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Não faz nem dois meses que eu dizia: "namorar nunca mais", "me envolver com uma menina, nunca mais", "quero ficar solteiro o resto da faculdade inteira", "namoro é distração" e "namoro prende muito a pessoa" e lá estava eu, não namorando ainda, mas endoidando porque não faço a mínima ideia de que qual local eu devo levar Bárbara para um encontro – ela deixou bem claro que eu devia um encontro para ela, e eu realmente devia um.

Como diabos alguém que é tão averso a namoro, ou qualquer tipo de distração, parece tão desesperado e necessitado de uma certa distração? – Bárbara é uma enorme distração. Bárbara me distrai tanto, que depois que a gente passou um bom tempo se beijando – melhor dia da minha vida – a primeira coisa que eu fiz quando cheguei em casa, foi curtir todas as fotos dela e comentar em todas as fotos, por dois motivos: em expressões de Bárbara, eu estava ficando cadelinha por ela e também para os outros – especialmente Frak Sans – ficarem cientes de que eu a quero.

Só que há um problema nisso tudo, eu quero muito Bárbara, mas ela é uma enorme distração, e na fase de hóquei que eu estou, eu não preciso de distração. Então minha mente começa a dar vários nós em mim, por um lado eu penso: "não quero distrações, Bárbara é distração, logo não quero Bárbara" e o outro grita: "não me importo com a distração, tudo vale a pena se for para eu ficar com Bárbara, foda se o resto".

Zero sentido. Essa situação toda faz zero sentido para mim, e isso me assustava bastante. Eu me candidatei como capitão do time de hóquei por um motivo, eu amo estar no controle, e naquele exato momento, aquela situação parecia estar totalmente fora do meu controle, e essa sensação é assustadora, mais assustador ainda é não saber o que pode vir a acontecer, eu estava entrando em um pânico silencioso e alarmante. Minhas mãos suavam e tremiam demais, o que diabos estava acontecendo com meu corpo?

— Para porra! – gritei com minha mão, mas eu não conseguia parar o meu nervosismo. O suor começava a pingar na minha vestimenta, puta merda, eu nunca estive com tanto medo. — Que porra é essa... – a minha respiração estava começando a ficar difícil e pesada, e a tremedeira não parava nenhum segundo, eu tentei me levantar, mas não adiantou de nada, eu não consegui me manter de pé. E eu não consegui chamar por ninguém, eu estava entrando em pânico, e nada naquele momento parecia me acalmar. Sabe aqueles momentos que você vê sua vida toda num flash? Tão rápido e tão doloroso.

Era isso que estava acontecendo. Eu estava vendo duas possibilidades da minha vida, e todas pareciam extremamente sufocantes. A primeira, eu estava no time de hóquei que meu pai jogou, Bruins, mas apenas minha família e meus amigos estavam me assistindo, não tinha nenhuma Bárbara na arquibancada, e eu acho isso inadmissível, gosto quando Bárbara me assiste jogar e quero que ela vá a todos meus jogos. Na outra, eu tinha Bárbara e uma família enorme, mas não parecia nada feliz, afinal, eu estava sem o hóquei, e eu também não posso viver sem hóquei. Duas opções totalmente assustadora. Cada vez ficava mais difícil de respirar.

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