Sinto uma dormência invadindo o meu corpo, ainda bem que estava sentada, porque se estivesse em pé teria desmaiado. Penso sobre os últimos acontecimentos, tudo foi rápido demais. Eu conheci o Pedro no estúdio do Raul, e logo após, o encontrei no elevador. Lembro que ele não olhou na minha cara, ou melhor, ele não era o mesmo Pedro do estúdio. Então era o Pedro que acabou de sair daqui? E o Pedro da boate? Levou minha calcinha e ainda mandou flores? O Pedro que eu transei na minha sala não é o mesmo da boate?
Oohhhhhhh MEU DEUS!!!
Minha cabeça gira, dói e eu realmente estou confusa com toda essa história. Como é que eu entrei nisso? E ter a má sorte de gêmeos? Dois malditos homens lindos? Eu só posso ter cometido um crime em outra vida. Argh!...
Preciso colocar as ideias no lugar. Ligo pra o Luke, mas só dá caixa postal e nem no WhatsApp ele responde. Resolvo ir até sua casa, preciso desabafar e achar uma solução pra toda essa loucura.
Após longos 20min de trânsito infernal, toco a campainha. Ele me atende com uma toalha rosa pink enrolada abaixo do umbigo e uma na cabeça. Ele me atende ainda molhado.
— Aurorita, o que houve? Entre logo mulher de Deus. — Ele me puxa e eu o abraço.
— Luke, preciso muito de vc. — O abraço mais forte e sinto uma pressão no meio das minhas pernas. Me afasto rapidamente e começo a rir. É realmente um desperdício amigo, você não gostar de uma pepeka. — Ele pisca e finge de ofendido colocando a mão na cintura.
— Amooor, eu amo mulheres, pena não ter nascido uma! Uiiiii! — Risos — Agora deixe eu me trocar antes que você me ataque ou eu caia em tentação. — Haha.
Aguardo Luke no sofá enquanto observo seu apê. Ele é espaçoso e simples, mas tão aconchegante e “clean”. Um grande aquário, bem arrumado, com peixes coloridos e de várias espécies me chama a atenção, apesar de ser um apê neutro, tem vários toques de requinte e sofisticação. Dois quadros na parede, todos em abstrato, dando um destaque na cor branco neve. Realmente estou surpresa com a casa de Luke. Ela é muito linda.
Ele retorna pouco tempo depois com um pijama verde e muito cheiroso.
— Agora me diga, Aurora. O que aconteceu que fez você vir até minha humilde casa com essa cara de quem matou alguém...
— Bem que não é má ideia matar aqueles cretinos. Mas a questão, Luke, é que eu estou ficando com dois Pedros. — Argh!!
— Querida, e o que é que tem? Chama um de Pepê e o outro de Dino, aí você nunca vai se confundir. —Ele desdenha.
— Luke! Acorda! Eles são gêmeos. GÊMEOS! Eu não fazia ideia disso. — Despejo tudo pra fora, estava quase morrendo engasgado. Só observo a cara de espanto de Luke junto com seu queixo caído.
— Repete querida, meus ouvidos estão confusos hoje. —Eu o olho, provavelmente, com a pior cara de cachorra sem dono, pois nessa hora ele vem e senta ao meu lado. Agora já bem mais sério.
— Aurora, me conta essa história direito. — Ele levanta e vai pegar uma bebida para nós. E então, eu conto tudo que aconteceu. Tim-tim por tim-tim.
Perplexo ou surpreso são adjetivos que não se encaixam em Luke nesse momento. Ele está mais pra "Aurora, em que merda você se meteu?" e eu, claro, já estou toda vermelha de chorar, mas confesso que aliviada depois de desabafar toda essa loucura. Já faz, em média, uma hora que estou aqui, sentada no sofá e um pouco bêbada, já se foi metade da garrafa de Uísque.
— Poooois é, Luke. Eu sou uma idiota, né? Quem nessa vida, em sã consciência, iria se envolver com dois homens sem perceber que eles são iguaizinhos? Gêmeos...
— G. Ê. M. E. O. S. — começo a rir e chorar ao mesmo tempo. Eu não lembro se Luke também está bebendo, mas eu sou quero esquecer tudo isso.
— Aurora, minha bebê! —Eu sorrio. Luke me amava. —haha— Lembrei! Ele é gay, não me ama, não. Aff... — Aurora! Olha, você já bebeu demais e seu fígado e sua cabeça vai agradecer amanhã, ok! Eu Pensarei em uma solução pra toda essa confusão minha amiga, mas agora nada do que eu falar você vai assimilar ou lembrar amanhã.
Bom... Eu concordo. Eu não tô entendendo muito bem o que Luke fala, só olho e percebo o quanto a boca dele é bonita. Carnuda, mas não muito, e rosada. Eu já confessei que quando bebo fico muito tarada? Pois se não, eu confesso agora: Fiiiiico. E Luke tem uma boca linda. Fiu fiu...
Ele continua a falar até que eu o interrompo...
— Luke, me beija. —Ele me olha espantado— VAI LUKE, ME BEIJA! —Ele põe a mão na cabeça...
— Ai minha nossa senhora dos biriteiros! Ela está bêbada demais e não para de rir. Aurora, eu não vou te beijar. Eu vou te dar um banho e colocar você pra dormir, ok? É disso que você precisa.
— Uiiiiii! Nem me beijou, nem xavecou e já quer abusar de mim, Luke? Que safadxenhoo...
Luke resmunga coisas que eu não entendo e me levanta. Tá tudo girando, é isso ai... Ele me leva até um canto branco e quando eu começo a perceber algo estou sentindo uma água mega gelada na cabeça. Como eu estou? Sentada. E em uma cadeira, eu acho! Eu também não quero saber... Só sinto agora algo quentinho no meu rosto, fofinho e delicioso. Também mãos que me agarram e alisam minha barriga, meus braços. Tô dormindo de conchinha? Não lembro...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Curvas da Paixão
RandomAurora Lyz tem 24 anos, é psicóloga, recentemente formada pela universidade de Harvard. Alegre, atraente (Mesmo com suas curvas avantajadas), inteligente e desinibida. Teve um passado bastante difícil, mas hoje ela retorna ao Brasil, mais madura.Uma...