022. o cérebro

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Mathias pov;

Quando o Roberto saiu da ONG, eu já o esperava na UPP há pelo menos quatro horas; o Martins havia me ligado e contado sobre as duas conversas que eles haviam tido sobre a aposentadoria, naquele mesmo dia. Eu só ficaria surpreso com a rápida mudança de planos se não conhecesse o nome da motivação pra tudo aquilo: Marina.

Enquanto o casal de adolescentes - em fase de puberdade - transava num local que no dia seguinte receberia crianças, eu planejava uma forma de conhecer o meu suspeito. Cada vez que olhava pro relógio e via o tempo acabando, me sentia mais lesado: o Nascimento podia ser o meu maior apoiador naquela operação mas, já não tinha o brio ou a ética que me faziam o seguir por todos os lados, no início de tudo.

A noite caiu e eu fui até a frente da UPP me certificar de que, depois de coçar a bunda por um dia inteiro, o inconsequente fosse me oferecer ao menos uma satisfação mentirosa para ter abandonado o posto no seu plantão.

Não demorou muito pra que eu flagrasse Romeu e Julieta combinando um horário para beberem veneno juntos, em frente à ONG. Mesmo já sabendo que ele realmente havia passado a tarde inteira com ela, fiquei tão decepcionado quanto estaria se aquilo fosse uma novidade.

Minha mente ainda não havia assimilado que, para o Roberto, o BOPE já não fazia tanto sentido quanto para mim. Assistir a minha maior referência desmoronar diante dos meus olhos era, no mínimo, revoltante.

Além de um mentor, o Roberto havia se tornado meu amigo: eu era padrinho do Rafael, frequentava a sua casa e ouvia seus desabafos sobre o peso do trabalho, numa sexta-feira qualquer. Se ele havia se esquecido das próprias razões para honrar o juramento feito ao estado do Rio de Janeiro, não me restavam alternativas: era a hora de cortar o mal pela raiz.

Senti uma descarga de adrenalina enquanto caminhávamos juntos em silêncio, até o interior da UPP; quando o coronel dispersou os outros soldados, entendi que ele precisava de um cenário aonde eu só tivesse olhos para vê-lo inflar o próprio ego.

Como era de se esperar, fez da arrogância seu palco e adotou um tom sarcástico: estava claro que para ele nosso problema era pessoal e, não o fato de um veterano abandonar seus princípios em nome de uma relação puramente carnal e superficial com uma mulher que quase tinha idade pra ser sua filha.

Para sua surpresa, eu não era mais o aspira que só abaixava a cabeça e dizia "sim, senhor" pra qualquer merda que ele fizesse: eu tava puto com as circunstâncias, obcecado para cumprir a minha missão e, cansado daquela novelinha de quinta-categoria que dois grandes amigos se prestavam a estrelar.

maria  batalhão | CAPITÃO NASCIMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora