Capítulo 26

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VEGAS



NÃO FUI ATRÁS DE PETE depois que ele saiu. Meu instinto gritava para que eu fosse confortá-lo, mas a razão me deteve. Havia olhos demais sobre nós naquele momento; eu não queria correr o risco de comprometê-lo ainda mais naquela confusão.

Além disso, havia cerca de cem outras pessoas que eu precisava acalmar antes de poder me concentrar na minha vida pessoal.

Repórteres, membros do conselho, diretores da empresa, amigos e familiares... meu celular estava tocando sem parar desde que as fotos vazaram naquela manhã. Eu não era uma estrela de cinema ou do rock, mas ainda havia muita gente interessada na vida de pessoas ricas e escandalosas. E ainda mais se o escândalo afetasse o futuro de uma das maiores e mais famosas corporações do mundo.

– Onde você estava com a cabeça? – A fúria de minha mãe rugiu através da linha, sem se deixar intimidar pelos milhares de quilômetros que separavam Nova York e Londres. – Você entende o que fez? Faltam semanas para a votação. Isso pode arruinar tudo.

Uma enxaqueca tomou meu crânio e o apertou. Olhei pela janela da sala de conferências do Paradizco, meu estômago se revirando com um coquetel de emoções.

Eu não tinha dúvidas de que Victor Black estava por trás daquela confusão. O National Star era dele, e o desgraçado era mesquinho e vingativo o suficiente para ter mandado alguém me seguir depois de eu ter ferido seu ego.

– São fotos inocentes – respondi. – E é o National Star. Ninguém leva o Star a sério. - Era a mesma desculpa de antes. Infelizmente, minha mãe não se deixava influenciar tão facilmente quanto Parker.

Inocentes seriam fotos suas lendo para crianças no Dia Mundial do Livro, não sassaricando por Nova York com aquele homem – respondeu minha mãe friamente. – Um bartender? Sério, Vegas? Arranjei alguém como Tawan para você e você preferiu um oportunista qualquer? Ele tem cabelo roxo, pelo amor de Deus. E tatuagens. - A raiva atropelou a vergonha, incinerando-a em uma explosão violenta.

– Não fale assim dele – pedi, minha voz letalmente baixa. Minha mãe ficou em silêncio por um instante.

– Não me diga que você se apaixonou por ele. – Uma pitada de escárnio ecoou em suas palavras.

Claro que não. A negativa estava na ponta da minha língua, mas não importava o quanto eu forçasse, não conseguia expressá-la.

Eu gostava de Pete. Não conseguia me lembrar de ninguém de quem gostasse mais. Mas havia uma diferença enorme entre gostar e estar apaixonado. Gostar era seguro, sem surpresas. Se apaixonar era uma queda, abrupta e potencialmente fatal, do alto de um penhasco, e eu não estava pronto para dar aquele salto.

Eu não sabia como categorizar meus sentimentos por Pete. Tudo que eu sabia era que a ideia de nunca mais vê-la era como uma lâmina serrilhada cortando meu peito.

– Ainda podemos dar um jeito nisso. Como você disse, é o Star. – Minha mãe mudou de assunto, sem insistir na questão da Pete, provavelmente porque tinha medo de receber uma resposta de que não fosse gostar. – Insista na falta de credibilidade deles. Tranquilize o conselho. E, pelo amor de Deus, pare de sair com aquele homem.

Apertei o celular com mais força.

– Eu não vou terminar com ele.

Os últimos meses tinham sido um pesadelo. Pete era a única coisa positiva na minha vida naquele momento. Se eu me afastasse dele ... Merda. Afrouxei a gravata, tentando aliviar a pressão repentina no peito.

Um Rei Teimoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora