A Obsessão dos Irmãos Darkmore.

♥ Capítulo 6 ♥

Yara Blake.

Sábado.

Enquanto corto os legumes para o almoço, uma mistura de irritação e ansiedade começa a crescer dentro de mim. Tudo o que eu queria era passar o sábado sozinha, organizar minhas coisas e me preparar mentalmente para começar o novo emprego na mansão dos Darkmore. Mas, claro, Ronan não podia deixar isso acontecer. Ele fez questão de contar à minha família sobre o meu novo trabalho, e agora, eles decidiram vir almoçar aqui, sem nem ao menos me perguntar, como sempre fazem. Não bastasse o estresse de lidar com a casa, agora preciso enfrentar a presença crítica dos meus pais.

Por que ele teve que contar? Ele sempre faz isso, parece que se diverte vendo como eu fico nervosa. A voz dele ainda ecoa na minha cabeça, aquela frieza e indiferença com que me trata sempre. Porque eu quis, Yara. Não é óbvio? Como se isso fosse motivo suficiente para me jogar em situações como essa.

Eu me movo rápido pela cozinha, tentando fazer tudo ao mesmo tempo. O cheiro de alho refogando começa a encher o ar, enquanto fervo as batatas. Não posso errar, sei bem como minha mãe é. Se a comida não estiver perfeita, vai me repreender na frente de todos, como sempre faz. E depois, como se fosse uma desculpa válida, vai dizer que é para o meu próprio bem. É sempre assim. Ela não se dá conta de como essas palavras me machucam, de como fico me sentindo depois.

Estou tão concentrada que, quando a campainha toca, meu coração dá um salto. Meu tempo acabou, e eu não consegui fazer tudo o que queria.

— Vá logo abrir a porta, Yara! — Ele grita da sala, como se eu já não soubesse disso.

Ele nunca se levanta para atender a porta, nem para fazer nada por mim. Sei que ele me odeia, mas porque gosta de me ver sofrendo assim?

Caminho em direção à porta, abro e encontro meus pais parados ali.

— Que demora, minha filha. — Começa minha mãe. — Sabe que sempre tem que ser rápida em abrir a porta para uma visita. Demorar tanto assim, é falta de educação. — Já começou com suas críticas.

— Sinto muito, mãe. Estava preparando o almoço. — Dou espaço para eles entrarem.

— Ainda preparando o almoço? Já são meio-dia, Yara. — Me olhou séria. — Não foi essa educação que eu te dei.

— Querida, não pegue tanto no pé da nossa filha, ela agora tem um marido. Ele mesmo pode a repreender. — Meu pai diz, tentando acalmar ela.

Um marido que me odeia, que sempre faz questão de me machucar e de me humilhar.

Minha mãe suspira.

— Eu sei, querido. Mas fico decepcionada. — Ela olha para o Ronan que está jogado no sofá. — Sinto muito pela minha filha, Ronan.

— Não se preocupe, sogra. Ela ainda é inútil em algumas coisas. Mas pelo menos vai ajudar a minha empresa com o dinheiro que vai receber. — Olho para ele incrédula.

Como assim o dinheiro que irei receber vai ser para ajudar sua empresa?

— Que ótima notícia. — Meu pai diz, animado. — Quinze mil dólares vai ajudar muito. Muito bem, minha filha.

Olho para o Ronan ainda chocada. Ele me olha de volta.

— O que foi? Achou mesmo que eu iria permitir que você morasse na casa de outra pessoa, para não me ajudar? Agradeça por eu permitir.

Meus pais apenas concordam, sem nem perceberem a humilhação por trás de cada palavra dele.

Respiro fundo, tentando segurar as lágrimas que ameaçam cair. Não posso chorar, não agora. Eles não entenderiam, e ele certamente não se importaria.