♥ Capítulo 22 ♥

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Damien Darkmore.

Fiquei no consultório até tarde hoje. Não iria voltar para casa, mas não conseguia me concentrar no trabalho, então resolvi sair mais cedo. No caminho de volta, algo me chama a atenção perto do ponto de ônibus. Meu coração quase parou quando percebi que é a Yara.

Vê-la daquele jeito, encolhida, com o corpo tremendo de frio e os olhos cheios de lágrimas, mexe profundamente comigo. A chuva molha suas roupas e seu cabelo, deixando-a com um aspecto ainda mais frágil. Não penso duas vezes; paro o carro bruscamente e corro até ela.

— Yara! Pelo amor de Deus, o que aconteceu? — pergunto, segurando seu rosto gelado entre minhas mãos. Ela está fria como gelo, e meu instinto é protegê-la. — Você está muito gelada, vai acabar pegando uma pneumonia.

Ela tenta resistir quando a puxo em direção ao carro.

— Eu vou molhar o banco... — murmura, quase sem forças.

— Não me importo com a porra do banco, apenas entre nesse carro, Yara. — insisto, sem paciência para formalidades.

Ela engole seco e finalmente cede, entrando no banco da frente. Fecho a porta e corro para o lado do motorista, entrando também. Meu coração continua disparado enquanto ligo o aquecedor do carro.

— O que aconteceu? Sabe que horas são? — pergunto, tentando manter a voz calma, mas a raiva cresce dentro de mim.

Começa a tremer mais, e lágrimas silenciosas escorrem por seu rosto. Me estico até o banco de trás, pego meu jaleco e coloco sobre os ombros dela.

— Tente aguentar até chegarmos em casa. — digo, tentando transmitir alguma segurança.

Mas quando ela finalmente fala, sua voz é apenas um sussurro, quebrada pelo choro.

— Eu... eu não aguento mais... — ela começa, e cada palavra é um golpe no meu peito. — Não quero voltar para aquela casa... cansei... cansei de tanta humilhação... por favor, senhor Damien... Por favor, peça ao senhor Kael para me ajudar com o divórcio... não aguento mais viver com aquele homem...

A dor em sua voz é como uma faca, e meu sangue ferve de ódio pelo desgraçado do Ronan. Esse filho da puta vai pagar por deixá-la assim, por fazer Yara sofrer desse jeito.

Seguro sua mão com firmeza e levo até meus lábios, depositando um beijo suave.

— Não se preocupe com mais nada, Yara. Você não volta mais para aquela casa. — digo, com a voz firme. — Nós vamos cuidar de tudo. Saiba que agora está segura.

Minha decisão está tomada. Ronan vai pagar por tudo o que fez.

No caminho, dou uma olhada para Yara e vejo que ela adormeceu, finalmente descansando um pouco. O cansaço e o frio a dominaram, e seu corpo cedeu. Sem pensar duas vezes, pego o celular e envio uma mensagem rápida para Magnus e Kael. Preciso avisar que encontrei Yara no ponto de ônibus, no meio da chuva, e que estou levando ela para casa. Eles precisam saber o que está acontecendo.

"Encontrei Yara. Estava no ponto de ônibus, sozinha e molhada até os ossos. Estou levando-a para casa agora." escrevo, pressionando enviar logo em seguida.

Solto um suspiro profundo e volto a olhar para ela. O rosto delicado está agora sereno, os olhos fechados, mas algo chama minha atenção. Uma marca avermelhada em sua bochecha me faz apertar o volante com força.

— Filho da puta... — murmuro entre os dentes, sentindo a raiva crescer dentro de mim como uma chama incontrolável.

Será que Ronan bateu nela? Aquele miserável ousou levantar a mão contra ela? Só de pensar nisso, sinto meu sangue ferver. Se ele teve a audácia de machucá-la assim, não vai ficar impune. Vou garantir que ele pague caro por cada lágrima que ela derramou, por cada marca que deixou nela.

E não sou só eu que vou garantir isso. Meus irmãos, Magnus e Kael, também vão ficar furiosos quando souberem o que aconteceu. Magnus tem um temperamento explosivo quando se trata de injustiças, e Kael, com sua calma perigosa, sabe exatamente como fazer alguém sofrer de todas as formas possíveis. Quando eles descobrirem que Ronan machucou Yara, vão fazer de tudo para acabar com ele. Não haverá lugar no mundo onde ele possa se esconder.

Estaciono o carro na garagem da mansão e saio rapidamente, sentindo a urgência da situação. Dou a volta no carro e abro a porta do lado onde Yara está dormindo. Seu corpo continua muito gelado, e percebo que, se não fizer algo rápido, ela pode acabar ficando doente. Com cuidado, pego-a no colo, sentindo seu corpo frágil e exausto encostar-se ao meu.

Entro na mansão, e a única pessoa que encontro na sala de estar é Magnus. Ele está sentado, mas assim que me vê, levanta-se imediatamente, com uma expressão séria no rosto. Kael está provavelmente a caminho. Magnus se aproxima, seu olhar fixo em Yara.

— O que aconteceu? — Pergunta em um tom baixo para não acordá-la

Seguro Yara com mais firmeza, preocupado em não a deixar desconfortável enquanto respondo:

— Depois conversamos, irmão. Ela precisa tirar essas roupas molhadas. Está exausta de tanto chorar.

Vejo a expressão de Magnus se fechar ainda mais ao ouvir que ela chorou. Seu maxilar se contrai, e eu sei que ele está se controlando para não explodir de raiva.

— Certo. — Ele apenas murmura, assentindo com a cabeça.

Passo por ele com Yara nos meus braços e a levo diretamente para o meu quarto. Abro a porta e caminho até o banheiro, com cuidado para não acordá-la abruptamente. Dou um beijo suave em sua testa e a chamo, despertando-a lentamente:

— Yara, estamos em casa agora. Você está no meu quarto. Tome um banho, vista uma camisa minha e vá descansar na cama. Preciso conversar com meus irmãos, e você não precisa se preocupar com nada agora. Apenas descanse. Depois conversamos.

Ela abre os olhos devagar e olha para mim, ainda com um semblante cansado, mas concorda com um leve aceno de cabeça, sem forças para falar. Dou um beijo em sua bochecha e saio do quarto, indo até o meu closet para pegar uma roupa para mim, já que as minhas também estão molhadas.

Caminho até o quarto de hóspedes para me trocar rapidamente. Assim que termino, desço para o andar de baixo. Quando chego à sala de estar, vejo que Kael já está ali, parado ao lado de Magnus.

Magnus está com uma expressão sombria, enquanto Kael mantém o rosto impassível, mas sei que ambos estão ansiosos por respostas. O ar está pesado com a tensão e a raiva que todos sentimos.

A Obsessão dos Irmãos Darkmore.Onde histórias criam vida. Descubra agora