Capítulo 3

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KimTech&Arth - Xangai, China - 09hrs30min (26/08/2024)

Kim Mok-myung estava de pé, de costas para a porta de seu escritório, com a silhueta destacada pela luz suave que atravessava a grande janela de vidro. O perfume distinto de lavanda com um leve toque amadeirado permeava o ar ao seu redor, uma marca registrada que anunciava sua presença. Mok-myung, um alfa lúpus puro, era um dos solteiros mais cobiçados de toda a Ásia. A fachada de sua vida pública, uma renomada empresa de arquitetura, era apenas isso—uma fachada. Criada por seu pai para encobrir os negócios obscuros da família, a empresa agora estava sob sua gestão. Mas Mok-myung não era apenas um arquiteto talentoso; ele também era o impiedoso líder da máfia, cuidando com maestria dos dois mundos que seu pai havia deixado para trás.

Seu pai falecera quando Mok-myung tinha apenas 18 anos, deixando-lhe um legado que incluía não apenas os negócios, mas também a responsabilidade de criar e proteger seus dois irmãos mais novos. Ele assumiu tudo com determinação, moldado por uma infância e adolescência roubadas, dedicadas à formação do homem que ele precisava ser: um don implacável, mas também um irmão zeloso. Enquanto ele se sentava na cadeira de couro ao lado da janela, os pensamentos sobre o repentino casamento de seu irmão o assaltavam, mas não conseguiam abalar sua convicção. Mok-myung sabia que, mesmo em meio à escuridão dos negócios criminosos, sua família era a âncora que o mantinha focado.

Você pode se perguntar se viver uma vida dupla, e criminosa, é algo pelo qual se deveria agradecer. Para Mok-myung, a resposta era simples. Ele não conhecia outra realidade. Sua infância e adolescência foram moldadas por essa vida, um treinamento constante para o papel que agora desempenhava. Seu pai havia roubado sua juventude, mas em troca, lhe dera o poder, a influência, e a responsabilidade que faziam de Mok-myung o homem que ele era hoje: implacável, calculista, e, acima de tudo, fiel àqueles que amava

Kim Seon Joon, um alfa lúpus marcado por uma dor profunda, tinha perdido sua ômega original no mesmo momento em que sua filha mais nova veio ao mundo. A tragédia que envolveu o nascimento da criança tornou-se uma ferida que ele não conseguiu curar, levando-o a rejeitar a menina antes mesmo de conhecê-la. A perda de sua companheira de vida criou um abismo entre ele e a recém-nascida, um abismo que Seon Joon não estava disposto a atravessar. Ele via naquela criança uma lembrança dolorosa do amor que perdeu, uma substituição impossível para o vazio que agora preenchia seu coração.

Mok-myung, por outro lado, experimentou algo completamente diferente. Quando viu sua irmã pela primeira vez, através da parede de vidro que os separava, sentiu algo que não poderia ser descrito apenas como amor—foi um sentimento de proteção, uma promessa silenciosa que ele fez a si mesmo. Mok-myung, com a responsabilidade de cuidar dos negócios e de seus irmãos já firmemente estabelecida em sua vida, encontrou na pequena garota algo mais que uma irmã. Ela se tornou a luz em sua vida, um ser que ele jurou proteger com a mesma intensidade com que liderava a máfia e sua empresa.

Enquanto Kim Seon Joon se distanciava cada vez mais da filha, afundando-se em sua dor e culpa, Mok-myung se aproximava, preenchendo o vazio que o pai havia deixado. Para ele, não importava que a menina não tivesse o amor de seu pai; ela tinha o dele, e isso seria mais do que suficiente. Mok-myung tomou para si a responsabilidade de ser não apenas um irmão, mas também uma figura paterna para a menina, garantindo que ela nunca se sentisse sozinha ou indesejada.

FLASHBACK ON***

— Senhor Kim, sua esposa quer vê-lo — informou o beta com uma voz baixa, respeitosa. Kim Seon Joon assentiu silenciosamente, o peso de suas emoções mal contido. Ele seguiu o beta pelos corredores, cada passo aumentando o aperto em seu peito. Quando finalmente entrou no quarto, seus olhos encontraram imediatamente sua esposa. Ela estava deitada, pálida e fraca, uma sombra da mulher vibrante que ele conhecia. Seu lobo interior remexia-se inquieto, sentindo a exaustão que pairava sobre o lobo dela, como um espelho da própria agonia.

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