CAP 1- MONEY KILLER

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— Através de uma pichação no local do último crime cometido por esta nova facção que os misteriosos assassinos revelaram seus nomes: Money Killers. Os responsáveis por tantas mortes em Burano Lin, tendo como única motivação, prazer e dinheiro — A repórter anuncia e logo se inicia uma nova reportagem.

"Money Killers... Agora eles têm um nome..."

Eric pensa ainda encarando a televisão posicionada no alto da parede daquele restaurante. O que antes era apenas uma morte violenta devido à herança da vítima, havia se tornado o padrão de um grande grupo de assassinos que visavam tomar conta de toda a cidade. Era claro que os tais Money Killers tinham a intenção de assustar os cidadãos. Naquele momento, deviam estar felizes com a própria fama.

Com o corpo imóvel e tenso, Eric continuou encarando a tevê com seus olhos negros e brilhantes devido a iluminação do local. Acabou não prestando atenção nos comentários de Sophia e Kevin.

Não conseguia parar de pensar na segurança de sua família. A ideia de ser vítima dos Money Killers era a que mais o assustava ultimamente. Estava se formando para ser um investigador, mesmo assim, sentia que não seria suficiente para proteger a seus pais e a seu irmão.

— Eric — A amiga o chama, fazendo-o tirar o foco das notícias e voltar seu corpo a mesa, onde também estava acompanhado de seu irmão mais velho Kevin.

— Sim?

— Você logo vai se tornar um investigador. O que pretende fazer depois que terminar todo seu treinamento? — Ela aproxima seu corpo sutilmente para o lado de Eric.

— É mesmo... — Kevin se encosta na cadeira preguiçosamente e olha para o irmão à sua frente — Agora que duas das Delegacias de Burano Lin vão investigar exclusivamente os Money Killers, você vai ter que escolher: trabalhar com eles ou em casos distintos, aparentemente "mais leves" — Sinalizou aspas com os dedos.

— Hm... Eu pensei bem e decidi trabalhar em uma das Delegacias que não se envolvem com os Money Killers. Acho que vou acabar ficando sobrecarregado com tanto... Mistério dessa facção... — Divagou rapidamente, sentindo um arrepio pelo corpo — Muitos dos agentes que conheci durante a ACADEPOL me informaram que os crimes deles são mais sérios do que qualquer outro que já trabalharam. É uma novidade para eles...

— Caramba... — Sophia comenta — Se para os profissionais está sendo difícil, para os mais novos deve ser ainda mais... — Eric concorda com a cabeça — Mas vai dar tudo certo! Confiamos na Polícia e... No Eric! — Apontou para ele com as duas mãos abertas e sorriu, batendo palmas em seguida.

Kevin ri com a empolgação de Sophia e pega sua bebida da mesa:

— No Eric, já não tenho tanta certeza... —Bebeu sua vodca —Ele nem tem cara de policial! Olha para ele! — Os três riram — Não tem marra nem cara brava para isso!

— Eu não preciso ser bravo ou violento para ser um bom policial — Eric sorriu ladino, também pegando sua bebida. — Inteligência fala mais que cara fechada!

— Recebeu essa, Kevin? — Sophia apontou para ele.

— Ele está confiante mesmo, hein...

Aproveitando os últimos momentos juntos daquela noite, o trio logo pagou a conta e se preparou para ir embora. Saíram no carro de Kevin, que levou Eric até a casa de seus pais. Os irmãos moravam juntos em um apartamento, mas sempre que tinha a oportunidade de ficar ao lado dos pais, Eric aproveitava para dormir na casa deles.

Ao chegar e abrir à porta, Eric se deparou com a escuridão e o silêncio da sala. Não havia ninguém.

— Não chegaram ainda? — Kevin se aproxima do irmão e pergunta.

— Não... — Quase sussurrando responde, pegando o celular do bolso e olhando o horário — Vinte e três e vinte... Já deveriam ter chegado...

— Talvez tenham se atrasado — Sophia deu de ombros.

— Mas eles sempre avisam quando vão atrasar ou fazer hora extra... Não tem nenhuma mensagem aqui... — Ainda procura por algo no celular.

— Deve ter acontecido algo urgente, Eric. Não precisa se preocupar.

— Qualquer coisa, vão avisar depois. Relaxa — Kevin deu um leve tapa no ombro de Eric. — Bora, Sophia. Eu te levo — Brincou com a chave do carro com a mão.

— Nem precisa, homem. Você sabe que minha casa é logo ali. Só virar a esquina.

— É, e eu também sei que não sou louco de deixar você sozinha na rua escura, às onze da noite, sendo que eu posso te levar de carro. Bem mais seguro, né! Agora entra — Sophia ri e se senta no banco do passageiro logo depois da porta ser aberta por Kevin.

Os irmãos se despedem e Eric os observa partir com o carro. Já perto da esquina, Sophia aparece na janela e acena para o amigo com um sorriso largo. De longe, Eric riu. Logo entrou.

Se sentando no sofá, pegou o celular novamente. Ainda, nenhuma mensagem dos pais.

"Eles nunca deixam de avisar... Será que estão bem...? Os Money Killers... Não..."

Sacudiu a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos.

"Deve ter sido uma emergência no hospital. Meu medo dos Money Killers me deixa ansioso... Não posso pensar nisso..."

Deu mais uma checada no celular e foi dormir, esperando encontrar seus pais pela manhã do dia seguinte.

[22:50]

Passando pela ponte NE FINIS de Burano Lin, Mário dirigia em direção à sua casa, acompanhado da esposa Eliana. Ambos trabalhavam juntos no mesmo hospital. Mário como enfermeiro, Eliana como psicóloga hospitalar.

A avenida estava quase vazia. As luzes da cidade se apagavam aos poucos devido ao horário. Um silêncio confortável rondava a estrada e o carro do casal.

Eliana suspirou, se acomodando ao banco. Ao abrir os olhos, analisou o marido dirigindo. Sorriu enquanto agradecia pela vida dele.

Antes que se virasse novamente, olhou para o retrovisor do lado de Mário. Uma mancha preta chamou sua atenção. Parou de sorrir e ajeitou a postura, agora fitando os olhos no retrovisor interno.

— O que foi? — Mário pergunta ao perceber a inquietação da esposa. Ela responde:

— Um carro preto atrás de nós — afirmou, arqueando levemente as sobrancelhas.

— Sim... — Olhou os retrovisores também — Qual o problema?

— A estrada está vazia. Podia estar em qualquer faixa, mas está logo atrás de nós.

Mário analisa a situação. Eliana estava certa.

Por precaução, aumentou a velocidade e procurou um atalho. Adentrou em uma rua um tanto esburacada, tentando despistar o carro em uma área mais movimentada.

— Acho que está tudo bem agora...

Um pouco mais tranquilizados, continuam o percurso. Conheciam bem aquele lugar. 

Viraram a esquina, mas logo frearam bruscamente ao verem o carro preto bem à frente, com alguns homens mascarados saindo rapidamente dele.

— Dá a ré! Dá a ré! — Eliana exclama e Mário, com pressa, se prepara para recuar.

Antes que conseguissem, os homens apontam as armas e gritam para o casal dentro do carro, ameaçando atirar caso não abrissem as portas. Encurralados, eles abrem as portas e os três homens obrigam Mário e Eliana a sentarem nos bancos de trás, enquanto dois deles se sentavam nos bancos da frente.

O restante do grupo continuou no carro preto, que guiou seus colegas para o cárcere onde levariam as vítimas.

Num piscar de olhos, os dois carros saem daquela rua e somem da região.

... 

Money KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora