Capítulo 6

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Em algum lugar da Rússia - 23hrs30 min (26/08/2024)

— Socorro!! — O grito desesperado cortava a noite fria e sombria. A omega corria pelo beco, seu cheiro de laranja, que antes era doce e reconfortante, agora se tornava amargo e azedo, refletindo o terror que a consumia. O medo parecia envolver o beco, cada sombra parecia se esticar ameaçadoramente, e o desespero estava em cada passo que ela dava. Ela sabia que deveria ter evitado aquele lugar, mas agora era tarde demais, e o beco parecia engolir sua coragem.

— Inferno... Socorro!! Alguém me ajud... — Sua voz tremia, e suas palavras se desvaneciam em ecos desesperados enquanto ela se esbarrava em uma figura obscura. A mão que a agarrou era fria e implacável, e a dor ao redor de seu braço fazia com que ela ofegasse e chorasse.

— Ah, querida... Pra que tanto escândalo, vai acordar os vizinhos. Se comporte, prometo que será rápido — A voz que falava era fria e cruel, um tom insensível que fazia o desespero dela parecer ainda mais agonizante. O grito de dor e medo ecoava pelo beco, mas a escuridão parecia engolir qualquer tentativa de ajuda. Ninguém ousava se aproximar, o silêncio da noite apenas intensificando o terror.

— Já terminou, Anton? Não aguento mais o cheiro dessa omega nojenta. Termine logo, inferno! — A voz de Vladimir era cheia de desdém, enquanto a figura de Anton, um homem com uma cicatriz marcante, mostrava a seringa com um líquido brilhante, de uma cor que era quase sobrenatural.

— Já terminei Vladimir — Anton respondia com uma frieza clínica, passando o frasco para Vladimir. O líquido brilhava com uma cor que parecia pulsar com uma vitalidade sinistra, um contraste chocante com a frieza do ambiente. Vladimir observava o frasco com uma expressão de curiosidade mórbida.

— Porra!! Então esta é a cor da vitalidade de um omega? — Vladimir olhava para o líquido com um misto de fascínio e repulsa, o brilho no frasco refletindo sua própria crueldade.

— É, agora vamos! O chefe disse que tem um casamento para ir — O homem de cabelos pretos e a cicatriz no rosto, com um ar de desprezo, chutava o corpo da omega, agora inerte e sem vida, como se fosse um saco de lixo inútil. — Se livre disso... Não tem mais utilidade para nós.

O corpo sem vida da omega caía com um som abafado no chão do beco, e o frasco brilhante era guardado como um troféu macabro. A noite continuava, imperturbável e indiferente, enquanto a escuridão parecia absorver o horror e a crueldade que haviam ocorrido ali.

(...)

KimTech&Arth- Xangai, China. - 20 hrs 30 min (25/08/2024)

Mok Myung observou Garcia se afastar, ainda imerso em seus pensamentos turvos. A inquietação do lobo dentro dele era palpável, um sinal claro de que algo estava profundamente errado. O cheiro de chocolate parecia se entrelaçar com sua percepção, amplificando sua confusão. Algo na presença daquela omega estava mexendo com ele de maneiras que ele não conseguia entender completamente.

Ele tentou se concentrar, mas a mente continuava a divagar. A sensação de calma e irritação provocada pelo aroma era intensa e desconcertante. Seu lobo  rugia em protesto, buscando um sentido, uma explicação para a inquietação que estava sentindo.

Garcia se afastou, e Mok Myung ficou sozinho, com o peso de suas próprias dúvidas e a sensação persistente daquela presença doce e confusa.

A decisão de ir embora foi quase automática. Ele se levantou, ajustando seu paletó, tentando manter a compostura. Precisava de um momento para si mesmo, para entender o que estava acontecendo. Sabia que precisava se afastar para ter um pensamento claro, mas estava longe de imaginar o quanto sua vida poderia estar prestes a mudar.

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