— Eu prepararei tudo para a chegada de Vossas Majestades — a imagem de Félix tremeluzia na esfera mágica, sua voz ressoando com formalidade e respeito.
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Nos aposentos privados, Athanasia assentiu levemente, seu olhar contemplativo enquanto a esfera refletia o rosto do homem. Floyd, seu marido, estava ao seu lado, a expressão serena, mas atenta.
— O Duque Alpheus tem se mantido distante da Corte ultimamente... — ele comentou, com uma cautela subjacente em sua voz. — Desde o nascimento do príncipe Aeternus...
Athanasia sorriu com uma leve ironia. Ela, que era uma meia-sangue, metade nobre, metade plebeia, conhecia bem o peso que esse tipo de julgamento carregava. Quando Claude a concebeu, ele não era casado, tampouco noivo. Mas filhos fora do matrimônio de Jannette? Bastardos. 𝐈𝐬𝐬𝐨 era o que eles eram para a Corte.
— Até mais, Sir Félix — disse Athanasia, encerrando a conversa. A esfera se apagou, deixando apenas a penumbra do quarto.
No instante seguinte, Floyd a envolveu pela cintura, trazendo-a para perto com um toque protetor. Ela suspirou, buscando consolo na proximidade do marido.
— Está nervosa? — perguntou ele, seus olhos buscando os dela, com uma ternura que apenas aqueles anos de cumplicidade podiam construir.
Athanasia, apesar de toda sua força e destemor, não escondeu a verdade.
— Estou — admitiu, com a voz suave, mas carregada de uma inquietação que não se dissipava. — Não por mim... mas pelas crianças.
Inclinando-se, ela repousou a cabeça no peito dele, sentindo o conforto dos batimentos firmes que a acalmavam. Os pensamentos sobre a viagem a Obelia, sobre as intrigas, os olhares julgadores e o perigo velado, rondavam sua mente como sombras inquietantes.
Floyd, por sua vez, manteve-se firme. A confiança em sua voz era como uma âncora em meio à tempestade de preocupações de Athanasia.
— As crianças são fortes, inteligentes... ninguém ousaria tentar algo contra elas. — Ele sorriu, porém havia um brilho feroz em seus olhos. — E se tentarem... eu mesmo cuidarei deles. Não haverá remorso.
Athanasia riu suavemente, apreciando a firmeza do marido. Mesmo em meio à tensão da corte, havia algo reconfortante naquele juramento velado de proteção.
Com um movimento gracioso, ela balançou os dedos, e as luzes do quarto lentamente se apagaram, envolvidas pela magia delicada da imperatriz.
— Vai dormir? Já? — a voz de Floyd soou novamente, com uma ponta de provocação.
Ela o fitou, notando o sorriso malicioso que curvava os lábios dele. Um brilho astuto passou por seus olhos.
— O que você quer dizer com isso, meu senhor? — retrucou ela, com uma risada que ecoava no quarto suavemente. — Já é tarde... O que mais um marido e uma esposa fariam a essa hora?
