19.

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Mitsuri?

— Oh, me desculpe- balbucia, logo levantando a cabeça. — Oh, Tomioka? Nossa, eu... Não sabia que você morava aqui.— Ela sorri gentilmente.

— O que faz aqui, Kanroji? — pergunto, surpreso. Já fazia um bom tempo que não a via, desde que ela saiu do emprego na floricultura a alguns anos atrás.

— Olhando um apartamento. E você?

— Eu moro aqui.

— Mora...? Não sabia que havia se mudado— ela murmura, me olhando.

— Já faz um tempo que me mudei pra cá— digo, e ficamos em silêncio por alguns segungos por não termos nada para dizer um ao outro. —Está vendo um apartamento pra você?

— Ah, não. Não é pra mim- ela diz, seu tom amigável. — Ainda está trabalhando na floricultura?

—Não, mas ainda ajudo lá quando posso.—Coço a nuca, sentindo as sacolas de supermercado começarem a pesar nos meus braços.

— Oh, então está trabalhando com o que?— ela pergunta, inclinando levemente a cabeça para o lado.

— Advogado.— Mitsuri parecia surpresa com o que a disse.

— Advogado...? Não sabia que gostava da advocacia.

— Nem eu, descobri depois que Kocho...— Kocho. Quanto tempo não falo esse nome. — ... Foi para Kyoto— babulcio. — Aliás, tem notícias dela?

— De Shinobu? Bom, eu... Na verdade eu estava vendo o apartamento exatamente para ela!— Ela ri baixinho, seus olhos se fechando ao sorrir. — Mas acho que os apartamentos daqui são um pouco caros para uma médica desempregada. Quem sabe daqui a alguns meses ela não posso alugar.

Fiquei em silêncio por segundos.

Shinobu iria voltar. Que boa notícia, significa que ela conseguiu se formar e agora vem para cá viver mais próxima de sua família e amigos. Ela era uma pessoa legal, tenho boas, e distantes, lembranças com ela.

— Mas, Tomioka, você sabe onde Iguro está morando?


Shinobu Kocho.

Relaxei contra o couro do estofado, soltando um suspiro de contentamento, ouvindo os sons da estrada e da música baixa se misturando.

Olho pela janela, observando enquanto o carro passava pela estrada em frente a vista de tirar o fôlego do mar e o pôr do sol, das pessoas na praia e dos cachorros acompanhados pelos donos.

— Pensei que em sete anos você já saberia dirigir— Sanemi resmunga, girando o volante e mudando de marcha.
— Kanae e as meninas estão ansiosas para te verem, Mini Kocho. — eu podia sentir o pequeno sorriso dele. Por mais que Sanemi fosse irritante, eu ainda podia sentir que no fundo ele gostava de mim, sim, ou melhor, gostava de implicar comigo, já que entre minhas irmãs, eu sou a única que demonstro irritação pelas ações dele.

— Também estou ansiosa para vê-las, Sanemi— digo, sem me importar muito com as provocações dele. Eu estava cansada, física e mentalmente. Eu só preciso, no momento, ter um momento para mim mesma.

— Você devia estar bem ocupada lá, não é? E por que você voltou se disse para Kanae que não poderia passar o Natal com elas?— fiquei em silêncio, refletindo enquanto admirava a paisagem pela janela.

Não pense muito nisso.

Não é como se minha carreira tivesse acabado por causa de um único paciente.

Mas...

E se eu tivesse conseguido salva-la?

Pobre menina.

MOONLIGHT. (Giyushinho)Onde histórias criam vida. Descubra agora