KOCHO'S HERE!
Estava deitada de bruços na cama, minhas articulações dos joelhos se movendo junto com as panturrilhas enquanto eu mexia os pés no ar. Cantei baixinho alguns versos da música que tocava no fone, meu foco logo voltando pro livro a minha frente. Eu precisava decorar, mas minha atenção estava dividida entre o fone e o livro.
Eu os tirei, desligando o bluetooth do celular e deixando de lado, virando na cama enquanto soltava um grunhido confortável. Sinto que vou enlouquecer se continuar lendo essa merda.
Odeio bioquímica.
Senti frustração enquanto tentava entender a matéria mais profundamente. Fechei o livro. Isso é pressão demais pra mim.
Suspiro, olhando pela janela parcialmente aberta do meu quarto, vendo a lua brilhante no céu escuro.
Isso, de maneira indistinta, me acalma.
Fiquei por um bom tempo deitada ali mesmo, meus músculos não querendo mais se mover, apenas ficarem parados, relaxados acima do colchão de maneira preguiçosa.Às vezes me perguntou o que se passou na minha cabeça para querer estudar medicina.
Ouvi batidas suaves na porta, logo ouvindo a voz mansa e aguda de Kiyo.
"Tia... Estamos com fome", foi o que ouvi bem baixinho, logo ouvindo alguns cochichos tímidos também. Meus olhos se arregalaram e me sento com um pulo. Porra, eu esqueci de fazer o jantar das meninas!
Kanae e Sanemi estavam em um encontro, comemorando o aniversário de seis anos casados em um restaurante um pouco longe daqui. Eles me deixaram cuidar das meninas, e eu acabei esquecendo disso. Merda.
Me levantei, abrindo a porta, vendo Kiyo, Sumi e Naho, as três olhando para cima e me encarando. Me sinto tão alta perto de crianças, mas, é só com elas mesmo.
Me inclinei, apoiando as mãos nos joelhos.
— o que querem comer?
— a gente pode escolher?— Sumi perguntou baixinho.
— não, sei quê vão querer comer alguma gororoba doce.— dei um sorriso pequeno para elas, na esperança de não ter parecido grossa. — Macarrão?— sugeri, e logo desci as escadas junto com as meninas. Eu peguei algumas coisas nos armários e logo comecei a fazer a janta delas. Kanao e eu não costumamos jantar, geralmente fazemos apenas algum lanchinho simples e vamos dormir.
Depois de alguns minutos, a comida já está a pronta, o vapor e o cheiro do macarrão inundando o ar e, olhando de relance para as meninas; que observavam atentas com seus pratinhos na bancada, esperando para se alimentarem, percebi que tinha alguém na porta, já que vi a silhueta. Fiquei tensa por um momento ao ver o que parecia um homem, sua silhueta levemente embaçada. Coloquei o indicador na frente dos lábios, pedindo silêncio para as garotas enquanto pegava a colher quente quê usei para cozinhar e caminhava com ela lentamente em direção a porta, olhando pelo olho mágico para ver quem era.
Abri a porta, vendo ele alí, parado e me encarando.
— o que faz aqui tão tarde?— perguntei, dando um sorriso pequeno e gentil, me acalmando ao ver que era Giyuu do outro lado da porta.
— você esqueceu sua carteira dentro do carro, então resolvi trazer pra você. — ele disse, seu tom é um pouco exausto enquanto ele ergue sua mão, me devolvendo minha carteira. Ele parecia estar saindo do trabalho agora.
— obrigada...— murmurei, pegando minha carteira das mãos dele.
Logo senti o olhar dele se voltando para algo atrás de mim, algo que o fez acenar com a mão e dar um sorriso pequeno, logo vendo Naho atrás de mim, também acenando para ele.
— você conseguiu estudar hoje?— ele pergunta, a cabeça inclinada para baixo enquanto ele me olha, cruzando os braços de maneira frouxa. Estava frio, e ele parecia tentar aquecer-se.
— huh, ah, não, infelizmente não consegui decorar tudo e acho que não vou conseguir decorar a tempo. — suspirei suavemente, olhando para ele. — você acabou de sair do trabalho?
— não, saí a um tempo, mas tive outros compromissos também e acabei ficando até tarde.— a voz dele parecia cansada, porém relaxada, calma e um pouco rouca. Queria perguntar o que ele estava fazendo, mas acho que seria um pouco invasivo, e também não é da minha conta.
— você quer entrar um pouquinho?— uma das meninas perguntou. — Janta com a gente, senhor tio Tomioka!— ouvi Sumi pedir entusiasmada.
Giyuu ri baixinho, com um sorriso lindo. Fiquei por alguns segundos encarando, ele parecia... Bonito?
— Não posso, meninas, mas prometo que quando der, virei jantar ou almoçar com vocês, tá?— ele fala, seu tom atencioso e agradável, ainda sorrindo suavemente pras meninas, logo passando os dedos por entre os fios escuros que escaparam do aperto do elástico de cabelo dele. Giyuu olha para mim. — tenho que ir agora, mas, te vejo amanhã, okay?— ele dá alguns passos pra trás, andando de costas enquanto olhava pra mim.
Eu assenti, com um pequeno sorriso amigável nos lábios enquanto o observava se afastar e logo ir embora.
Não se falava mais de Douma, não se sabia mais dele. Makomo estava nervosa por causa da prova, sempre me olhando enquanto fazíamos o teste. Eu sabia boa parte daquilo, porém, ainda sim, tive uma certa dificuldade. Odeio provas.
Fui uma das últimas pessoas a entregar o teste já respondido, já que fiquei conferindo cada pergunta depois que respondi, uma por uma.
— Ei, Shinobu, vamos almoçar. — Makomo parou ao lado da minha mesa enquanto eu guardava minha caneta e suspirava. — você está bem?
— ah, sim, estou — disse, pondo alguns fios de cabelo atrás da orelha e saindo da sala com Makomo, indo para o refeitório.
O tempo passou rápido.
Guardei algumas coisas na mochila, pegando um elástico para prender o cabelo. A sala estava vazia, escura, pouco iluminada apenas com as luzes vindas do corredor. Peguei minha mochila, saindo da sala e andando pelos corredores pouco movimentados.
Eu saí pelo portão, meus pés estavam doendo, ficaria com calos talvez. Acordei atrasada, e por isso não consegui calçar as meias. Não demorou muito para ver o carro de Giyuu. Agradeci silenciosamente por ele não ter estacionado muito longe.
Ao abrir a porta do carona, fiquei um pouco surpresa, Tomioka me olhou, e a garota também.
Fiquei um pouco sem graça, mesmo que eles não estivessem fazendo nada.
— Ah... — não sabia como agir. — olá? Boa noite. — fechei a porta, e a garota me deu um sorriso gentil. Ela era muito bonita, muito mesmo. Ela parecia gentil.
Abri a porta do passageiro, me sentei, vendo os dois na frente.
Eu não a conhecia.
— você é a Kocho? Giyuu me falou de você— ela diz, se olhando na câmera do celular. Giyuu? Ela... Chamou ele pelo primeiro nome?
Dei um sorriso amarelo, tentando parecer gentil também.— ah, sim, sou Kocho, e você? — ela tinha um sotaque suave, parecia estrangeira, porém falava japonês muito bem.
— Yoo-na, me chamou Yoo-na.— ela ajeitou seu cabelo, guardando o celular e se virando para me olhar. Ela tinha olhos bonitos e uma boca delicada.
— Kocho, você vai passar em algum lugar antes de ir pra casa? — Giyuu pergunta, olhando para a estrada enquanto nos afastavamos da universidade.
— não, não vou— o respondi, ainda com o sorriso falso para não parecer arrogante. O caminho inteiro, Yoo-na ficou conversando comigo, ela era legal.
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MOONLIGHT. (Giyushinho)
Hayran KurguShinobu Kocho, uma jovem de dezenove anos, no qual o único objetivo no momento é se formar na faculdade de medicina e ter um futuro digno. aluna nota dez e uma ótima irmã e filha, seu único defeito é a raiva constante. Giyuu Tomioka, um homem de vin...