Capítulo 27 - 28

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PETE

QUANDO VEGAS DISSE que sua família tinha uma propriedade nas ilhas Turcas e Caicos, imaginei uma mansão de praia arejada com móveis de vime e belos jardins. Eu não tinha imaginado a porcaria de uma ilha inteira.

Apelidada de Jade Cay, "Recife de Jade", devido à cor das águas que a cercavam, a ilha abrangia mais de 150 hectares de vegetação exuberante, praias imaculadas e vida selvagem exótica. A residência principal em estilo balinês ocupava o ponto mais alto da ilha, oferecendo vistas espetaculares de 360 graus do Caribe e todas as comodidades de um resort de luxo cinco estrelas. Oito quartos, três varandas circundando o imóvel, duas piscinas de borda infinita, um chef particular que fez a lagosta mais deliciosa que já provei.

Eu poderia viver e morrer feliz ali.

Vegas e eu tínhamos chegado na tarde do dia anterior, passado a noite nos acomodando e no dia seguinte já estávamos a toda. A manhã havia sido um borrão de escrita (eu), ligações (ele) e brainstorming (nós dois). Vegas tinha razão: trabalhar arduamente em meu manuscrito em um paraíso tropical era muito melhor do que fazer isso no inferno invernal da Nova York pós-Natal.

Naquele momento, estávamos fazendo uma pausa para o almoço no terraço e nunca me senti tão relaxado, mesmo com meu prazo surgindo no horizonte como uma nuvem de tempestade. Ali, rodeada pelo mar e pelo sol, quase consegui esquecer as fotos do Star e a demissão.

Em algum momento entre o prato principal e a sobremesa, Vegas pediu licença para usar o banheiro e voltou com uma pasta preta fina na mão.

– Guarde isso – falei, cutucando seu pé com o meu por baixo da mesa. – Nada de trabalho durante as refeições, lembra?

– Não é trabalho no sentido tradicional. É um presente. - Os olhos dele se iluminaram com um sorriso quando eu me animei feito um cachorro quando ouve a palavra passear.

– Um presente? Para mim?

– Você disse que estava tendo bloqueios criativos, então fiz algumas pesquisas e elaborei uma lista de maneiras de superar esse problema. – Ele me entregou a pasta. – Confirmei com vários neurocientistas que esses métodos são confiáveis em termos científicos. - Quase me engasguei com meu suco fresco de toranja.

– Você consultou uma equipe de neurocientistas sobre o meu bloqueio? - Ele deu de ombros.

– Eu doo uma quantia significativa para diversas organizações científicas todo ano, então eles não se importam em atender a alguns de meus pedidos mais pessoais.

Abri a pasta e examinei as sugestões. A maior parte era de conselhos que eu já conhecia de pesquisar na internet. Meditar, reservar um período todos os dias para brincadeiras criativas, usar a técnica Pomodoro e assim por diante. Havia alguns que nunca tinha visto antes, mas não faria a menor diferença se Vegas tivesse me entregado uma pilha de panfletos sobre aulas introdutórias de ioga.

Ele havia dedicado tempo para pesquisar soluções e consultar neurocientistas, pelo amor de Deus. Meus ex-namorados achavam que estavam me fazendo um favor quando compravam pizza a caminho damminha casa.

A última vez que alguém fizera algo tão atencioso sem esperar nada em troca foi quando certo bilionário me mostrou o cômodo secreto de sua família e o ofereceu como espaço para escrever.

Senti um nó na garganta. Abaixei a cabeça e pisquei para conter uma lágrima constrangedora. A última coisa que eu queria era começar a chorar em cima do meu prato de arroz e caranguejo. Já tinha chorado uma vez na frente de Vegas aquela semana; duas seria demais.

Um Rei Teimoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora