CAP 22- A TEORIA DE ERIC

2 0 0
                                    

26/04
13:25

  As paredes manchadas e estragadas com as cinzas resultantes ao fogo eram as características que marcavam aquele local. Uma área onde vários blocos de prédios ficavam um do lado do outro, sendo o primeiro, o alvo do incêndio causado propositalmente por um Money Killer.

  O estacionamento ficava logo atrás dos blocos, abrangendo um grande espaço dali. Parte dele também estava em cinzas, como o prédio atingido. E era ali onde a equipe da polícia civil estava.

  Eric calculava algo consigo mesmo, tendo a ajuda de Eduardo para numerar pontos específicos no chão, usando algumas cartelas amarelas. O Delegado, atento a cada movimento e expressão de seu mais novo agente, estava em pé em frente ao seu carro, com os braços cruzados. Tentava entender o que Eric pensava e qual seria a sua teoria.

  Um tanto distante dele, Sara observava o chefe com os olhos focados no novato. Piscou lentamente e deitou a cabeça sutilmente, suspirando insatisfeita:

— Eu mereço uma coisa dessas mesmo...

— Tá falando do quê? — indagou Rafael de boca cheia, sentado no banco do motorista com as pernas de fora e comendo um pão redondo com açúcar e creme de leite dentro. A porta do carro aberta era a única coisa que separava os dois policiais.

— Do que você acha? — respondeu ela, elevando o tom de voz. — O Delegado simplesmente deixou o novato fazer o que quiser e olha como ele está! — Apontou para Eric com a mão. — Eu conheço gente desse tipo! Ele vai ficar se exaltando e se achando melhor que todo mundo depois! Na Delegacia já tem um monte, mas esse vai ser pior porque o Delegado está fazendo um "tratamento especial".

— Propina ou nepotismo?

  Com aquela pergunta, Sara encarou Rafael cortante, fazendo-o parar de comer por um instante e encará-la também, com a boca suja.

— Para de falar besteira, seu idiota! Eu quero ver você falar isso na frente do Delegado!

— Não, não! Não tá mais aqui quem falou! — Ergueu as mãos com o saco branco de onde veio o doce e terminou de comê-lo. — Mas o que eu vou pensar se o Chico Bento chegou desse jeito e o Delegado permite?

— É... Eu queria entender o que ele tem para conquistar a atenção dele desse jeito...

— É... pelo visto, Sara... — disse Rafael, mordendo mais um pedaço de outro doce. — Você não é mais a preferidinha do Delegado! — Riu.

  Ouvindo aquela afirmação, Sara pressionou seus dentes e, subitamente, empurrou a porta do carro contra Rafael, atingindo as pernas dele, que reclamou de boca cheia.

  Pegando mais algumas cartelas numeradas no porta-malas do carro onde a dupla de policiais estava, André passou por eles em seguida e brincou, sorrindo de orelha a orelha, mostrando suas covinhas no canto da boca e seus dentes brancos e bem alinhados:

— Achei que os policiais gostassem de donut, não de sonho.

— Você não é nem um pouco engraçado, André — afirmou Rafael, focado no doce em mãos.

  André continuou caminhando, rindo consigo mesmo. Ao se aproximar de Eric, por fim, o deu as cartelas amarelas e chamou sua atenção:

— Eric, você está se saindo muito bem nesse primeiro dia. Se o Delegado está depositando a confiança em você desse jeito, é porque sabe que tem capacidade, e ele não desperdiça isso. — Com a declaração repentina, Eric permaneceu em silêncio, apenas ouvindo-o. — E não se importe com a Sara e o Rafael. Os dois acabaram ficando com inveja quando viram que o Delegado te admirou tão rápido e eles se importam muito com a aprovação dele. Mas não são pessoas ruins, você vai ver.

Money KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora