Me pergunta de novo quando a gente sair daqui

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Travis Michael Kelce - 2021

          Tudo era branco demais quando abri os olhos, o cheiro de esterilizante e a falta de cor do lugar me fizeram entender onde eu estava. E dessa vez não era a enfermaria da base.

          — Taylor...- tentei me levantar de supetão quando minha mente me levou para minha última lembrança, mas uma pontada me impediu. — Porra!

— Ei, sem movimentos bruscos ela ainda tá sedada do seu lado, daqui a pouco ela acorda. Graças a Deus.

          — Mãe?- minha cabeça girou rápido demais quando fui olhar na direção de onde a voz veio, ela estava sentada em uma das muitas cadeiras que estavam ali no quarto. — Ela?

— Ela ainda está sedada, vocês dois e o resto da tropa foram mandados de volta quando um deles conseguiu comunicar a base mãe antes que já fosse tarde demais.- tinha um tom de voz calmo enquanto dava um jeito de apertar um botão que estava perto dela. — Como se sente?

— Meio tonto, mas estou bem.- falei mais rápido do que provavelmente deveria. — Qual a situação dela?

— Falamos disso daqui a pouco, depois que um médico ver você.- então era isso que aquele botão fazia.

          — Tenente Kelce, é bom te ver acordado de novo.- um homem de jaleco se dirigiu diretamente a mim. — Vou fazer algumas perguntas e uns exames simples antes de deixar você tirar suas dúvidas, tudo bem?- concordei de imediato. — Qual é a última coisa da qual você se lembra?

          — A Tay mandando a gente recuar antes de ser arremessada longe com a primeira explosão é minha última memória visual.

— Certo. Quantos dedos vê aqui?- manteve dois dedos erguidos como se fosse um mega desafio descobrir quantos tinham ali.

— Três abaixados, dois erguidos.

— Ok. Sente alguma dor?

— Meu braço e minha coluna estão incomodando, e tem uma dor bem fraca de cabeça.

          — Nada fora do esperado, a medicação já vai vir e isso não será mais um problema.- o doutor sentenciou. — Sabe como está?

          — Pelo que eu ouvi quando cheguei aqui, estou com um braço quebrado e provavelmente com uma concussão.

— É, você teve muita sorte.- colocou o tablet embaixo do braço. — Volto aqui quando a major Swift acordar, tenha uma boa recuperação, tenente. E não faça nenhum movimento brusco, você também machucou a coluna.

Quando ele saiu eu voltei a olhar para minha mãe, sendo detido de questionar sobre Taylor mais uma vez quando Andrea e Scott adentraram o quarto. Os dois pareciam abatidos e aquilo fez com que meu coração acelerasse em preocupação, o que foi denunciado pelo aparelho que monitorava minha frequência cardíaca.

— Ei, sem preocupação atoa.- foi a mãe da minha amiga quem me repreendeu.

          — A Tay...- fui interrompido quando os três apontaram para o meu lado direito. — Oh, ela tá bem?- sussurrei olhando para a loira. Ela parecia um anjo dormindo.

          — Ela vai ficar, vocês dois vão.- foi a vez de Scott fazer presença na conversa.

Depois disso fiquei em silêncio, vigiando o sono da loira no leito ao lado. Não sei por quanto tempo fiquei desse jeito, mas foi tempo o suficiente para que minha mãe fosse ao refeitório junto com Andrea, e Scott fosse buscar algumas roupas para todo mundo junto com meu pai.

          Ainda estávamos sozinhos no quarto quando vi ela abrir os olhos. Esperei que ela se localizasse e notasse minha presença antes de falar qualquer coisa. Aquele sorriso cansado melhorou meu dia em 300%.

          — Casa comigo?- a pergunta escapou de meus lábios antes que eu pudesse tentar conter aquele impulso.

          — Me pergunta de novo quando a gente sair daqui e já estivemos 100%.- murmurou, a voz saindo extremamente rouca. — Já sabe qual vai ser a minha resposta.

          — Prometo que faço um pedido de verdade quando chegar a hora, vou fazer algo a sua altura.- falei em um tom baixo, esticando o braço direito para tocar a sua mão.

— Mas vamos tentar não pular as etapas, ok?- seus olhos estavam um pouco mais abertos agora e ela entrelaçou os dedos aos meus. — É estranho que eu queira voltar a dormir?

— Levando em consideração que estamos fodidamente medicados, acho que não...- brinquei fazendo com que ela risse antes de resmungar com dor.

— Não me faz rir agora, eu tô toda arrebentada.

Jason Daniel Kelce

Me escondi na parede quando percebi que Travis provavelmente olharia para a porta. Usei a cabeça pra pensar e corri atrás de um médico para que Taylor passasse pela checagem pós cirurgia enquanto eu ia repassando o babado pro resto da família. Fui atrás do último lugar onde soube que todo mundo tinha ido e, bingo, os nove desocupados estavam almoçando no refeitório do hospital.

— A Taylor acordou.- joguei a informação no colo deles e vi alguns começarem a se levantar. — Espera um pouco que tem mais. Travis pediu ela em casamento.

— Finalmente esses dois tapados viram o que todo mundo já tinha percebido e eles ignoravam!- Austin comemorou assim que eu parei de falar.

— Ela aceitou?- minha esposa parecia estar quase soltando um gritinho animado.

— Falou pra ele perguntar de novo quando todo o processo que eles vão passar agora com a recuperação das lesões, mas deixou subentendido que aceita.- vi todo mundo conter um gritinho em comemoração. — Também falou algo sobre não pular as etapas, então acho que eles já estão de rolo ou alguma coisa do tipo.

— Eu sempre soube que uma hora eles iam ceder.- meu pai pontuou, quase dançando na cadeira.

— Quanto tempo será que vai demorar até virar uma notícia oficial?- Andrea cantarolou. — Eu quero netos logo e o Austin parece tapado demais pra fazer isso nos próximos dois anos.

          — Eu tô te ouvindo, sabia?- reclamou o Swift mais novo.

          — E eu estou sendo sincera.- retrucou a mais velha. — Agora vamos ver sua irmã.

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Presentinho pra vocês

The Great War - Tayvis AU Onde histórias criam vida. Descubra agora