CAP 5- A CARTA SEM DESTINATÁRIO

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17/03
15:45

  No intuito de adquirir últimas informações sobre o caso dos pais e encerrá-lo por fim, os irmãos Arruda haviam ido à Delegacia pela manhã, juntamente com Sophia. Além do mistério da ação dos Money Killers, que haviam levado todo o dinheiro de Mário e Eliana, também havia a questão do carro do casal. Os criminosos haviam o levado.

Como combinado, logo após a ida à Delegacia, o trio se uniu para retirar todos os pertences dos falecidos da casa deles, que tinha sido comprada por Kevin quando ele se tornou um modelo famoso por Burano Lin.

  Enquanto três homens tiravam os móveis do lugar e os levavam para dentro do caminhão de mudanças do lado de fora, Kevin, Eric e Sophia separavam objetos que deveriam ser guardados como lembranças, colaborando para que esvaziassem a casa por completo.

  Era uma despedida dolorosa. Saber que não voltariam mais para lá e nem dariam nascimento a novas memórias rasgava-os por dentro. Com o passar do tempo, seriam obrigados a passar por aquela rua e ter de se deparar com os novos moradores da casa, que um dia abrigou um casal tão amado, mas que fora morto tão cruelmente.

  Agora, os irmãos estariam só, e não poderiam mais voltar para aquele lar.

— Kevin — Sophia o chama, descendo as escadas com vários quadros da família Fontana nas mãos — Onde coloco os retratos?

— Ah... — Seus olhos viajam pelas inúmeras caixas no chão e no sofá, escolhe uma delas e a segura — Aqui. Essa está vazia.

  Sophia então, com cuidado para não quebrar os quadros de fotos, os coloca dentro da caixa que Kevin segurava. Suspirou, vendo o amigo fazer a devida lacração, logo a colocando em cima das outras.

  Pensou um pouco e decidiu puxar algum assunto, na tentativa de quebrar o silêncio daquele ambiente:

— Kevin, já que a casa está no seu nome, o que vai fazer com ela agora?

  Parando de mexer naquela bagunça toda, Kevin olha para Sophia e a responde, dando um sorrisinho amarelo:

— Hm... vender — Deu de ombros. — Pensei em colocar para alugar, mas... — Se encolheu e olhou abatido para as próprias mãos — Eu teria que voltar aqui dentro, de qualquer forma e... não quero ter que ver uma mobília diferente da que estou acostumado...

— Ah, sim... faz sentido... — Meio sem graça, não tendo mais nenhuma ideia do que dizer para afastar aquele clima, Sophia passou a mão por seus cabelos longos, castanho escuro e ondulado, de forma nervosa — Aí, você vai dividir o valor com o Eric, não é?

— O quê? — questionou ele, arqueando uma sobrancelha — Dividir com o Eric?

— Sim, ué.

— Na-na-ni-na-não — Riu, sacudindo o dedo indicador. — Fui eu que comprei essa casa, o dinheiro fica todo para mim! Não estamos falando de herança, Sophia.

— Ah, então é assim que funciona? — Entrando na brincadeira, a mulher cruza os braços e ri junto dele — E o Eric? Como fica?

— Essa parte aí já não é da minha conta! — exclamou, dando de ombros e voltando a arrumar as inúmeras caixas no chão.

— E a consideração com o seu irmão?

— Está tão preocupada assim com ele? — indagou Kevin lentamente, com um joelho dobrado no chão, encarando-a sedutoramente.

"Óbvio. É dele de quem eu gosto."

  Sophia pensou, quase pronunciando tais palavras. Paralisou de repente e sentiu um arrepio viajar por seu corpo, assustada com a afirmação que havia acabado de fazer a si mesma.

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