"Você ficava só de meia, eu te chamava de sereia..."

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- Você tem certeza que ela não te mordeu? — Louis perguntou enquanto Conan olhava todo o meu pescoço pela oitava vez.

- Ela não é uma vampira. — Falei, já entediada com tudo aquilo.

- Você só quer saber de brincar com ela já faz uma semana, certeza que você não era tão branca. — Partridge coçou o queixo, analisando.

- Não viaja.

Minhas tardes se baseavam em brincar com Olivia. E eles também nem sentiam muito a minha falta, Conan estava na cidade de novo, e eu e Barry sempre somos os excluídos por acabar sendo mais novos. Talvez o Barry sinta realmente minha falta, ele nem estava na rua hoje. Gracie e Billie estavam sentadas na calçada conversando enquanto eu recebia o check-up anti-vampiros que os meninos haviam criado. Olivia tinha um trabalho da escola para fazer e não iria brincar até terminar. Louis tinha estranhado que agora eu sabia o que era um sabre de luz, as jóias do infinito e a Enterprise. Tudo graças a incrível coleção nerd de Olivia. Os dois concluíram que eu ainda não tinha sido mordida e me deixaram em paz.

- Eu nunca vi essa tal de Olivia. — Conan disse, cruzando os braços. — Ela existe mesmo?

- Lógico que existe, Conan. — Madison disse, revirando os olhos. — E se vocês fossem mais legais com ela veriam que ela é uma pessoa bem mais divertida que vocês.

Isso era fato. Olivia quase não saia para brincar na rua. As poucas vezes que fez isso, deixou todo mundo surpreso com as coisas que ela sabia fazer. Depois de muita conversa eu descobri que ela fazia ginástica na escola e era do time de futebol. Isso explicava o ritmo extremamente atlético que ela tinha. Depois de conversar, decidimos ir ao parque. Uma das músicas que costumava ouvir na casa de Olivia estava na minha cabeça, dos discos de vinil, 1993, como ela me contou um dia. Era um rock antigo que eu não sabia cantar ainda, mas a melodia ficava na cabeça. E qualquer coisa ficava muito mais legal se eu imaginasse ela como trilha sonora. Chegamos no parquinho e estava algumas crianças. Reconheci elas, era o novo grupinho do condomínio.

Eu não preciso dizer que minha turma tinha rixa com a deles. Daniel Rangel, Rayssa Bratillieri e Gabriel Contente, ambos de 7 anos e Alice Milagres de 9. Partridge bufou em vê-los. A gente se aproximou, como se fossemos os donos do playground (e, convenhamos, nós somos os donos do playground). Louis franziu para Gabriel.

- Sai do escorrega. — Ele falou, cruzando os braços.

- Me obrigue. — O outro, que era do mesmo tamanho do meu amigo repetiu o gesto.

- Estão no nosso esconderijo! — Gracie apontou para Alice, que estava lá em cima, na varanda da nossa casinha. Meu sangue ferveu no meu pequeno corpinho de seis anos.

- A gente vai acabar com vocês! — Louis cerrou os punhos.

- Tenta, magrelo! — Daniel saltou da estrutura que tinha e parou ao lado do seu amigo cacheado.

- Vamos fazer assim, quem ganhar a corrida fica com a casa. — Madison sugeriu. Sorri, ninguém vencia do nosso Louis.

- Feito! — Daniel sorriu, metido. Rayssa olhava tudo de longe.

- Se um de vocês ganharam de todos nós, vocês levam a casa. — Madison fez as regras e todos concordamos.

Daniel então se posicionou, indo contra a Gracie. Ele ganhou, e todas as outras até chegar a vez do Louis. Depois, Alice refez as corridas, perdendo para Gracie. Veio então o Gabriel cacheado perder para o Louis. Foi a vez, então, da garota misteriosa. Rayssa chegou com seu olhar 007. Ela venceu todos, um atrás do outro e antes mesmo de chegar sua vez, Partridge parecia nervoso.

- Eu acho que vou perder... — O lábio inferior dele tremeu, como sempre acontecia quando ele segurava o choro.

- Você vai ganhar, é o melhor! — Gracie incentivou. Nós nos olhamos. Nós sabíamos que aquilo não era verdade.

Kairós - salivia.Onde histórias criam vida. Descubra agora