Curvas da Paixão

CINCO

Sinto minhas pernas bambas. Respiro fundo e ouço aquela voz às minhas costas. Meu Deus! Que voz é essa? O deus passa por mim e vai cumprimentar o Raúl. Estou de canto tentando disfarçar o meu constrangimento. Fui tomada por uma sensação profunda e avassaladora apenas com seu "Olá, meu brother "...

Os dois se abraçam e crio coragem pra levantar o olhar, em um minuto que mais parece um devaneio, vislumbro esse deus de costas. Ele veste uma camisa social azul marinho que se ajusta perfeitamente às suas costas de atleta. Também uma calça social preta elegante. Ele ainda é maior que o Raúl.

Quem será ele? Quem é esse homem? Respira Aurora Lyz de Moraes... Respira mulher... Afff

Nesse momento, a Layla me puxa e nos aproximamos dos dois. Primeiro, ele apresenta a Lay ao seu amigo e depois, como em câmera lenta, ele se vira pra mim e crava aqueles olhos lindos. Eu vou infartar, me seguraaa.... Bom, Pedro, quero apresentar a irmã da minha namorada. Ela acabou de chegar dos Estados Unidos. É psicóloga. Mas pra quê tantos detalhes? Penso...

Não consigo desviar o olhar, ele me prendeu e sorri com o canto da boca. Estendo a mão e ele simplesmente se curva e a beija. Um beijo sensual, com um olhar que penetra até mesmo a minha alma. Seus cabelos são pretos, lisos e bagunçados. Ai, que vontade de senti-los entre os meus dedos! Seus belos olhos castanhos, desenhados, maçã do rosto bem definida, lábios esculpidos e convidativos a um beijo, uma barba por fazer, braços fortes naturais, do tipo que não precisa passar horas em uma academia, Tudo se completava naquela personificação que estava à minha frente, um encaixe tão perfeito que precisaria de séculos para se criar algo tão magnífico.

O..Olá - engulo em seco. - Prazer, Aurora! Qual o seu nome mesmo? Falo tentando desviar daqueles olhos e me recompor. Precisava fugir dali e trocar minha calcinha. Ou melhor, um banho gelado e uma chacoalhada pra acordar daquele transe. Ele me olha e sorri.

- Pedro Henrique. Mas pode me chamar de Pedro. Apenas para os mais íntimos. Peeeeraaiii... íntimos? Como assim? Eu nem te conheço, pode ser um deus esculpido, mas quanta modéstia.

Nessa hora meu celular toca e eu arranco minha mão da dele, minha prece foi atendida. Me afasto do local pra atender, ainda desnorteada.

- Alô... - Filha, sou eu, pai. Hoje à noite pode jantar comigo?

- Oi papai. Claro. Mas é algo em especial? Sei que devido a uma reunião o papai não pôde me dar atenção hoje de manhã. Ele quer se redimir. Aposto! Ele ri.

- Não, filha, só quero passar um tempo com você e colocarmos o papo em dia. Não vai negar isso ao seu velho pai, né?! Bem chantagista esse meu pai, rs, uma comédia.

- Own pai, deixe de besteira. Vamos jantar na mansão? - Não, filha, será só eu e você. Te busco às 19h, ok? Combinado? Eu concordo e desligo. Mesmo papai dizendo que não é nada demais, ainda sinto que há algo errado.

Volto e encontro os três já saindo da área principal do estúdio. E agora ponho meu plano mental em ação: Não olhar para os olhos desse deus! Não o encare, Aurora. Vamos lá!!!

Eu os encontro e logo Lay vem me dizer que Raúl vai tomar um café com o tal Pedro e nos convidou. Mas eu não posso! Não sobrevivo!

- Ah maninha! Eu adoraria. Forço um sorriso. Mas o papai me ligou e vou jantar com ele mais tarde, fora que ainda tenho que passar no shopping. Tomara que essa desculpa cole. Faço uma prece a todos os santos internamente. A Layla me olha sem entender e desconfiada, sabe que eu não sou chegada a andar em shopping. Mas mesmo com um olhar de quem já entendeu tudo, ela me abraça e diz que me encontra antes do jantar para conversarmos. Dou um tchau rápido para os dois deuses gregos à minha frente e corro para o meu carro. Entro e agora posso respirar aliviada. É muito bom processar tudo o que aconteceu.

Esse homem! O que ele tem? E porque estou tão atraída? Minha calcinha nem de perto está intacta de tão molhada. Estou excitada? Mas como? É loucura. Com apenas um toque? Um olhar? Aqueles lábios tão quentes... Eu só posso estar louca, isso siiim...

Arranco com o carro e vou pra casa. Preciso me concentrar no trânsito e logo chegar em casa tomar um banho bem gelado, um suco de maracujá bem forte e pronto. Voltarei ao normal... Pelo menos é isso que eu espero... Ou eu estou ficando louca.