Taylor Alison Swift - 2021
Já faziam duas semanas desde que acordamos aqui no hospital. Hoje estávamos sendo finalmente liberados para voltar pra casa.
Nossas famílias continuariam com a gente, ajudando enquanto essa parte pior ainda não tiver passado. Anteontem minha mãe nos avisou que eles desceram as coisas dos nossos quartos para o quarto de hóspedes do andar debaixo da casa, o que era previsível já que eu não conseguiria subir as escadas tão cedo e, nós dois, tínhamos recebido instruções claras de não fazer nada que forçasse muito a coluna já que o impacto que nosso corpo absorveu entre as explosões resultou em um pequeno trinco em uma vértebra lombar de cada um. O que foi uma puta sorte, se tivéssemos sido arremessados ao ar mais uma vez havia um grande risco de que ficássemos paralíticos.
— Tay...- Trav me chamou pela décima terceira vez naquela meia hora. — A gente pode fazer Cinnamon Rolls quando chegar em casa?- me olhava como uma criança cheia de expectativa.
— Eu acho que ao invés de fazer, a gente podia pedir pra nossas mães fazerem...- falo enquanto uma enfermeira me ajuda a ir para a cadeira de rodas sem forçar a coluna ou a perna. — Tenho certeza de que se a gente pedir com jeitinho elas fazem.
Meu amigo olhou pra mim e sorriu como se tivesse cinco anos e tivesse acabado de ouvir a melhor ideia já proposta na face da terra. As vezes me doía saber que nunca veria uma miniatura dele andando por aí.
— Doce e uma maratona de American Pie?- ele só faltou pular de alegria quando concordei acenando com a cabeça. — Eu vou pegar aquela coberta do Mickey e os chocolates do guarda-roupa também.
— Desse jeito você vai acabar com diabetes antes dos quarenta.- repreendi Kelce enquanto começávamos a seguir para fora com duas enfermeiras guiando as cadeiras de rodas. — Tem um estoque de Cheetos no meu quarto, pega uns dois pacotes pra gente comer enquanto assiste.
Se fossemos um tanto mais novos quem ouvisse a conversa juraria que estávamos combinando uma festa do pijama ou um date caseiro, mas aquilo era uma parte da rotina de estar em casa quando voltamos daquele inferno. Sempre maratonamos a mesma sequência de filmes, fazemos uma bagunça na cozinha pra tentar fazer algumas receitas de doces, dormimos na sala enquanto uma série aleatória passa na televisão, dormimos na mesma cama depois de todo episódio de terror noturno, jogamos uma infinidade de jogos e quando percebemos já é hora de voltar para as fardas.
— Você olhou os papéis que chegaram pra nós dois mais cedo?- e de repente a conversa volta ao tom sério.
— Não tive tempo, até assinarem minha alta eu passei por uma quantidade absurda de exames pra saber quando vou começar a fisioterapia.- respondi em um suspiro. — O que tinha neles?
— Os papéis da nossa aposentadoria.- arregalei os olhos e pisquei algumas vezes. — Eles somaram o tempo que ficamos na escola militar em treinamento, e por causa do nível das lesões fizeram alguma conta muito maluca e fomos dispensados. Vamos receber o famoso coração púrpura, assinar alguns papéis e então seremos oficialmente ex-militares.
— Pode ser a coisa mais previsível que eu poderia falar, mas eu estou tão aliviada com isso... A gente vai estar em casa, não vamos estar correndo o risco que nunca mais podermos ver o rosto de cada um dos nossos familiares por causa de sair em missão e voltar pra casa num caixão, vamos poder ter a vida que queremos ter desde que voltamos pela primeira vez.- meu tom era baixo. — Temos investimentos que nos garantem uma vida inteira de tranquilidade, e com muita terapia todo aquele horror vai ficar pra trás.
— A gente vai estar livre pra viver de verdade, viver e não sobreviver.- segurou minha mão esquerda e a levou em direção aos lábios para selar levemente minha pele com um beijo suave.
Eu ia dar uma continuidade ao assunto, mas fui impedida por meus pais e os pais do Trav vindo em nossa direção. Eles pareciam tão felizes que eu tive vontade de rir como uma criança realizada.
Pelo sorriso estampado no rosto deles eu tive certeza de que estavam armando alguma coisa. Minha mente me puxou para um momento no final da tarde de ontem em que minha cabeça, em um estado semiconsciente devido as medicações que eu ainda tenho que tomar para a dor e também para auxiliar na cicatrização interna das feridas, captou e conseguiu absorver um pouco de uma conversa que minha mãe estava tendo no telefone. Nossos amigos estariam nos esperando com uma faixa de boas vindas quando chegássemos em casa.
— A gente podia pedir alguma coisa de fast Food hoje né?- Trav trocou tão rápido de assunto que precisei de alguns segundos para entender sua frase.
— Taco Bell?- respondi a pergunta com outra pergunta. — Eu preciso de comida apimentada depois de quatro meses a base de ração.
— Céus, pimenta seria o tempero mais delicioso do mundo depois de tanto tempo sem nenhum tempero decente.- passou a língua pelos lábios, umedecendo a pele ressecada pelo tempo que passamos falando.
— Mas tem que ter suco de laranja pra equilibrar, vitamina C deve estar em falta depois desse tempo todo.- brinquei já que era mais fácil uma laranja comer ele do que ele tomar um suco normal de laranja.
— Taylor, se a gente vai comer fast food, a gente vai beber coisa que se bebe com fast food.- pontuou e eu prendi a risada. — Não vamos tomar suco, vamos tomar o refrigerante mais prejudicial que a gente encontrar e vida que segue.
— Sabe que só falei aquilo pra te irritar, não sabe?- soltei um pequeno riso ao receber um olhar de indignação vindo dele. — Entenda uma coisa, lindo, eu sempre vou calcular minhas jogadas. Principalmente se o outro jogador for você.
— Alison, Alison...- estreitou os olhos em minha direção. — Toma cuidado com essas jogadas, sabemos muito bem como esse jogo termina toda vez.
— Mas agora tem coisas que vão adiar muito o fim do jogo, o melhor sempre vai vencer.- pisquei em sua direção. — E normalmente não sou eu a ceder, sou, Michael?
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Provas da semana feitas, semana que vem tem uma cacetada de prova de humanas e linguagens
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The Great War - Tayvis AU
FanfictionAlguns laços podem ser a única coisa a te manter de pé mesmo quando tudo parece estar desmoronando... E esses dois sabem disso melhor do que ninguém. Ter alguém te apoiando no seu pior momento, pode ser a razão pela qual você conseguiu passar por el...