Capítulo 2

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-Esse é Jerry, ele trabalha comigo na cafeteria todos os dias. E esse é Gilbert, de vez em quando ele vem ajudar quando precisamos.

Matthew achou que me apresentar cada canto desse prédio me faria esquecer a situação mais do que constrangedora de mais cedo, e valorizo completamente as suas intenções, mas não estou no clima de conhecer ninguém.

-Sou a Anne. -Digo aos dois garotos na minha frente.

Mais cedo foi Jerry quem falou comigo e Gilbert falava com a senhora Rachel, que agora conheço porque a mesma fez questão de se apresentar e deixar claro que é a melhor amiga de Marilla antes de ir procurar pela mesma no andar de cima.

-Vai trabalhar também? -Gilbert pergunta enquanto termina de desamarrar o avental do corpo.

Eu responderia se soubesse a resposta, mas estou completamente dependente de Marilla e Matthew a esse respeito, então apenas olho para o senhor ao meu lado.

-Se ela quiser sim. -Matthew responde.

-Eu quero.

Gilbert para na mesma hora e apreta o avental nas mãos.

-Não vão precisar mais de mim então?

-Vamos sim, mas preciso falar com Marilla.

Mathew, imerso em pensamentos, sai me deixando sozinha com os dois garotos que mal conheço, sendo que um deles já parece desgostar de mim por colocar seu trabalho em risco. Por sorte Jerry parece alheio a isso e age com tranquilidade ao girar a plaquinha de "Aberto" para "Fechado" na porta.

-Porque não vem jantar com a gente? Conseguimos escutar um pouco da discussão mais cedo.

Sinto o sangue subir nas bochechas e o rosto esquentar de vergonha.

-Marilla não vai se importar?

-Duvido muito.

Gilbert e Jerry pegam os próprios casacos no aparador ao lado da porta de entrada e se vestem. Aqui realmente está mais frio do que Nova Iorque, e já está escurecendo apesar de ser cinco horas da tarde, mas não quero trombar com Marilla tão cedo e por isso desisto da ideia de pegar um casaco. Só de pensar que ela pode mudar de ideia por me ver sair assim já me dá arrepios.

-Você vem? -Gilbert pergunta.

Assinto com a cabeça e coloco uma mecha que caiu das tranças atrás da orelha. Assim que pisamos do lado de fora sinto o frio do fim da tarde e um vento gelado nos braços fazendo todos os fios de cabelo se arrepiarem.

Sigo Jerry e Gilbert por poucos passos, mal passamos da fachada da cafereria antes de pararmos na frente de uma porta gradeada, Jerry tira um molho de chaves do bolso do casaco e abre. Não sei se fico com medo por conta da rua vazia e silenciosa ou o fato de que a porta da de cara com uma escada antiga ilumidada por uma única lâmpada fraca.

Se um fantasma aparecer definitivamente não ficaria surpresa, mas com certeza ficaria com mais medo do que  nunca.

Subimos dois ou três lances de escada, o cheiro de comida só aumentando a medida que nos aproximamos de uma porta de carvalho desgastada. Jerry procura mais uma chave no molho e então abre a porta, colocando força para que ela se mecha apesar do peso.

Quando entramos damos de cara com uma cozinha simples mas bem arrumada e uma garota de calça moletom e regata da One Direction. Provavelmente é uma das meninas mais bonitas que já vi, os cabelos pretos super hidratados chegando até a cintura.

Jerry entra e cumprimenta a garota com um beijo na bochecha, espero que Gilbert entre antes de mim, mas a garota e Jerry estão me olhando.

-Finalmente arranjou uma namorada, Gilbert? -Ela sorri.

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