Pacto de reis

Capítulo 14

Mansão Kim, Xangai - China 04 hrs e 00 Min - (01/09/2024)

Ainda estava escuro quando Bhav ouviu o som suave do despertador de Bon-Hwa ressoar pelo quarto. Ele despertou lentamente, sentindo o calor residual do sono ainda em seu corpo. Com a mão, procurou instintivamente pelo lado da cama onde Bon-Hwa deveria estar, mas encontrou apenas o espaço vazio. Virando-se, seu olhar foi atraído pela grande sacada, onde avistou Bon-Hwa, envolto em um robe cinza, observando silenciosamente o jardim abaixo.

— Bon-Hwa... — Bhav chamou com a voz ainda rouca e sonolenta, os olhos semicerrados.

Bon-Hwa virou-se suavemente, seus olhos gentis encontrando os de Bhav. Um sorriso calmo e carinhoso iluminou seu rosto.

— Bom dia, Senhor Taleti. — respondeu ele, enquanto se aproximava da cama com passos leves e tranquilos. — Como se sente?

Bhav ajeitou-se na cama, apoiando-se nos cotovelos, sentindo o conforto das almofadas macias nas costas.

— Estou melhor, obrigado por perguntar. — disse Bhav, a voz mais firme agora. — A que horas precisamos sair?

— O voo está marcado para às cinco da manhã. — Bon-Hwa respondeu, inclinando-se ligeiramente para tocar a testa de Bhav com delicadeza. Seus dedos eram frios contra a pele quente de Bhav, mas o toque era reconfortante. — Parece que a febre finalmente cedeu. — continuou Bon-Hwa, permitindo-se um pequeno sorriso de satisfação.

— Certo, vou tomar um banho — Bhav se afasta do toque do omega seguindo para o banheiro. Bon-Hwa apenas assenti seguindo novamente para a varanda.

A madrugada estava fria, envolta em um silêncio que contrastava com a agitação da festa de casamento que havia terminado há poucas horas. Bon-Hwa guiou o alfa de volta ao quarto, onde ele adormeceu rapidamente, exausto. Bon-Hwa permaneceu ao seu lado, atento, até que o familiar odor amadeirado do alfa retornou, sinalizando que estava finalmente em paz. Só então, Bon-Hwa se levantou e passou o resto da madrugada na sacada, contemplando a paisagem diante de si. Observou a suave iluminação do jardim, as pessoas que trabalhavam silenciosamente para colocar tudo em ordem, e os soldados de seu irmão patrulhando, assegurando a segurança do don. Sua vida não era simples, tampouco perfeita, mas era a única realidade que conhecia.

Bon-Hwa estava tão imerso em seus pensamentos que não notou quando Bhav terminou o banho. Só não foi pego de surpresa porque o aroma inconfundível de vinho do alfa preencheu o quarto.

— Não está com frio? — perguntou Bhav, enquanto esfregava uma toalha nos cabelos negros ainda molhados.

— Não, e você? — respondeu Bon-Hwa, apontando para Bhav, que estava com o peito nu, com apenas uma toalha enrolada na cintura.

Bhav sorriu ao ver as bochechas de Bon-Hwa ligeiramente coradas.

— Você bêbado é bem diferente — comentou o alfa, dirigindo-se ao closet onde suas roupas estavam guardadas. — O bom de ser casado com um ômega homem é que posso usar as suas roupas. — acrescentou, rindo consigo mesmo enquanto revirava as peças de Bon-Hwa.

Bon-Hwa se surpreendeu com a fala de Bhav e o seguiu até o closet, sentindo seu coração acelerar.

— O seu cheiro é realmente delicioso — disse Bhav, virando-se subitamente para o ômega, que estava parado atrás dele. O olhar de Bhav era penetrante, deixando Bon-Hwa um tanto inquieto. — Não se lembra de nada do que fez enquanto estava bêbado no seu escritório?

Bon-Hwa balançou a cabeça em negação, um pouco confuso. Bhav sorriu de forma enigmática e deu um passo à frente, reduzindo ainda mais a distância entre eles.