Kairós - salivia.

"I know your love's not real but that's not the way If feels"

Depois de ir para casa naquele dia, prometi que nunca mais beberia antes da hora. E eu cumpri, o trauma foi tanto que até hoje evito beber muito. Olivia ainda estava mais séria comigo, mas aos poucos tudo voltava ao normal. Louis e eu não estávamos em um clima estranho por causa do beijo; ele parecia mais preocupado do que qualquer coisa, com medo de que outro garoto me incomodasse por causa do vídeo que saiu de mim com o Conan. Falando nele, uma semana depois da festa, ele me ligou em prantos. Ele não estava só chorando, chegava a soluçar.

— Sabrina? — Ele chamou, entre uma fungada e outra.

— Oi, Conan, o que foi? — Eu estava preocupada, óbvio. — Tá tudo bem? O que aconteceu?

— Não tá tudo bem, Sabrina, eu sou um idiota — ele começou, tentando parar de soluçar. — Eu fui um babaca semana passada, eu não tinha o direito de fazer aquilo, eu não devia ter te dado bebida, eu não devia ter aproveitado disso, eu fui... eu fui repulsivo, Sabrina, eu tô com nojo de mim! — Conan voltou a chorar. Meu coração apertou.

— Conan, calma, tá tudo bem, ok? Deixa isso pra lá.

– Não, Sabrina! – Ele puxou o ar com força. – Eu fiz algo muito sério, muito sério mesmo. Porque você não sabe, mas eu não iria parar ali. Eu... Me perdoa, Sabrina, de verdade.

– O que quer dizer com "não iria parar ali", Conan? – Engoli em seco. Eu senti medo, de novo. A sensação que senti quando ele não me soltou voltou.

– Que eu sou um cara nojento como todos os outros. – Ele soluçou. – Eu sinto muito mesmo, Sabrina, você não precisa me perdoar, eu teria feito algo muito ruim naquele dia.

– Mas não fez. – Tentei tranquilizá-lo. Ele precisava mais do próprio perdão do que do meu. – E você pode até pensar que conseguiria fazer algo naquela noite, mas eu duvido que conseguiria na hora, Conan. Você é um menino bom, você pode ter pensado em fazer algo além do beijo, mas eu duvido que tenha chegado a realmente pensar naquilo.

– Sabrina... Eu estava fora de mim, mas isso não tira minha culpa. Eu pensei que finalmente conseguiria tirar esse peso de mim, mas quando eu me toquei do que significava tirar esse peso... Eu comecei a chorar e não conseguia parar. – Ele respirou fundo. Eu sentia que ele tremia.

- O Louis está aqui agora. Minha mãe o chamou porque eu não parava de chorar. Ele me aconselhou a ligar, disse que você não iria me ignorar... Ele está lá embaixo preparando um lanche enquanto a gente conversa.

- Conan, você não teria feito nada naquela noite. Eu sei que não. No momento em que você olhasse para mim, iria desabar. Você é um garoto tão doce, não precisa me explicar. — Tentei, ele precisava se acalmar.

- Eu estou com tanto nojo de mim. Na hora, eu não pensei no que estava fazendo, eu só... queria me livrar desse peso logo.

- Que peso, Conan?

- De ser virgem, Brina. Os meninos da minha escola estão me pressionando e zoando por causa disso. — Me sentei, sem acreditar que tudo aquilo era por algo tão idiota. Então, lembrei da Sabrina de nove anos que chorou por ser a única do grupo que ainda não tinha beijado.

- Eles são tão idiotas, Sabrina, eles... São tão estúpidos e... Eu não deveria me importar com a opinião deles, mas todo mundo se importa e eu simplesmente não consigo ignorar. Eu não gosto de quem estou me tornando por causa deles. Acho que vou trancar a faculdade, fui na onda da galera do colégio, Sabrina... Eu não queria estar fazendo Engenharia Civil. — Ele fungou. — Eu me tornei um babaca porque me deixei levar, e acho que não é só a você que preciso pedir desculpas, preciso ligar para a Talita. Fui um babaca com ela. Não quis namorar com ela porque os garotos disseram que isso era ridículo, ainda mais com uma “crentizinha”. — Ele voltou a chorar por alguns instantes, antes de respirar fundo e continuar. — Você é minha melhor amiga, Sabrina, e é a primeira pessoa a quem estou dizendo isso. Eles colocaram tanta pressão em mim que eu surtei. Me perdoa pelo que eu poderia ter feito, nenhuma pessoa no mundo merece ter sido beijada à força daquela forma. — Conan parecia mais calmo agora. — Eu não tenho pressa para isso, sabe? Eu caí na pilha deles porque sou fraco e... inseguro. Deixei meus princípios de lado, Brina...