir falar as vezes, gosto da sua voz.
Porém, não conversamos tanto no caminho. Eu passei as quatroze horas lendo, escrevendo e escutando música. Não gosto das comidas de avião, então não comi nada. Deveria ter sido um voo mais rápido, mas por ter sido em escalas, demorou por volta de treze a quatorze horas mesmo.
Quando chegamos, acordei Rayssa e descemos do avião. Já eram nove da noite. Seguimos alguns caminhos segundos os painéis e conseguimos buscar as malas, saímos do aeroporto e fomos de taxi até o hotel privado aos patinadores e familiares.
Depois de um tempo organizando a burocracia, consegui encontrar meu quarto e descobri que Rayssa ficaria comigo.
Ainda de fone, arrumamos nossas malas em silêncio e fomos tomar banho. Eu terminei primeiro, consequentemente fui banhar primeiro. Tomei um banho de água gelada, cuidei da pele e vesti uma calça moletom e blusa de manga longa. Me joguei na cama e nem vi quando Rayssa entrou ou saiu, eu apaguei ali mesmo.
✮ - ℛ𝖺𝗒𝗌𝗌𝖺 ℒ𝖾𝖺𝗅.
Ela estava tão cansada que nem conseguiu se cobrir para dormir. Quando saí do banho vestida em meu pijama, vi Allice toda torta na cama, e ri. Ela estava tão apreensiva com o voo, era visível, então preferi nem perturbar. Parecia não querer papo no caminho, então também não disse nada.
Vinhemos bem antes do campeonato, para que ela conhecesse o lugar, as regras e treinasse também. Existe o lance da ambientação antes de tudo.
Liguei o ar condicionado, fechei as janelas e cobri ela com o lençol separado na ponta da cama. Desliguei as luzes e fui dormir também.
𝜗𝜚 - 𝗺𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝘀 𝗹𝗮𝘁𝗲𝗿.
Na manhã seguinte, acordamos junto com o sol. Fomos nos arrumando com o tempo e quando eram seis e meia estávamos prontas. A mãe dela chega hoje, e logo depois o café da manhã.
Quando a senhora Anne chegou, a garota foi correndo abraçar a mãe. Nunca tinha visto esse lado dela, fofo e.. fofo. Logo após o momento, fomos tomar café em uma cafeteria próxima ao hotel. Fui cumprimentada pela mais velha e finalmente saímos.
— Hoje eu vou rever o William. — Allice diz, enquanto come devagar, e eu começo a me engasgar. — Tá tudo bem?
— Tá sim! — respondo, sem ar e vermelha.
— William é o par na coreografia de casal dela, Rayssa. Fica tranquila. — a mãe dela me "consola", e eu fico mais vermelha ainda.
Dou uma risadinha sem graça e continuamos a comer.
Depois dessa, eu quero em enfiar num buraco.
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Demais. - 𝗥𝗔𝗬𝗦𝗦𝗔 𝗟𝗘𝗔𝗟.
Fanfiction❝✮❞ Após um trauma que transforma sua rotina e personalidade, uma patinadora encontra uma skatista disposta a quebrar barreiras para ajudá-la a reencontrar sua paixão e confiança. "- Se, pra ter o seu amor, eu preciso derrubar os muros do...