CAP 4- O PRIMEIRO CASO DE ERIC

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13/03
16:50

  Inúmeros investigadores rondavam a área do grande galpão abandonado, entrando e saindo conforme trabalhavam. Quatro viaturas estavam lá fora, enquanto três vans, sendo duas do IML e outra da polícia civil, estavam estacionadas no lado de dentro do estabelecimento.

  Minutos haviam se passado desde a chegada dos irmãos Arruda e Sophia. Com os corpos dos pais ainda posicionados no chão, estavam sendo obrigados a assistirem toda a investigação com eles, ao mesmo tempo que lidavam com o luto e a revolta contra os assassinos responsáveis, os famosos Money Killers.

  Sentado na parte de trás da van do IML, que continha as portas abertas, Kevin fixou seus olhos no chão e bateu o pé esquerdo nervosamente. Com sua respiração pesada, ele pensava consigo mesmo, cessando suas lágrimas.

"Os malditos Money Killers... Eu não tinha nem ideia de como eles estavam tão próximos da gente... Matar pessoas por dinheiro e prazer, não é? Esses vagabundos... Eles têm que sofrer muito por tudo isso que estão fazendo... nem que eu tenha que causar desgraça na vida deles..."

  Seu olhar se escureceu e suas veias da testa pulsaram, no exato momento em que Kevin cerrou os punhos com força. Pronto para bater em sua própria perna, as mãos de Sophia cobriram as dele rapidamente. Imediatamente, Kevin regulou sua respiração e olhou abatido para a amiga sentada ao seu lado, que deu um sorrisinho para ele, o encarando ternamente.

  A raiva daquele homem logo se esvaiu, o fazendo encolher os ombros e chorar mais uma vez. Ciente da confusão mental de Kevin, Sophia então o abraçou, em silêncio.

  Diferente do irmão mais velho, Eric jazia só, sentado no chão e encostado na parede da entrada. Ele assistia os peritos trabalharem bem à sua frente, analisando os corpos de seus pais. Tinha acabado de receber o apoio de Sophia, mas ainda tinha de lidar com seus pensamentos acelerados sozinho.

"Eu queria poder ter feito algo... Vocês estavam aqui sofrendo... E eu não pude fazer nada..."

— Não... Não era para ter sido assim, meu Deus... — Gemeu, cobrindo os olhos com a mão.

"O que eu vou fazer? Desse jeito, não me sinto no direito de me tornar um policial... Eu não posso fazer nada contra assassinos ou facções como os Money Killers... Isso não está no meu alcance, eu não consigo lidar com isso..."

  Com o rosto vermelho e molhado devido às lágrimas, Eric viu alguns dos profissionais chegando com duas macas, enquanto um deles preparava a capa para cobrir os corpos de Mário e Eliana. A hora de levá-los para o laboratório, onde mais algumas investigações da perícia seriam realizadas, havia chegado.

  Com um nó na garganta se formando mais uma vez, examinou os pais ensanguentados. Não pôde deixar de reparar nos ferimentos e na expressão vazia do rosto deles.

"Essas imagens... Não vão sair da minha cabeça..."

"— Eu não quero ser lembrada com memórias tristes."

  A voz de sua mãe soou pelos seus pensamentos, fazendo Eric se recordar da conversa que tivera com Mário e Eliana há um ano.

— Eu sei que a morte é dolorosa, mas meu maior medo é morrer e não continuar viva no pensamento dos que ficam — afirmou Eliana enquanto organizava algumas de suas cartas.

  A família estava reunida em casa naquele sábado, aproveitando a companhia um do outro, quando a conversa, de repente, tomou uma outra direção.

— Eu também temo isso — acrescentou Mário da cozinha. — E pior do que não continuar vivo, é ter que ser lembrado com coisas ruins.

— Como assim? — indagou Eric, curioso.

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