Athanasia estava imersa em pensamentos enquanto repousava no colo de Floyd, que estava absorto em examinar alguns documentos. O ambiente era de um silêncio reconfortante, interrompido apenas pelas palavras da imperatriz.
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— Agora temos o evento anual de caridade — anunciou Athanasia, examinando o documento em suas mãos. Ela estava ansiosa para se envolver mais nos assuntos do Império, e seu marido havia concordado em informá-la sobre os acontecimentos.
— Este evento começou com o casamento dos meus pais. Todos os anos, no aniversário deles, promovem uma grande festa em benefício dos orfanatos — explicou Floyd, com um tom calmo e acolhedor.
— Hofewg é um Império verdadeiramente próspero — comentou Athanasia. O Império possuía uma elite de cavaleiros do Ducado, grandes magos e viajantes. Com uma abundância de visitantes, muitos portos e uma variedade de mercadorias, Hofewg se destacava como um centro vibrante de comércio e cultura. Seus campos férteis, leis protetoras para cidadãos, mulheres e crianças, e seus notáveis pontos turísticos faziam do lugar um verdadeiro paraíso.
— Meus pais fizeram o melhor que puderam; eu apenas procuro continuar o legado deles — murmurou Floyd. Athanasia o observou atentamente.
— Como foi sua infância? — perguntou ela, ajustando sua postura no colo do marido. — Não quero parecer indelicada, mas gostaria de saber mais sobre você, marido.
Floyd a encarou por um momento antes de suspirar profundamente.
— Meus pais estavam prometidos desde a infância, uma união entre o Ducado Filly, conhecido por sua magia especial, e a família imperial. Apesar de ser um casamento arranjado, eles acabaram se apaixonando. Minha mãe morreu durante o parto, então nunca a conheci. Recordo-me pouco do meu pai; ele era um bom homem, mas muito ocupado, e também faleceu cedo — revelou Floyd, seus olhos baixos e melancólicos. Athanasia piscou, lembrando-se de que Floyd se tornou imperador aos seis anos, sendo posteriormente criado pelo casal Flowers.
Ela também tinha memórias fragmentadas de sua vida anterior, lembrando-se do afeto de Lilly e da gentileza de Félix Robane.
Athanasia recordava-se das empregadas rudes, dos risos indelicados e do desespero desesperado para conquistar a afeição de Claude. Essas memórias começaram a se desvanecer, como névoa dissipando ao amanhecer. Sua vida anterior, como Josephine, parecia cada vez mais irrelevante, um mero borrão de experiências insignificantes.
No entanto, a imperatriz ainda possuía suas habilidades mágicas e conhecimentos sobre feitiçaria. Esses talentos eram preciosos e fundamentais para ela, mais importantes do que qualquer lembrança de sua vida passada.
— Você deve sentir falta deles — comentou ela, com um tom cuidadoso e ponderado. Floyd acenou com a cabeça em concordância.
— Agora, voltando aos nossos assuntos — prosseguiu ela, com uma expressão decidida e concentrada. — Precisamos organizar uma passeata.
Athanasia não se opôs à mudança abrupta de assunto, percebendo que era necessário.
— Precisamos fazer uma aparição ao povo da capital — declarou Floyd, com sua voz firme. Ele era um imperador exemplar, refletiu Athanasia. Embora seu próprio pai, Claude, fosse uma figura que ela detestava, até mesmo ela não podia negar a competência dele como governante.
Recostando-se nos ombros fortes de seu marido, Athanasia girou distraidamente a aliança de prata em seu dedo, enquanto ouvia atentamente todas as preparações sendo discutidas.
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Diante dela, Athanasia observava a legião de guardas alinhados à sua frente. À frente deles, a Comandante da Guarda Imperial, ninguém menos que Blanche, mantinha um olhar firme e severo sobre os cavaleiros.
— Se vocês estão aqui, significa que possuem ao menos um mínimo de honra e as qualidades necessárias para servir à família imperial. Mas não se deixem levar por isso. Só provando que podem proteger sua imperatriz, mostrarão que são verdadeiramente dignos — proclamou Blanche com uma autoridade inquestionável.
Athanasia piscou, impressionada com a firmeza daquela mulher.
— É uma honra ser considerado para servir Sua Majestade, a Lua deste Império! — ecoaram todos os cavaleiros em uníssono.
Com os olhos percorrendo os guardas, Athanasia já sabia quem procurava. E ali estava ela, Kielly Rossi, uma das poucas mulheres a alcançar o título de cavaleira, reconhecida por suas habilidades precoces e excepcionais.
Athanasia indicou discretamente Kielly a Blanche, que logo entendeu o sinal.
— Kielly Rossi! — chamou a Comandante. A cavaleira avançou e se curvou profundamente diante das duas, apoiando a ponta da espada no chão em um gesto solene.
— A partir de hoje, Sua Majestade, dedico minha vida à sua segurança. Serei seu escudo, sua proteção, sua fortaleza, e, se necessário, seu sacrifício. Estou mais do que disposta a entregar minha vida pela Lua deste Império! — declarou Kielly com uma determinação inabalável.
Isso não é um pouco extremo? pensou Athanasia, mas mesmo assim sorriu.
— Por favor, cuide de mim, Lady Rossi — respondeu Athanasia, com um sorriso gracioso.
