Marina pov;
No dia seguinte a vida precisava seguir. Sem mensagens desesperadas dele no meu telefone, sem esperança de encontrá-lo no final do dia e sem nenhuma vontade de levantar da cama.
Passei pelo meu irmão e ele ainda dormia. Minha mãe estava em casa; sentei na mesa da cozinha apertada, aonde ela havia deixado o café da manhã preparado.
Ela me abraçou rapidamente e se sentou perto de mim.
— Tinho dormiu bem. Acordou só pra tomar os remédios; acho que são os remédios que deixam ele com esse sono todo, né? - ela mastigou um pedaço de bolo, sem vontade. Os olhos estavam fixos no nada.
— Vai ficar tudo bem, mãe. Ele logo logo tá de pé, aprontando outra. Já avisei no ponto. - o 'ponto' era aonde ele trabalhava, como moto-táxi. Minha mãe me olhou curiosa.
— Cadê a moto dele? Virou poeira? - ela sustentou o olhar. Parecia sentir que não tínhamos contado tudo.
Um pouco antes da minha mãe chegar, deixei a moto do Victor na oficina. Tudo definido pelo pacto de sigilo entre irmãos; a moto já tinha mesmo alguns amassados.
— Já mandei pra oficina. Amassou um pouco e ele precisa dela inteira quando voltar. - ela acreditou. Que alívio.
Tomamos café juntas e antes de sair, passei de novo para olhar pra ele um pouquinho. Me despedi e saí.
Naquele dia eu usei a menor roupa que encontrei. Eu ia esfregar na cara daquele porco tudo o que ele tinha perdido; queria que ele tivesse que lidar com os colegas dele comentando sobre mim, enquanto eu passasse na frente da UPP em direção a ONG.
Desci a ladeira pela rua, rebolando. Perdi a noção do ridículo por aquele cafajeste. Os fardados realmente me comeram com os olhos mas, ele não estava lá. Furada do dia: check.
Cheguei na ONG, vesti um avental que cobrisse toda a pele a mostra e iniciei as atividades. Era o dia inteiro de trabalho com adolescentes; tudo foi extremamente produtivo. Mesmo repleta de trabalhos atrasados, eu encontrava tempo para pensar nele.
Cada vez que olhava para aquelas salas ou entrava no meu escritório, me lembrava dos nossos corpos juntos. Senti nojo de mim mesma. Eu devia odia-lo mas não conseguia.
Olhava pro meu celular a cada dois minutos, na esperança por uma mensagem implorando perdão ou qualquer sinal de vida dele.Fui até a janela algumas vezes para ver se o encontrava mas não havia nem sinal dele ali. Pensei em mil possibilidades mas a que mais me pareceu fazer sentido foi a de que ele havia pedido transferência dali; covarde.
Segui o dia até finalizar toda a programação e me despedir da última menina. Comecei a organizar as minhas coisas e saí da ONG envergonhada: eu ia ter que atravessar a rua, quase pelada, outra vez. Aquele monte de soldados punheteiros pelo menos poderiam entregar o recado pra ele de que, tinha uma mulher de mini saia e cropped de tricô desfilando em frente à UPP.
Foi quando eu o vi pelo vidro da base. Meus olhos reconheceriam aquele idiota mesmo em meio à um furacão; ele também me viu. Saiu para fora e a cara, não era das melhores.
Senti borboletas no estômago e era a hora de aplicar doses homeopáticas de vingança no capitão. Eu estava mais nervosa do que nunca, até passar por ele.
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maria batalhão | CAPITÃO NASCIMENTO
FanficA líder comunitária Marina Santos assiste toda a sua vida sendo transformada após a chegada de Roberto Nascimento, capitão do BOPE. (DARK ROMANCE)