✾𝐆𝐫𝐞𝐞𝐧✾

23 3 2
                                    

Athanasia não hesitou em devorar a torta de chocolate diante de Claude, mesmo sabendo que seu estômago provavelmente a rejeitaria em breve. O desejo momentâneo superou qualquer consequência, afinal, ninguém desejava que seu filho nascesse com a face de um doce.

— Perdoe-me, Majestade. — ela disse após engolir o último pedaço, mas Claude permaneceu em silêncio, sua expressão impenetrável.

A razão para aquele encontro ainda era um mistério para Athanasia, mas sua curiosidade foi suficiente para aceitá-lo. Claude, sereno, tomou um gole de chá, o aroma que emanava era tão agradável que Athanasia decidiu que pediria o mesmo mais tarde. Após repousar a xícara na mesa, o Imperador finalmente quebrou o silêncio.

— Não interfira nos assuntos de Obelia. — a voz de Claude soou implacável, e Athanasia piscou, surpresa.

Os olhos dele estavam gélidos, cheios de desdém e, de certo modo, ameaçadores. Pela primeira vez, Athanasia sentiu-se verdadeiramente nervosa diante do pai.

— Não cruze o meu caminho, o de Jannette ou o de Obelia. — Ele repetiu, sua voz ainda mais fria.

Recuperando-se do choque inicial, Athanasia ergueu o olhar para Claude, agora com uma expressão igualmente fria. Seus olhos azuis brilhavam intensamente, como se uma tempestade estivesse prestes a eclodir em seu interior.

— O que leva Sua Majestade a acreditar que eu interferiria? — Ela perguntou, seu rosto contorcendo-se em desdém.

— A guerra entre Obelia e Hofewg mal terminou com seu casamento, mas a ferida permanece aberta e sangrando. — Claude começou, seu tom era cortante e sereno. — Agora, com uma criança em seu ventre, os motivos para um novo conflito podem se intensificar.

Athanasia instintivamente levou a mão ao ventre ainda plano, num gesto protetor, e rangeu os dentes.

— Não ouse falar do meu filho. — Ela respondeu, sua voz carregada de fúria. — Vossa Majestade não está em Obelia e não está falando com uma princesa de Obelia. Você está em Hofewg, diante da Imperatriz deste reino, a mulher que carrega o próximo herdeiro.

O confronto entre pai e filha era inevitável. Ambos estavam em pé de guerra, nenhum dos dois disposto a ceder. Athanasia, com os dentes cerrados, lançou uma última ameaça.

— Se você ousar fazer algum mal à minha criança, eu juro que acabarei com você.

Com essas palavras, ela se levantou e saiu, encerrando a conversa. A guerra já havia começado.

»»——⍟——««

O dia fatídico finalmente chegou, e, para alívio de Jannette, a presença de Obelia estava prestes a se dissipar, graças aos Deuses. Contudo, o peso da ruína pairava sobre ela como uma sombra. Todos os olhares e atenções estavam voltados para Athanasia, deixando Jannette em uma posição de desprezo e insignificância.

Seu coração fervia com ressentimento. Quando ela finalmente se tornasse imperatriz, todas essas humilhações seriam vingadas. Jannette jurou a si mesma que o nome de Athanasia seria erradicado de sua corte, proibido de ser pronunciado. Não haveria piedade para quem ousasse desrespeitá-la.

Seu olhar desceu para o trono vazio de sua irmã, ainda desocupado, enquanto o Imperador mantinha uma conversa formal com os diplomatas do continente. A perfeição do homem que Athanasia havia conquistado apenas intensificava a inveja corrosiva que ardia dentro de Jannette. Como ela, uma simples garota, conseguiu tal glória?

Seus olhos então se voltaram para o pai, que estava ao seu lado. Claude estava visivelmente pálido, e os sussurros pela corte indicavam que sua saúde estava deteriorada. Esse pensamento a deixou ansiosa, perturbada pela ideia de que a fragilidade de seu pai poderia arruinar seus planos futuros.

𝐁𝐀𝐃 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒 (𝐇𝐈𝐀𝐓𝐔𝐒 𝐈𝐍𝐃𝐄𝐓𝐄𝐑𝐌𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎) Onde histórias criam vida. Descubra agora