"It was just like a movie, It was just like a song... "

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Respirei fundo, olhando o salão cheio de pessoas. Todos da empresa estavam aqui, já que era junho e nós fechávamos o segundo ano de atividade, tendo um sucesso, podíamos dizer que estávamos em ascensão no ramo. Acho que não falei sobre em que eu e Barry trabalhávamos. Teoricamente, minha participação era apenas uma ocasionalidade, eu tinha um emprego na Cosmos, uma linha de roupas. Eu, Gracie e Billie trabalhávamos juntas: eu desenhava as peças, Gracie confeccionava e Billie era a modelo. Ia fazer um ano que estávamos contratadas, e eu lançaria uma nova linha em agosto. Barry e Louis trabalhavam juntos, eles eram os verdadeiros donos do negócio: um estúdio que dava apenas suporte e estrutura para artistas novos e pequenos, para que tivessem material profissional para apresentar ao público. Barry, formado em música, ajudava na produção das faixas, e Louis, formado em cinema, ajudava nas filmagens dos videoclipes. Nesse ramo, os dois se ajudavam, mas Barry também dava aulas sobre como usar os equipamentos para formar produtores e músicos com experiência em gravação de áudio e mixagem, sem falar nas aulas que ele dava. Partridge produzia curtas, ajudando atores menores e ensinando jovens cineastas, além de ajudar a produzir roteiros e ensinar pequenos interessados no ramo. A Produtora M&S (Mercury & Spielberg) só subia no ranking de empresas com maiores crescimentos por ano.

Me forcei a sorrir. Barry estava ao meu lado, me olhando com o cenho franzido. Louis estava conversando com os funcionários, sorrindo e dizendo como estava empolgado com o fato de a empresa estar trabalhando no projeto do novo prédio que usaríamos no ano que vem. Ele falava sobre a nova contratação do grupo de arquitetos, mencionando que a pessoa que viria comandar o projeto era uma arquiteta em ascensão, recém-chegada da França. Íamos fazer uma reunião com essa pessoa na próxima semana, mais precisamente na quinta-feira. Mesmo não participando ativamente, Barry pediu minha presença nessas decisões, pois achava que teríamos mais sucesso se pensássemos em tudo juntos, esse plano nunca falhou antes.

— Brina? — Barry chamou, se aproximando com uma garrafa de água. Ele me conhecia tão bem. — O que houve?

— A música, Barry. — Peguei a garrafa, dando um longo gole. Ele sabia que eu não estava bem. — Falamos disso em casa, não quero estragar a festa. — Sorri, dessa vez sem forçar. — Amo você, querido. — Falei, dando um selinho em seus lábios. Não que fizéssemos mais que isso quando estávamos sozinhos.

Eu e o Barry estávamos casados mais por questões profissionais do que por amor romântico. Acho que casar foi mais como um ingresso para a vida adulta. Não precisávamos mais ouvir os parentes falando sobre isso, tínhamos uma desculpa para não querer ir aos rolês e, mais ainda: eu morava com meu melhor amigo. Sendo casados, estávamos sempre disponíveis um para o outro. Barry se tornou meu porto seguro, abrigo, um lugar para descansar nos dias difíceis. Ele nunca enjoou das minhas comédias românticas repetidas, nem das minhas animações infantis que me faziam chorar até o dia seguinte. Barry foi a melhor decisão que tomei na minha vida. As coisas com ele eram sempre mais fáceis do que pareciam e, depois do dia de hoje, eu só queria o seu cafuné e ouvi-lo cantar a música de sempre, numa versão só dele, lentinha e gostosa, a capella, que ele cantava balançando o pé. Eu tinha aprendido todas as manias dele nesses três anos de casada.

Louis estava lá, conversando com nosso estagiário de edição de imagem. Louis nunca casou, nem sei se ele namorou. Ele parecia ser bastante sozinho e, quando não tinha serviço para o feriado, se enfiava no meio do mato em suas trilhas. Ele era dono da maior paz de espírito que eu conhecia, tão tranquilo e tão... sério. O tempo tinha sido cura para todos nós de diferentes formas. Eu via algo diferente em Louis, em Barry, em Gracie, em Billie, em Conan. Não, não, não, não, não! Não vou pensar no quanto ela mudou com todo esse tempo. Você chorou as lembranças junto com as lágrimas, Sabrina, você não vai reabrir essa ferida.

Kairós - salivia.Onde histórias criam vida. Descubra agora