Taylor Alison Swift - 2021
Não queria sair da cama, mas meu pai me tirou de lá contra a minha vontade cerca de vinte minutos atrás. Não queria comer, mas minha mãe me forçou a tomar café por conta dos remédios. Não queria conversar, mas Travis me forçou a entrar em uma conversa sobre a papelada que tinha chegado sobre nossa dispensa do exército. Queria voltar a dormir, mas ninguém me deixava quieta em um canto para poder ficar em paz por alguns minutos com minha própria presença.
Ouvi meus pais comentando com os pais de Travis que eu aparentemente tinha acordado com o pé esquerdo hoje, o que poderia ser até engraçadinho se não fosse o fato de que eu não podia mexer minha perna direita. Meu parceiro pareceu entender que eu precisava de espaço, mantendo todo mundo pelo menos um pouco afastado até que não houvesse mais como fugir de qualquer contato com o resto da casa.
Quando o relógio apontou que eram chegadas as duas da tarde meu pai guiou a cadeira para a garagem e me colocou no carro. O caminho para o hospital foi em completo silêncio, Travis estava no banco de trás me observando, seu pai era quem dirigia dessa vez e tinha os ombros tensos o suficiente para evidenciar que todos da casa estavam ao menos com um pouco de medo de todo o estresse que eu já tinha demonstrado antes das cinco da tarde, meu pai estava atrás de mim prendendo o ar e toda essa coisa já estava me dando nos nervos.
Hoje eu teria um raio X, uma avaliação dos ferimentos superficiais, um primeiro contato com a fisioterapeuta que cuidaria das minhas sessões e por fim passaria por uma tomografia na cabeça para que a gravidade da concussão não fosse algo tão grande. O que significa que eu passaria horas e mais horas zanzando pelos corredores daquele hospital como se eu fosse a porra de um ratinho de laboratório.
Pensei em gritar e implorar para voltar para casa como se fosse uma criança birrenta. Pensei em fingir acidentalmente abrir a porta do carro e me jogar na pista. Cogitei tirar o cinto e assustar Ed para que ele freasse e eu voasse pelo pára-brisa. Fiquei tentada a até mesmo me negar a sair de dentro do carro como uma criança mimada. Mas sabia que não importa o que eu fizesse não surtiria o efeito esperado, não em minha atual situação já que eles poderiam simplesmente me mover para qualquer canto independentemente das minhas vontades.
Algo que sempre foi extremamente claro sobre mim é o fato de que nunca fui alguém que gosta de ficar parado. Não importa o quão atarefado seja o dia, eu sempre vou dar um jeito de adicionar algo a mais na rotina para só ter que parar quando o cansaço tomasse conta e o sono me vencesse, mas ficar parada nunca é e nem foi uma opção para mim. Agora tudo que eu consigo fazer sozinha é movimentar a cadeira de rodas pela casa, e quando consigo já que qualquer mínimo esforço resulta em uma dor quase insuportável nas minhas costelas. Detesto estar sendo submetida a depender de todos para tudo.
— Tay...- lancei um olhar irritado para o brutamontes no banco de trás quando ele me chamou. — Tem alguma coisa que eu possa fazer para tirar esse bico irritado do seu rosto?- foi um tom baixo, como se temesse que se falasse em um tom minimamente mais alto eu pudesse lhe tirar a vida com minhas próprias mãos.
— A menos que consiga fazer com que a gente vá para o futuro e essa merda toda de exames e co-dependência, acredito que não exista nada que possa ser feito.- minha fala saiu de forma tão rude que ele encolheu os ombros e minha consciência pesou no mesmo instante em que isso aconteceu. O coitado também tá todo arrebentado e eu ainda fico descontando minha frustração por não estar bem nos ombros dele. — Desculpa... Sério, eu não queria falar desse jeito, eu só...
— Não aguenta mais ficar parada.- completou por mim quando me interrompeu. — Eu sei que isso tá sendo insuportável pra você, não precisa se desculpar por externalizar isso. Só não fica guardando essa coisa toda só pra você, ok? Eu tô aqui literalmente pra ouvir tudo o que você quiser colocar pra fora sobre qualquer assunto, sempre estive e sempre vou estar.
— Então eu posso pular do carro só pra não ter que ir pro hospital?- a pergunta saiu de forma tão genuína que quase tive vontade de me bater, e quis bater em Travis quando ele riu.
— Se você fizer isso você vai da pista direto pro hospital sem nem ter como reclamar, coisa louca.- minhas bochechas ficaram quentes na hora em que ele falou aquela simples frase. Realmente seria burrice fingir um acidente pra não ir ao hospital quando esse acidente me levaria direto pra lá. — Quer voltar pra casa?
— E eu tenho essa opção? Se eu falar que não vou descer do carro, eles me tiram daqui de dentro. Se eu me recusar a ir fazer os exames eu vou ser carregada para cada uma das salas. Se eu fizer birra não vai adiantar de nada. Se eu gritar com quem estiver na minha frente eu provavelmente vou ser medicada, o que não seria de todo o mal já que meu corpo inteiro tá doendo hoje...- comecei a despejar as palavras até que ele tocou meu braço com suavidade e me fez parar de falar.
— Você sempre vai ter o direito de escolher o que quer fazer, se quiser voltar pra casa nós vamos voltar, ligar para o hospital alegando que você amanheceu muito indisposta por causa dos remédios para dor, remarcar os seus exames e você vai ir dormir mais um pouco.- fez uma pausa de poucos segundos. — Mas primeiro você vai ter que esperar no carro enquanto eu faço os meus exames, o que acha da ideia?
— Mas se eu for só esperar eu vou estar gastando o tempo que eu poderia estar dormindo na minha cama pra ficar encarando o teto do carro...- murmurei, mesmo sabendo que aquele era o jeito que ele tinha encontrado para me convencer a fazer os exames.
— Quer fazer os seus exames?- perguntou, os olhos brilhando em esperança.
— Não.- respondi com simplicidade. — Minha perna dói, minhas costas doem e minhas costelas também estão doendo, o que quer dizer que eu preciso tomar os remédios e descansar. E vai ser só isso que a médica vai falar na consulta, então não tem pra que eu ir.- bati na tecla de que eu só seria informada do óbvio para ver se ele desistiria de tentar me convencer.
Trav recostou o corpo no banco de trás de forma medianamente brusca e bufou, nossos pais vigiavam nossa interação sem falar uma única palavra. Mas eu tinha vencido essa batalha.
— Quando eu descer eu vou deitar o seu banco pra você dormir pelo menos um pouco, aproveito e já remarco as suas coisas.- falou num tom levemente irritado e passou a olhar pela janela.
Se Trav ficou bravo comigo o problema é dele e eu dou um jeito de me redimir com ele. Mas desse carro eu não saio e daqui não tem uma alma viva que me tira.
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Sim, a loira de 31 ano vai fazer birra aqui, msm
Vcs q lidem com o estresse q ela vai causar kkkkkkkkkSó pra deixar claro aq, não sou médica nem nada do tipo, os tratamentos, o da Tay, vão ser feitos baseados no que me lembro de alguns acontecimentos da minha família. O da Tay eu vou fazer com base no que eu lembro de quando meu pai sofreu uma fratura exposta na perna, mas faz muito tempo e eu não lembro de muita coisa (tinha 2/3 anos na época), mas vou tentar fazer algo realista. Tchau
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The Great War - Tayvis AU
FanfictionAlguns laços podem ser a única coisa a te manter de pé mesmo quando tudo parece estar desmoronando... E esses dois sabem disso melhor do que ninguém. Ter alguém te apoiando no seu pior momento, pode ser a razão pela qual você conseguiu passar por el...