Gabriel e Maria Alice se conhecem desde a infância. Foram criados juntos, estudaram na mesma escola, começaram no surf na mesma época e assistiram cada fase da vida um do outro... Isso até - depois de três anos de uma paixão adolescente -, Maria Al...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
CAPÍTULO DOIS dezembro, 2023
O Gabriel tá na minha casa ainda. São quase dez horas da noite e já cansei de ficar na cozinha mostrando fotos pra os meus pais — e fugindo do Gabriel que tá na sala jogando FIFA com meu irmão —, então decido ir tomar um banho.
Tinha esquecido como essa casa é grande. Quando fui embora não parecia ser, porque era minha casa e eu conhecia cada centímetro dela. Mas agora, tantos anos depois, parece assustadoramente grande.
Subo as escadas e entro no meu antigo e novo quarto. Me permito prestar mais atenção do que mais cedo. Ele ainda tá igual. O azul das paredes foi retocado, com certeza, mas o tom ainda é o mesmo. Na parede da cabeceira, o desenho da areia e do mar com ondas ainda continua ali, e fica claro que seja lá quem pintou o quarto de novo, tomou muito cuidado pra não mexer nessa parte.
As prateleiras nas paredes parecem bem mais velhas e desgastadas, mas tudo ainda tá ali em cima. Um monte de miniaturas que eu colecionava e que hoje nem lembro porquê. Nunca me preocupei em deixar meu quarto coerente com a minha idade na época, então parece que saí daqui com dez anos e não dezoito.
Remexo nas malas até achar um pijama. Uma camiseta grandona e um shortinho de tecido. Combo perfeito. Pego uma toalha e entro no banheiro. É o momento mais tranquilo que tenho desde que cheguei. Senti falta desse caos familiar, mas vou precisar me adaptar de novo. E não decidi ainda se realmente vou ficar aqui em Maresias ou se vou ficar na capital. Prometi dar uma pausa no trabalho, mas não prometi voltar a ser a Maria Alice de anos atrás. Seria impossível.
Tomo um banho demorado, sentindo um cansaço absurdo quando abro a porta do banheiro e...
— AI PORRA! -jogo a única coisa que tenho em mãos NO HOMEM QUE TÁ ENTRANDO DENTRO DO MEU QUARTO. Sem camisa e... Ah, é o Gabriel. Claro que é.
A escova de cabelo bate nas costas — bem largas e malhadas —, dele e cai no chão, ao mesmo tempo que ele se vira.
— Ai, maluca! -diz. O olho desce para a toalha a redor do meu corpo no mesmo instante. Um cafajeste de marca maior exatamente como a Internet imprime por aí. — Desculpa, falaram que você tava no banho. -umedece os lábios e finalmente sobe o olhar. — Vim pegar minha prancha.
