22.

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Ele continuou a me olhar, parecia incapaz de desviar o olhar, e eu não podia quebrar o contato logo agora. As íris dele pareciam me engolir, um espelho para o fundo da alma, escuras esferas afiadas, Giyuu olhando-as para mim pelo o que pareceu longos minutos, fazendo minhas bochechas queimarem e meus lábios abrirem-se levemente, o silêncio do quarto nos envolvendo.

Parecia clichê, bobo para quem fosse observar, mas era de alguma forma tão... Envolvente.

Podia ver os olhos dele se aproximarem, sentir a respiração dele cada vez mais próximo, podia tocá-lo, sentir o tecido da camisa dele, meus olhos se abrindo mais para poder ver cada parte daquele belo rosto. Giyuu parecia tão cansado, mas Tinha algo nisso que era tão...

Não Shinobu...

— Acordou cedo hein.- Ouço a voz zombeteira de Sanemi, me encontrando na minha cama. — Podia até ter dormido mais— Sanemi diz, seu tom tingido de um sarcasmo aparente.

— Foi... Um sonho?— Murmuro para mim mesma, olhando em volta.

— Cara inchada do cacete— Sanemi resmunga. — Acorda. Ou será que você quer que eu tome café por você? Você tá bem garota?

— Sim— bocejo, um beicinho suave se formando em meus lábios ao perceber que era tudo um sonho.

Sonhos podem se tornar realidade, não é? É o que vamos ver.

— Você realmente se preocupa bastante com ela— murmuro para mim mesma enquanto andava ao lado de Giyuu no corredor do hospital.

— Ela é minha família, não apenas minha irmã.— O olho, percebem as olheiras suaves nos olhos dele.

—Você tem dormido?

—Não muito bem. — ele solta um suspiro suave, suas pernas longas acabando por me fazer andar mais rápido.

— Você devia tentar dormir então, não é bom ir pro trabalho com sono. Quando eu não conseguia dormir eu tomava um banho morno e antes de ir pra cama eu preparava uma xícara de leite quente com um pouco de açúcar, ajudava um pouco.

— Eu não tenho tempo para cochilos, Kocho.

— Então tira um tempo da sua agenda. Pelo o que eu sei advogados não ganham para fazer plantão, ou eu estou errada? — ele fica em silêncio, apenas andando até o quarto onde sua irmã estava.

— Ela ainda não acordou?

— Não, mas ela está se recuperando muito bem— digo, com um sorriso suave.
—Relaxa um pouco, Tomioka. Quando ela acordar você será informado.

Eu nunca havia visto ele tão preocupado.

Sinceramente, não tinha muitas esperanças de que Tsutako acordaria, mas não queria dizer isso a ele, pelo menos por enquanto.

Eu deveria trabalhar isso em mim. Deveria parar de sentir dó de coisas como essa, não deveria misturar trabalho com vida pessoal, mas eu simplesmente não conseguia evitar.

Eu sou sentimentalista, mesmo que as vezes pareça que eu não tenho coração. Eu só sinto quando eu não quero, e eu odeio isso.

Meu pai era assim também, ele sentia intensamente todas as emoções, e as vivia sem nenhum pudor.

Me sentei no sofá, senti-me afundar  no estofado, exausta. Acontecem muitas coisas quando se trabalha com pressão psicológica e se é sensível. Eu deveria ter procurado um curso mais pacífico como o de farmácia ou de psicologia.

— Qual a dificuldade? Uma hora ia acontecer. ninguém vive pra sempre —, Sanemi diz, me olhando enquanto eu descansava a cabeça nos braços. — Não é como se você fosse morrer se contasse o óbvio para ele.

— Eu sei...

— Sanemi, não seja tão duro com a Shinobu— Kanae interviu, secando algumas xícaras enquanto olhava para seu esposo.

— Mas meu amor, eu não menti. E vai ser muito mais saudável se ela não botar expectativas no pobre coitado.

— Não, ele está certo, mana. Eu realmente não deveria por expectativas nele...

— Vai Mini Kocho, finge que eu sou ele e fala pra mim. — eu não conseguia imaginar Sanemi como Giyuu, não mesmo, me dava vontade de rir só de pensar em Sanemi tentar me fazer vê-lo como Giyuu. Eles não eram nem um pouco parecidos.

— Uh... Sua irmã não tem muito tempo... de vida.— Falar isso para Sanemi era estranho, eu nem sabia por onde começar.

— Poderia ser melhor, Mini Kocho. Vamos de novo. — respiro fundo.

— Tomioka, sinto lhe informar que sua irmã não tem mais muito tempo de vida e que precisamos da sua autorização para desligar a máquina de oxigênio que a prende a este plano.

— Hum... Foi melhorzinho. Mas acho melhor não usar a parte do "que a prende a este plano".

— Ah, eu não consigo dizer isso a ele...

— Peça a outro médico para dizer.

— Mas e se ele ficar chateado comigo?

— Aí já não é problema meu.

Eu não conseguia fazer isso, de jeito nenhum.

— Shinobu, você está bem?— Giyuu pergunta, me observando preocupado enquanto via aquela expressão no meu rosto.

— Sim.

Hoje seria o dia da noiva de Mitsuri, e eu estava ansiosa para ir aos lugares junto com ela e a ajudar a escolher finalmente seu vestido.

— Ei, Shinobu, o que acha?— ela pergunta, me puxando para ver as tiaras.

— São... Lindas—, murmuro, observando os cristais que adornavam cada tiara daquela vitrine. Talvez eu sinta um pouco de inveja de Mitsuri, mesmo que eu não queira sentir. Eu também queria casar logo, não aguento mais trabalhar.

Espero que pelo menos eu consiga visitar Mitsuri se ela se mudar após o casamento.

Casamento.





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⏰ Última atualização: Sep 23 ⏰

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MOONLIGHT. (Giyushinho)Onde histórias criam vida. Descubra agora