18 - A vergonha da comunidade lésbica

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25 de abril


Eu não sei o que eu fiz, mas deu certo. Ela não descobriu, foi embora e... agora tenho um contato no telefone escrito Noemi Brasiliano e somos seguidoras mútuas no Instagram — mesmo que eu não pretenda nunca mais falar com ela. Em caso de emergência, está lá. Por parte de Cassandra, meu celular acumulou mensagens perguntando o que aconteceu, já que demorei a responder.

E minha pergunta foi duvidosa demais, aceito. Enrolo uma resposta e coloco para a Belém do futuro explicar que Noemi Brasiliano esteve aqui (e eu quase a beijei).

Confesso que uma parte de mim está frustrada de não ter beijado Noemi naquele momento esquisito. De ela não ter me beijado. Tudo bem, eu não queria e não estava a vendo assim, mas agora meu cérebro está mastigando o momento o tempo inteiro.

Por que eu queria beijar ela? Não foi uma atração. Eu juro, não foi. Ela é bonita, mas eu nem estava no clima e não senti nem uma pontadinha no momento. Beijaria por Cassandra, não queria expor a situação dela. Mas beijar por beijar? Não.

Mas agora não paro de pensar que teria sido uma boa. Meio... arrependimento, já que a chance disso acontecer de novo é de um em um milhão.

É ridículo porque ainda que eu não goste de garotas, meu incômodo não é esse. É a estranheza de sentir como se eu estivesse afim quando... eu não queria. Tenho certeza. Na hora, eu não queria. Agora estou me sentindo idiota por ter recusado.

Que tipo de sentimento é esse? Estou pensando mais no beijo do que no momento. Não faz sentido.

E tenho certeza que Andressa comentou com Mavi o que viu, mesmo fingindo que não tinha visto. Eles não estão zoando, só curiosos... É legal, mas agora estou pilhada de soar babaca, reforçando que não gosto de garotas como se fosse, sei lá, um preconceito enraizado.

Não é isso.

Se fosse antes, talvez eu tivesse medo das minhas amigas se afastarem, mas agora?

Ou talvez eu esteja pressionada a gostar de garotas porque todo mundo acha que eu gosto.

Mais isso. Que droga.

Ter um cartão de acompanhante me permite realmente entrar a qualquer hora no hospital, mesmo depois das oito da noite. Na verdade, eu deveria ter vindo mais cedo, mas estou remoendo um pouco sobre como falar. Eu não vou contar isso, do jeito que meu cérebro está pensando, palavra por palavra.

Na verdade, uma versão mais calma em que a garota que quase beijei não é Noemi.

Cassandra está me esperando. Sentada na poltrona com uma bandeja no colo, provavelmente da ceia, e acabou de sair do banho. A cama ao lado está vazia, então consigo puxar a poltrona do lado de lá para cá, ficando ao seu lado.

Camarão sem coração ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora