✾𝐆𝐨𝐨𝐝𝐛𝐲𝐞✾

19 4 1
                                    

— O casamento foi um sucesso. — anunciou o mensageiro, com evidente nervosismo. — A consumação ocorreu no mesmo dia, e o Imperador Floyd se revelou um marido exemplar para Vossa Majestade, a Imperatriz de Hofewg.

O Conselho Obeliano explodiu em murmúrios e sussurros. Janneette rangeu os dentes, incrédula, enquanto Claude permaneceu impassível, embora uma tensão crescente pudesse ser percebida em seu semblante.

De repente, Claude sentiu uma mão suave e firme apertando seu ombro. O aroma de flores frescas invadiu suas narinas, e um riso melodioso, quase etéreo, ressoou apenas para ele.

— Minha garotinha — a voz soou como um doce sussurro, similar ao canto de um anjo, provocando-lhe uma onda de raiva.

Aquela mulher irritante. Em vez de morrer sozinha, deixou uma pequena cópia de si vagando pelo mundo.

Claude massageou as têmporas doloridas. Athanasia. Se dependesse dele, a criança já estaria morta. Mas, em vez disso, ele a enviou para longe, esperando que o Cavaleiro Azul a eliminasse. Ao contrário, ela ganhou a adoração de Floyd.

Claude suspirou, afundando-se em uma poltrona no seu quarto. Garrafas de bebidas alcoólicas espalhadas e derramadas estavam dispostas na mesinha à sua frente.

Félix, o guardião imperial, deseja abdicar de seu cargo, alegando que é para assumir o título do pai. Claude sabia, no entanto, que sua verdadeira motivação era a fúria pela morte de Lillian York.

— 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐝𝐢𝐫𝐢𝐚 𝐚 𝐋𝐚𝐝𝐲 𝐃𝐢𝐚𝐧𝐚 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐢𝐬𝐬𝐨? — O Cavaleiro Carmesim comentou recentemente.

Claude estalou a língua em frustração. Tudo era culpa daquela garota, daquela maldita criança. Sempre um fardo irritante, trazendo-lhe memórias dolorosas, sempre com um sorriso gentil, sempre olhando-o com adoração.

No entanto, antes de partir, Athanasia havia se mostrado fria. Seus olhos estavam vazios, sem tristeza, medo, alegria ou raiva. Pela primeira vez, ela refletiu algo de sua própria essência.

— Você fez isso — o fantasma de Diana sussurrou, envolvendo seu pescoço com um abraço etéreo. Sua boca estava próxima ao ouvido de Claude, enquanto o rosto flutuava diante dele.

— Você a quebrou tanto. — A voz de Diana estava carregada de sofrimento. — Você tirou sua alegria. Você machucou minha menina.

Claude sentiu um arrepio.

— Não vou ouvir palavras de uma mulher morta — respondeu com veneno em sua voz. — Vá para o céu, para o inferno, ou para qualquer lugar que escolha. Se pretende me fazer sentir arrependimento, falha miseravelmente.

O imperador de Obelia engoliu em seco, e um silêncio pesado tomou conta da sala. Ele ainda sentia a presença de Diana, mas então ela se afastou.

Claude se virou, desesperado pela sensação reconfortante daquela presença angelical. Diana o encarou com olhos frios e rosa, um contraste com o amor e a alegria que lhe era habitual. Por um instante, ele se lembrou de Athanasia e percebeu a semelhança entre elas.

Lágrimas escorriam dos olhos de Diana.

— Espere! — Claude implorou desesperado ao ver o fragmento da alma de Diana começando a desaparecer.

— Eu amei você e Athanasia até meu último suspiro — disse Diana, com voz carregada de tristeza, rancor e dor. — Dei minha vida por ela, uma ser tão maravilhoso, tão perfeito, e o que você fez? Você a machucou. — Diana fechou os olhos com desdém e virou o rosto. — Você, Claude De Alger Obelia, não merece nenhum tipo de amor.

— Não! — Claude gritou, desesperado, enquanto a visão etérea da fada desaparecia para sempre.

Como se as palavras de Diana fossem lâminas cortantes, seu peito começou a doer intensamente. Claude encolheu-se, consumido pela dor. Tosses incontroláveis começaram a atormentá-lo, e ele tosse sangue. Observando suas mãos manchadas de vermelho e o líquido vermelho escorrendo de sua boca, Claude compreendeu que este era o seu castigo.

»»——⍟——««

Jannette apertava nervosamente o tecido da sua saia enquanto seu tio e tia se mostravam visivelmente ansiosos ao seu lado. Seus olhos se fixaram em Ijekiel, que estava igualmente inquieto.

— Isso é catastrófico — murmurou a Condessa com uma nota de desespero em sua voz. — Aquela jovem é agora a Imperatriz!

O Duque Alpheus suspirou profundamente, tentando manter a compostura em meio à tensão.

— Não devemos agir precipitadamente — advertiu ele, com uma tentativa de calmaria. — Agora, Jannette, o trono Obeliano é exclusivamente seu. — Voltou-se para a princesa com uma expressão grave. — Não há mais nenhum obstáculo em seu caminho.

Jannette abaixou o olhar para o chão, sentindo o peso das palavras. Era filha de Anastacius de Alger Obelia, cujo falecimento diante de Claude havia precedido seu nascimento. No entanto, o trono ainda deveria ser herança de Jannette.

Jannette assentiu com determinação. Sim, ela era a legítima herdeira do trono. Ela era uma nobre de sangue puro, não uma meio-sangue como Athanasia.

Ela era a futura Imperatriz de Obelia. Ao contrário daquela garota esquecida, Jannette contava com o apoio de seu pai ao seu lado. Ela tinha Ijekiel, ainda que ele parecesse triste ultimamente, ele continuava sendo dela, não era?

Embora ele a tratasse como uma irmã mais nova e não como uma noiva, isso não significava que ele não a amasse. Era apenas uma questão de hábito. Sim, ela tinha tudo o que precisava.

Certo?

𝐁𝐀𝐃 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒 (𝐇𝐈𝐀𝐓𝐔𝐒 𝐈𝐍𝐃𝐄𝐓𝐄𝐑𝐌𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎) Onde histórias criam vida. Descubra agora