Gabriel e Maria Alice se conhecem desde a infância. Foram criados juntos, estudaram na mesma escola, começaram no surf na mesma época e assistiram cada fase da vida um do outro... Isso até - depois de três anos de uma paixão adolescente -, Maria Al...
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CAPÍTULO DOZE 01 de janeiro, 2024
A minha eu de 27 anos é completamente diferente do que eu planejei. Eu imaginava que estaria casada, tendo o meu primeiro filho e morando sozinha em qualquer canto do mundo. Não estou nem perto de nenhuma dessas coisas. Tenho 27 anos, voltei para a casa dos meus pais em Maresias e definitivamente não estou casada e com um filho. Estou sentada no chão, bebendo um drink quente e olhando o meu ex-namorado da adolescência dançando bêbado, enquanto fico pensando nessas coisas.
É realmente bem distante do que eu queria pra mim, mas não dá pra evitar. Tem vezes que o diabinho — ou talvez o anjinho —, sopra na minha orelha que as coisas podiam ter sido diferentes e aí sim, eu e ele estaríamos casados, com filhos e essa coisa toda. Principalmente quando eu percebo a esperança nos olhos dele. Ele realmente acredita nisso. Eu não sei mais no que acredito. Talvez elas pudessem ter sido diferentes, de fato. Mas isso não adianta nada, não significa que vão ser agora.
Como poderiam ser?
O Gabriel parece igual. Mas eu me sinto diferente demais. Completamente deslocada na minha própria vida. Ele parece perceber que estou olhando igual uma psicopata e começa a caminhar na minha direção. Ele para na minha frente e eu fecho os olhos rapidinho, só pra afastar essas coisas da mente. Mas não funciona.
— Tá bem? -pergunta. Eu estou sentada no chão e olhando para ele igual uma maluca, mas isso não significa que estou passando mal.
— Tô.
— Quer ir pra casa? -faz outra pergunta. Dessa vez a fala faz um gelado se espalhar pelo meu estômago porque sei lá. Sei que não vai demorar muito para as coisas desandarem entre a gente.
— Quero. -assinto. — Mas você pode ficar... -ofereço.
— Não. -diz. — Se você quer ir, quero ir também. -mexe no cabelo comprido, me matando aos pouquinhos como esse jeitinho gentle man. Ele tem energia de esposo. Isso não me ajuda.
— Então tá. -murmuro. Ele me estende a mão pra que eu levante, mas continua segurando enquanto a gente caminha na direção dos nossos amigos pra se despedir.
