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Marli pov;
Entre formas de bolos e garrafas térmicas, a medida mais importante: dois pra um.
Conheci o genitor dos meus filhos no colégio. Tinha quinze e ele, dezessete; eu era a engraçadinha da turma e adorava brincar num samba com os meus colegas. Ele nunca foi flor que se cheire e eu, me atraí exatamente por isso.
O Valdo era bagunceiro e falastrão. Me deu uma rosa de crepom num baile de primavera e na outra semana, já era meu namorado. Foi o meu primeiro amor, meu primeiro beijo e meu primeiro homem; naquela época ninguém conscientizava ninguém sobre vida sexual. Apesar de saber que era errado, eu quis tanto quanto ele.
Até que demorei a engravidar: a primeira vez foi aos dezessete - quase dezoito. O Valdo sempre me disse que queria ser pai mas na verdade, ele só queria saber mesmo era do processo de fabricação; éramos muito apaixonados e não nos desgrudávamos por nada. Eu o amava acima de qualquer coisa.
Meus pais descobriram a minha gravidez no mesmo dia em que eu tive um aborto espontâneo. Apanhei muito e no fim do dia, precisei assar um bolo para receber a minha sogra em casa: dois pra um era a medida que minha mãe repetia para mim, enquanto eu o preparava. Eles iriam nos casar.
Eu sonhava em morar com o Osvaldo mas, não daquela maneira e nem naquele momento. Queria estudar informática, aprender a mexer no computador e trabalhar em um banco; ele queria soltar balão e curtir a vadiagem. Meu pai deu de ombros para o meu futuro: a minha "honra" era bem mais importante para ele.
Minha sogra foi mais cuidadosa comigo do que a minha mãe, que me despediu sem uma única peça do enxoval que havíamos montado juntas: arrumou um terreno pra gente construir um barraquinho no Vidigal. Nunca imaginei morar em um lugar daqueles mas, o barraco foi a minha realidade até a Marina chegar.
O morro era muito diferente da minha antiga realidade: a gente sabia que rolava droga e que os moleques daqui desciam pra roubar no centro; mesmo assim, ninguém nunca mexeu comigo. Era bem mais tranquilo do que se contava na TV e, eu aprendi a gostar de viver na comunidade.
Meses se passaram e eu engravidei novamente; quando a minha barriga começou a crescer, uma vizinha que já tinha dois filhos se aproximou de mim. Dora e eu viramos comadres em pouco tempo: ela me deu o menino mais novo para batizar.
Dedé pulava na minha barriga e a beijava, toda vez que me encontrava. Eu me encantei por ele desde a primeira vez que o vi: ele tinha uma luz que pertencia somente à ele. Rezava para que o meu filho também nascesse com aquela áurea boa.
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maria batalhão | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionA líder comunitária Marina Santos assiste toda a sua vida sendo transformada após a chegada de Roberto Nascimento, capitão do BOPE. (DARK ROMANCE)