Capítulo 30

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PETE

EU ME ESCONDI EM MEU APARTAMENTO e ignorei todos os e-mails, ligações e mensagens por dois dias inteiros. Eram todos incansáveis: minha família, meus amigos, a mídia. Alguns tinham boas intenções, outros nem tanto. Independentemente do caso, eu não conseguia reunir energia para enfrentar nenhum deles.

Os únicos contatos que fiz com o mundo exterior foram por conta do meu trabalho com Porchay, que felizmente manteve nossa relação profissional e não perguntou sobre as matérias do National Star. Após a revelação da minha identidade, o tabloide continuou a publicar artigos e rumores, a maioria deles mentiras descaradas.

Havia frequentado uma clínica de reabilitação por conta de um vício em cocaína (eu tinha feito trabalho voluntário lá durante a faculdade). Tinha dormido com empregadores anteriores para ser contratado (eles bem que queriam). Participara de uma orgia com um time inteiro de beisebol depois do campeonato mundial, alguns anos antes (trabalhei de garçonete durante a noite da comemoração e tomei uma rodada de bebidas com eles).

As alegações eram tão ridículas que eu as ignorava imediatamente. Se alguém fosse ingênuo o bastante para achar que eu tinha um filho secreto no Canadá concebido durante uma orgia, era problema da pessoa.

No entanto, as verdades eram muito mais difíceis de engolir.

Além de uma série de breves experiências como bartender e outros bicos de duração ainda mais curta, suas realizações são vergonhosamente poucas...

Herdeiro ou não, ele está longe de ser o seu tipo habitual, ou seja, ex- alunos da Ivy League.

Meu estômago estava tomado por náusea. Enfiei uma mão sob a coxa e balancei o joelho enquanto Vegas voltava da cozinha com duas canecas de chá.

Círculos escuros sombreavam seus olhos, e seu cabelo normalmente arrumado estava todo desgrenhado, como se ele tivesse passado os dedos pelos fios muitas vezes. A tensão marcava seus lábios e retesava seus ombros largos.

Senti um aperto no coração diante de seu óbvio cansaço.

Ele tinha voltado para Nova York naquela tarde e me mandara uma mensagem pedindo para nos vermos. Foi a primeira vez que nos falamos desde a última rodada de publicações do National Star, o que não era um bom presságio.

Aceitei o chá em silêncio. Vegas se sentou ao meu lado no sofá, as sobrancelhas franzidas.

– Como você está? – perguntou ele.

Uma onda constrangedora de emoção surgiu ao som de sua voz. Ele tinha passado menos de uma semana fora, mas parecia uma vida inteira.

– Estou bem. – Deixei escapar uma risada fraca. – Fiquei famoso enquanto você estava fora. A fama cobra seu preço. - Ele não sorriu com a minha tentativa idiota de fazer piada.

– Estou lidando com o Black O Star vai se retratar pelas histórias que inventou. - Meu humor forçado acabou.

– Mas não pela que fala da minha família – respondi calmamente. – Aquela é verdadeira. - Um músculo se contraiu na mandíbula dele.

– Não. Aquela não. – Ele colocou a caneca na mesa de centro e passou a mão pelo rosto. – Por que você não me contou?

– Porque eu... eu não sei. Mantive esse segredo por tanto tempo que nem passou pela minha cabeça dizer nada. Sei que parece bobo esconder, mas a minha família é extremamente reservada. Essa última semana deve ter sido a morte para eles. - Culpa e vergonha borbulharam em meu estômago. – Quando me mudei para Nova York, estava levando uma vida agitada e não queria que minhas atitudes prejudicassem a imagem da família. Se as pessoas soubessem quem eu era, eu estaria em todos os sites de fofoca. Também jurei que não ia usar o nome e o dinheiro da minha família para subir na vida, e não usei. Algumas pessoas podem me achar burro por não tirar proveito das coisas que tinha, mas eu não queria ser um desses garotos ricos que vivem do dinheiro dos pais sem fazer nada.

Um Rei Teimoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora