"If this love is pain, then, let's love tonight..."

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O resultado da discussão foi quase imediato, mas eu fui saber semanas depois. Olivia tinha terminado com Gabriela. O motivo, exatamente, eu não sei. Mas elas conversavam, mantiveram uma amizade. O que eu vou contar hoje é o aniversário de dezesseis da menina Rodrigo. Fazia semanas que Olivia e Gabi haviam terminado e era dia 9 de março, aniversário dela. Ela sempre teve um jeito não-convencional de comemorar, esse ano, por exemplo, iríamos acampar e voltaríamos no domingo, depois do almoço. Então, lá estava eu esperando a aula terminar, com Barry tão ansioso quanto eu.

Tínhamos carregado as malas para a caminhonete do pai da Olivia hoje cedo, não podia negar que passei a semana querendo essa viagem. Iríamos sair da escola já na caminhonete, almoçariamos na subway e pegaríamos a estrada para achar, como Olivia chamava, o paraíso perdido entre cidades do interior de São Paulo. Louis estava em outro carro, levando o resto da turma. Na caminhonete ia eu, Billie, Barry e Gracie. Com Partridge iria Conan, Matheus, Madison e um menino que era amigo em comum da Olivia e do Louis. Esse amigo era de uma das rodinhas de violão que a vida trouxe, como ela me disse, o nome dele era Mikael, tinha a minha idade, graças ao meu prezinho (que eu reprovei) eu e Barry estudávamos juntos. Billie era um ano a frente, mas ainda na mesma escola. Respirei fundo, o relógio não andava. O tempo parecia congelado. Até hoje sinto a ansiedade viva como naquela manhã de sexta feira. Aquele dia foi um dos mais incríveis da minha vida, e tem minhas lembranças favoritas.

Quando o sinal bateu, eu agradeci todos os santos que conhecia e sai da sala segurando o Barry pelo pulso. Assim que saímos, vimos a caminhonete prata estacionada e Olivia me esperando no portão. Não era a primeira vez que a gente se via depois da briga, mas o bom humor dela hoje era incontestável. Me recebeu com aquele sorriso de sempre e me abraçou forte, dando um beijo no topo da minha cabeça. Respirei fundo, sentido o cheiro daquele perfume imutável.

- Como foi a aula?

- Parecia que não iria acabar nunca! — Comentei, sorrindo e levando minha mão até a dela, entrelaçando nossos dedos. As brigas e os desentendimentos acabaram junto com o namoro dela, e talvez uma parte de mim se sinta culpada, mas, ela parecia feliz. Gabi não vinha acampar por estar gripada e os pais dela não deixarem ela dormir duas noites em uma barraca.

- Ah, é? — Ela sorriu, me puxando até o carro. Billie tinha chegado e guardado a mochila no porta malas.

Subimos no carro, Billie foi na frente, Barry atrás, Olivia no meio e eu do outro lado. Ela ainda segurava minha mão. Fomos direto para o subway, porque Gracie nos encontraria lá. Ela já tinha adiantado os pedidos, o pai da Olivia pagou e nos sentamos para comer. Então, chegamos num ponto que me deixa constrangida. Todos sabemos que comer no subway é pedir para ficar com o rosto todo sujo de molho, e nem Olivia e sua etiqueta francesa estava livre disso. Isso fez com que eu notasse que adorava trazer ela ali comigo, porque o rosto dela se sujava e era a coisa mais fofa que eu já tinha visto.

Olivia sempre foi de uma classe de educação elevada ao ponto de comer qualquer comida com macarrão e caldo e não respingar. Mas, como disse, ela não se livrou da sina do restaurante de lanches de metrô. Ela pediu um bem recheado, com salada e três tipos de molho. Eu estava sentada de frente para ela e na primeira mordida, os cantos do rosto e do queixo se sujaram com maionese e barbecue. Ela, com toda classe, tentou limpar com a língua. Lambeu o cantinho da boca, pegado uma parte do molho. Mas seu queixo ainda estava sujo. Sorri, meu deus, ela era tão bonitinha. Ela continuo a comer, e como sempre, fazendo um leve biquinho ao mastigar. Talvez eu tivesse me descobrindo. Mas esse assunto era um dos últimos que se passavam na minha cabeça. Bom, começou a se passar agora.

Quando terminamos de comer e voltamos para o carro foi quando eu notei que éramos seis, e o carro só tinha cinco lugares. Gracie se sentou na frente, Barry no meio e Billie no banco atrás do banco do passageiro. Olivia se sentou no outro banco e olhou para mim. Ela não precisou falar, eu sabia o que ia acontecer. Respirei fundo e subi, me sentando no colo dela. Acho que preciso dizer que do ano passado pra cá Olivia tinha crescido bastante e estava bem mais alta que eu. Fechei a porta, o banco era largo, e Olivia bem magra, o que me fez sentar basicamente entre as pernas dela. Encostei as costas nela, e ela enlaçou minha cintura. Minha respiração falhou e algo dentro de mim se comprimiu. Não era meu estômago, era... mais embaixo. Era como sentir borboletas, só que mais embaixo. Meu rosto corou. Eu não sabia o que era aquilo. Mas continuou. E ficava mais forte quando ela apertava minha cintura.

Kairós - salivia.Onde histórias criam vida. Descubra agora