Capítulo 9

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Mansão Kim, Xangai - China 09 Hrs e 30 min (19/11/2010)

Trancado novamente, quase vendido para um alfa cujo cheiro nauseante lhe dava calafrios, o jovem ômega chorava silenciosamente no quarto escuro. A solidão o envolvia como um cobertor frio, e ele se perguntava, mais uma vez, quando seu pai mostraria seu lado humano novamente. O que ele havia feito para merecer tanto ódio? Ele era apenas uma criança, um ômega que queria ser lembrado, querido, e digno de felicidade. Mas a realidade era cruel, e a esperança parecia cada vez mais distante.

No subterrâneo da imponente mansão principal da Família Kim, todos estavam reunidos na sala de reuniões, um espaço vasto e opressor, onde as paredes pareciam sussurrar os segredos mais sombrios da família. A reunião havia sido convocada por Kim Mok-Myung, o alfa Lúpus de 18 anos, que, desde a morte da mãe, via seu pai, Kim Seon-Joon, perder-se na loucura e na imprudência. Garcia, o consigliere e braço direito do Don, tentava apaziguar a situação, pedindo paciência, mas a tensão era palpável. Tudo mudara no momento em que Mok-Myung atingiu a idade para assumir os negócios da família, e agora, a reunião prometia decidir o destino de todos ali presentes.

— Certo, quando aquele cachorro sarnento irresponsável chegará para completarmos essa reunião? — A voz grave de um alfa do outro lado da mesa rompeu o silêncio.

— Estou aqui, senhor Lee. — A voz de Kim Seon-Joon ecoou pela sala, carregada de uma calma assustadora que fez o ar gelar.

Todos os olhos se voltaram para o homem que antes era temido e respeitado. Sua presença, que outrora inspirava lealdade, agora trazia consigo um pressentimento sombrio.

— Estão se voltando contra mim? — A pergunta de Seon-Joon, proferida em um tom aterradoramente tranquilo, deixou um rastro de tensão no ar.

Mok-Myung, que até então observava em silêncio, finalmente se pronunciou. Sua voz era firme, imparcial, e cortante como uma lâmina afiada.

— Pai, como pode tentar vender um dos nossos para a máfia rival? — Ele deu um passo à frente, aproximando-se do homem que um dia havia chamado de pai, mas que agora era apenas um inimigo. — Essa máfia é contra o tráfico humano. Nós abominamos tais atos. Então, diga-me, Grande Senhor Kim... — Sua voz se tornou ainda mais grave e controlada, enquanto seus olhos penetravam nos do pai com uma intensidade que poucos ousariam desafiar. — Já que esqueceu nossos princípios e decidiu agir contra nós, renuncie, ou sofrerá as consequências

O tom de Mok-Myung era sereno, mas carregado de uma determinação implacável. Ele estava disposto a fazer o que fosse necessário para proteger sua família, mesmo que isso significasse matar seu próprio pai.

— Faria isso com seu pai? — Kim Seon-Joon retrucou, com um sorriso sarcástico que irritou todos ao redor da mesa. — Você assumiria meu lugar? Não me faça rir. É tão inútil quanto seus irmãos mais novos.

O insulto reverberou na sala, mas ninguém ousou interromper o silêncio que se seguiu. Kim Seon-Joon olhou ao redor, analisando cada rosto que o encarava com uma mistura de medo e desprezo. Então, caminhou lentamente até o centro da mesa em forma de meia-lua, onde todos podiam vê-lo claramente.

— Escutem bem o que vou dizer, porque é uma ameaça — começou, sua voz fria como gelo, cada palavra um veneno destilado com precisão. — Renunciarei meu cargo como Don da família Kim, mas cada um de vocês que está aqui presente morrerá pelas minhas mãos. — Seus olhos se fixaram em Mok-Myung, carregados de uma fúria controlada. — Matarei você e aquele ômega inútil. E depois venderei aquela putinha que você chama de irmã.

Mok-Myung permaneceu firme, embora o olhar em seus olhos traísse um profundo pesar. Ele sabia que o homem diante dele não era mais seu pai, mas uma sombra do que um dia foi, corroída pela loucura e pelo poder. E, mesmo assim, não havia hesitação em sua postura.

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