18.

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Shinobu Kocho.

Havia um silêncio entre os alunos, a única pessoa que falava era o professor à frente da sala.

Eu consegui um lugar temporário para ficar, na casa de uma parente da minha mãe, a Sra.Mika.
Andei pelos corredores, com alguns livros em mãos, caminhando até o portão, saindo da escola.

— Ei, Kocho, você parece cansada. Vá tomar um banho, o jantar vai sair em alguns minutos— Sra.Mika avisa, com um sorriso gentil.

— a senhora precisa de ajuda?— tiro a mochila das costas momentaneamente.

— não precisa, meu bem. Pode ir tomar um banho tranquila — assegura ela, olhando para mim.

E assim eu fiz, eu me banhei, sentindo o colchão se ajustando ao meu peso e estrutura enquanto soltava um suspiro de contentamento, esticando-me para pegar um dos produtos da cômoda, o abajur iluminando suavemente o quarto, criando um ambiente aconchegante e um sentimento de paz. Passo o creme pelas pernas, sentindo o cansaço bater.

Encosto as costas no colchão, esticando meu corpo e bocejando, não demorando muito para sentir meus olhos se fechando, para sentir que estava prestes a dormir.

[...]

Ouço o barulho do despertador, abrindo os olhos, sentindo minhas costas doerem. Eu realmente preciso comprar um sofá novo. Ou simplesmente passar a tomar vergonha na cara e ir dormir na cama. Me sento, olhando em volta, vendo minha aparência no espelho perto. Meu cabelo estava completamente bagunçado, o roxo nas pontas desbotados e também estava com olheiras por causa dos plantões que tive que fazer no hospital nos últimos dias. 

Soltei um grunhido, espreguiçando-me, criando coragem para começar outro dia. Coço os olhos.

Ando pela cozinha, pegando uma xícara e enchendo de café, bebendo, sentindo o líquido quente passar pela garganta.

— Shinobu!— a menininha abre os braços, sentada na cama, sua mãe sentada ao lado da cama do hospital, a olhando, parecia preocupada, triste, mas séria.

— olá, pequena. Como se sente hoje?— pergunto, me aproximando da cama.

Tomie, era o nome da menininha de apenas oito anos à minha frente. Ela havia sido internada por causa de um câncer no pulmão. Olhei para ela, vendo seu couro cabeludo já sem cabelo, vendo ela sorrir em meio ao caos.

— eu me sinto bem, obrigado!— ela diz, e eu não consigo deixar de rir baixinho.

— "obrigada". você deve dizer "obrigada" ao invés do masculino "obrigado".— corrijo Tomie, a observando enquanto ela cora suavemente, coçando a nuca, com um sorriso.

— obrigada, então.— ela ri, levemente constrangida.

Andei pelo hospital, com um dos enfermeiros do meu lado.

— Kocho, você não pode se apegar a Tomie!— ele diz, seu tom sugestivo, porém ele tinha razão, e isso me irritava. — se algo... Acontecer com ela você sofrerá também.— ando rápido na frente dele. — estou dizendo isso para o seu bem! Todos aqui desse hospital sabem que as chances dela sobreviver é mínima!

— mas ainda há uma chance!— me viro pra ele bruscamente, pessoas passando pelo corredor movimentado. — ela tem que sobreviver. Eu não vou deixar uma criança morrer sob a minha supervisão.— me aproximo dele. — Tomie vai sobreviver, eu sei que ela consegue.

— Shinobu, o câncer já consumiu os pulmões dela e agora está indo para o coração. Será que você consegue compreender isso?— ele diz, segurando meus ombros, seu olhar preocupado. Cerro a mandíbula.

MOONLIGHT. (Giyushinho)Onde histórias criam vida. Descubra agora